BRASÍLIA, RIO E SÃO PAULO – A Polícia Federal (PF) cumpre, na manhã desta quarta-feira, 29 mandados de busca e apreensão no inquérito do Supremo Tribunal Federal (STF) que apura fake news e ataques contra ministros da Corte. Entre os alvos estão o ex-deputado federal Roberto Jefferson (PTB-RJ), o blogueiro Alllan dos Santos, o empresário Luciano Hang, a ativista Sara Winter e apoiadores do presidente Jair Bolsonaro.
NENHUM jornalista perguntou-me se a LIBERDADE DE EXPRESSÃO ou a LIBERDADE DE IMPRENSA foram violadas. NENHUM.
— Allan dos Santos – opovonopoder.com.br (@allantercalivre) May 27, 2020
Estão sendo cumpridos 29 mandados de busca e apreensão no âmbito do procedimento, presidido pelo ministro Alexandre de Moraes. As ordens judiciais estão sendo cumpridas no Distrito Federal, no Rio de Janeiro, em São Paulo, no Mato Grosso, no Paraná e em Santa Catarina.
https://twitter.com/nikolas_dm/status/1265663868422012936
A PF fez buscas em dois endereços de Hang em Brusque (SC) e um em Balneário Camboriú (SC). Já Roberto Jefferson recebeu a visita dos agentes em Petrópolis e em Comendador Levy Gasparin.
Carlos Bolsonaro: inquérito que apura fake news é ‘inconstitucional, político e ideológico’
A PF foi até a casa de Roberto Jefferson e no gabinete do deputado estadual Douglas Garcia (PSL-SP), na Assembleia Legislativa de São Paulo. São alvo os assessores de Garcia, Rodrigo Barbosa Ribeiro e Edson Pires Salomão.
????ABSURDO: Jornalista @allantercalivre foi entrevistado pela CNN Brasil. #CensuraDoSTF pic.twitter.com/Xy6hrh1WRR
— Jouberth Souza ???????? (@Jouberth19) May 27, 2020
Nas redes sociais, Jefferson compara o STF ao nazismo. Ele chama a decisão de apreender seus computadores e armas de “covarde, canalha e intimidatória”.
Ao tentar calar Allan dos Santos, Douglas Garcia, Bia Kicis e outros, o STF acha que tá mandando um recado tipo "Tenham medo de nós"
Mas sabe o que nós estamos ouvindo, STF?
"Vcs estão no caminho certo. Continuem!"
O STF fala grosso, mas tá com medo de moleques com celulares.
— oiluiz (@oiIuiz) May 27, 2020
“Com um mandado de busca e apreensão expedido contra mim por Alexandre de Moraes, STF, para apreender meus computadores e minhas armas. Atitude soez, covarde, canalha e intimidatória, determinada pelo mais desqualificado Ministro da Corte. Não calareil. CENSURA”, escreveu o ex-deputado.
Nas redes sociais, Garcia publicou um vídeo em que diz sofrer “perseguição no inquérito inconstitucional estabelecido pela ditatoga com o intuito de criminalizar a liberdade de expressão e a atividade parlamentar”.
Polícia Federal no meu gabinete: a perseguição do inquérito inconstitucional 4.781 estabelecido pela ditatoga com o intuito de criminalizar a liberdade de expressão e a atividade parlamentar. pic.twitter.com/IwP1jkFBow
— Douglas Garcia (@DouglasGarcia) May 27, 2020
O deputado, líder do Movimento Conservador, é alvo pela segunda vez. Desta vez, assessores de seu gabinete. Em dezembro do ano passado, foram apreendidos notebook e celular na casa de Edson Salomão, chefe de gabinete de Garcia, também depois de mandato expedido pelo ministro Alexandre de Moraes.
A suspeita é que mensagens de ódio e fake news tenham saído de computadores instalados no gabinete do deputado, na Assembleia Legislativa de São Paulo.
Os investigadores apuram se Garcia é um dos braços do chamado “gabinete do ódio”, que funcionaria no Palácio do Planalto. Um dos IPs investigados eram da Prodesp, a companhia de dados do governo paulista. A suspeita é que mensagens com notícias falsas tenham partido do gabinete do deputado.
E ai, Ministros do STF? Vamos agir ou só vale pra outros casos? https://t.co/UqRp7DNeuF
— Carlos Bolsonaro (@CarlosBolsonaro) May 24, 2020
O blog “Terça Livre”, de Allan dos Santos, divulgou uma nota dizendo que a sede do site foi alvo da PF nesta manhã e apreendeu celulares e computadores do veículo e do blogueiro.
