O embaixador da África do Sul no Brasil, Vusi Mavimbela, estará em Salvador na véspera do Dia da Consciência Negra, dias 18 a 22 de novembro, a convite do Olodum. O Portal 7Minutos em pesquisa busca mais informações sobre este grade  personagem respeitabilíssimo na Àfrica do Sul.

Três notícias importantes no início deste mês tiveram uma relevância extraordinária para Time Is Not The Measure , a autobiografia épica do ex-soldado Umkhonto we Sizwe (MK) e posteriormente funcionário público e diplomata Vusi Mavimbela.

Em 6 de abril, SA comemorou o 42º aniversário da morte de Solomon Mahlangu por execução pelo estado do apartheid em 1979.

Se ele tivesse sobrevivido, Mahlangu teria completado 65 anos neste ano. Este abril também marcou o 10º aniversário do assassinato do ativista da comunidade Free State Andries Tatane pela polícia durante um protesto de entrega de serviço em Ficksburg.

Também neste mês, o ex-presidente Jacob Zuma foi condenado pelo Tribunal Constitucional a sugerir uma sentença adequada para si mesmo por minar a convocação para testemunhar na comissão de Zondo para a captura do estado.

Como esses eventos são importantes para as memórias de Mavimbela?

Em primeiro lugar, a brutalidade infligida a Tatane pela polícia em plena luz do dia tem semelhanças com as execuções extrajudiciais sob o apartheid, que levou o autor ao exílio em 1976, abandonando seus estudos na Universidade de Zululândia.

O governo do apartheid foi sustentado pela sua extensa segurança do Estado e maquinaria de aplicação da lei, uma realidade que trouxe inquietação a Mavimbela e aos seus camaradas exilados em Moçambique e Angola.

Esse medo da brutalidade do apartheid não escapou de seus pensamentos, mesmo durante suas viagens ao exterior, como pode ser visto em sua primeira visita aos Estados Unidos. Passando pela alfândega no JFK International em Nova York, Mavimbela se perguntou se os agentes do estado da SA iriam atacar e levá-lo secretamente de volta para a SA.

Seu medo não era rebuscado, pois os agentes dos Serviços de Inteligência Nacional visitaram sua família com fotos, mostrando Vusi falando ao público durante sua viagem aos Estados Unidos. Foi a primeira vez que a família viu as fotos de um Vusi adulto desde que ele deixou o país ainda estudante. A alegria deles foi o efeito oposto ao que os agentes da polícia secreta pretendiam, que era intimidar a família a revelar qualquer informação sobre a vida do filho no exílio.

Quanto a Mahlangu, que conheceu pela primeira vez em Moçambique depois de os dois ali terem chegado por caminhos diferentes, Mavimbela narra a história de um jovem pensativo que não tinha tempo para actividades frívolas.

Ele era diferente de seus homeboys dos Mamelodi Thomas Masuku e Stephen Nkosi com quem chegou ao exílio, a dupla dada a brincadeiras e jogos. Mahlangu criticou o atraso do ANC em travar uma guerra total contra o apartheid SA, indicando que não estava preparado para esperar muito para pegar em armas contra o regime racista.

A admiração de Mavimbela por ele era tão profunda que ele chamou seu primeiro filho de Kalushi, nome pelo qual Mahlangu também era conhecido, embora a criança nascida na Zâmbia fosse uma menina. A mãe da criança era exilada Mpho de Soweto, e como o casal, agora casado, estava ocupado com seu trabalho político, eles acabaram executando um plano ousado de contrabandear Kalushi, de 18 meses, para a África do Sul, a ser criada em Vryheid por Mavimbela família.

Também em Moçambique, o primeiro oficial sênior do ANC, Mavimbela, e seu grupo de recém-chegados no exílio se encontrariam foi Zuma. Explicando os cortes tribais do rosto de Zuma e seu estilo de vestir, Mavimbela descreve seu futuro chefe no governo da África do Sul assim:

“Era uma justaposição curiosa: a escarificação e a cara modernidade de seu traje.” Enquanto o resto dos caras ficaram impressionados com a “modéstia”

de Zuma depois que ele sugeriu que se sentaria no chão para falar com eles, pois não havia lugares suficientes para todos, Kalushi não conteve sua munição verbal, perguntando a Zuma por que o ANC estava demorando tanto para voltar a lutar no SA.

Time Is Not The Measure saiu pela primeira vez como um volume colossal em 2019 e a última edição é a versão resumida, embora ainda espessa, voltada para leitores mais jovens. Parece um trem expresso percorrendo o mundo, da cidade natal de Mavimbela, Vryheid, a Maputo, campos de MK em Novo Catangue, Moscou e Potsdam, onde Mavimbela fez estudos de ciência política e treinamento em inteligência, e Nova York, onde ele admite ter passado muito tempo de sua vida no exílio.

A música jazz, embora ouvida para se divertir, era uma ferramenta poderosa para a educação política e a busca intelectual. Portanto, colecionar LPs de jazz desempenhou um papel importante em sua vida de estudante, uma atividade que foi ainda mais aguçada por uma onda de meninos Joburg que chegaram à Vryheid High no início dos anos 1970.

Recordando o prazer da estada de vários meses na Big Apple, Mavimbela volta-se para os locais de jazz, principalmente bares, que visitou para se entregar ao amor pela forma de arte – e pela cerveja, claro!

O livro discute diversos tópicos da vida, incluindo história e cultura, viagens e questões internacionais, amor e laços familiares e política e governança. Por meio deste último, ele oferece uma análise reveladora sobre as falhas da SA sob Thabo Mbeki e, posteriormente, Zuma.

By: TUMO MOKONE –

Link original da atualização:
https://www.sowetanlive.co.za/good-life/2021-04-23-the-measure-takes-you-on-mavimbelas-journey-in-exile/