Os agentes da PF também fora até a casa da ativista Sara Wiinter. Ela é apoiadora do presidente Jair Bolsonaro e criadora do grupo “300 pelo Brasil”, que chegou a montar barracas na Esplanada e divulgar manifestos sugerindo o uso de táticas de guerrilha para “exterminar a esquerda” e “tomar o poder para o povo”. O nome é uma referência aos 300 de Esparta, filme baseado numa história em quadrinhos que conta a saga de três centenas de guerreiros espartanos que lutaram até à morte para defender seu território.
“A PF acaba de sair da minha casa. Bateram aqui às 6h da manhã a mando do Alexandre de Moraes. Levaram meu celular e notebook. Estou praticamente incomunicável! Moraes, seu covarde, você não vai me calar!”, escreveu Sara nas redes sociais.
So the Brazilian Supreme Court sent police to the house of popular right-wing journalist @allantercalivre. They aimed their guns at his face before they searched his house and confiscated all his phones and computers. All because he is critical of the Supreme Court & Parliament https://t.co/q4carxzyA8
— BasedPoland (@BasedPoland) May 27, 2020
Também são alvo da investigação Winston Rodriges Lima, conhecido como Comandante Winston, militar reformado da Marinha, candidato a deputado distrital em 2018 e coordenador de manifestações pró-Bolsonaro; Marcelo Stachin, militante bolsonarista que participou de manifestação de apoio ao presidente em Brasília e Bernardo Kuster, youtuber com 862 mil inscritos que costuma elogiar Bolsonaro e atacar adversários e a imprensa
Faço a mesma pergunta https://t.co/rPwbnRP1Pl
— Mauro Fagundes (@maurofagundess) May 27, 2020
Aberto em março do ano passado por ordem do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, o inquérito é tocado por Moraes. Já houve ordens de busca e apreensão contra supostos autores de fake news e de ofensas a autoridades públicas. Estão na mira do inquérito aberto no ano passado deputados bolsonaristas e outros aliados do presidente.
Como falei na live c @BolsonaroSP semana passada, a tirania do Foro de SP 2.0 (Consórcio NE) é coordenada e ninguém estava atento. Já aprovaram leis em vários lugares e começarão a perseguição. BA inclusive c voto de parlamentar “bolsonarista”. Teremos tirania em todos os níveis. pic.twitter.com/8QxG03gdUZ
— Alexandre Aleluia (@AlexAleluia) May 27, 2020
O inquérito foi aberto por meio de portaria, e não a pedido da Procuradoria Geral da República (PGR), como é a praxe. Apesar de incomum, a situação está prevista no Regimento Interno do Supremo. A relatoria do inquérito ficou por conta do ministro Alexandre de Moraes, por designação de Toffoli.
Investigados por fake news e ataques ao STF reagem à corte e miram Alexandre de Moraes https://t.co/EApeyLPRDF
— Folha de S.Paulo (@folha) May 27, 2020
Deputados bolsonaristas investigados
Seis deputados federais bolsonaristas são investigados no STF no inquérito que apura fake news e ameaças contra ministros da Corte. São eles: Bia Kicis, Carla Zambelli, Daniel Silveira, Filipe Barros, Cabo Junio Amaral e Luiz Philippe de Orléans e Bragança. Todos os seis ainda estão filiados ao PSL.
Também são investigados dois deputados estaduais de São Paulo, Douglas Garcia (PSL) e Gil Diniz (PSL). Moraes não determinou busca e apreensão contra eles. No caso de Garcia, porém, a PF está em seu gabinete porque dois assessores são alvos dos mandados.
Estou aqui na Alesp, próximo aos policiais federais e não há nenhum mandado de busca contra mim e nenhuma intimação nesse momento.
Ou seja, vazaram informações do Inquérito Ilegal do STF e vários jornalistas estão criando Fake News!
Alexandre de Moraes tenta nos intimidar!
— Gil Diniz (@carteiroreaca) May 27, 2020
Diniz foi funcionário do gabinete do Eduardo Bolsonaro e é o atual líder do PSL na Assembleia de SP. Antes, foi funcionário dos Correios e ganhou notoriedade com o perfil “Carteiro Reaça” Teve apoio do presidente Jair Bolsonaro e de Eduardo Bolsonaro na campanha e foi eleito com 214.037 votos.
E como sempre as redes sociais reagiram imediatamente.
Link original da matéria:
https://oglobo.globo.com/brasil/operacao-da-pf-mira-roberto-jefferson-blogueiro-empresario-luciano-hang-em-inquerito-contra-fake-news-24447899
2 Comentários
Caraca! Até que enfim os juízes do Supremo acordaram! Nunca vi, na minha vida, um bando de salafrário chamar juiz de filho da puta, ameaçar de fechar o Supremo cum um cachorrinho e um soldado e, os juízes ficarem caladinhos, caladinhos. Até que enfim!
Até que enfim…mesmo!