Fim do Fiat Uno:
Entenda o que significa para a indústria automotiva
A Fiat anunciou, no fim de 2021, o fim da produção do Uno no Brasil.

Com 37 anos de história o carro vendeu, de acordo com a montadora, 4.379.356.
Famoso por ser um carro barato e econômico, ele era
conhecido por ser o carro da firma. Quem nunca viu um Uno com uma
escada em cima rodando pela cidade?
Mais do que um carro que terá sua produção encerrada, para
especialistas no setor automotivo o fim do Uno representa uma mudança
que vem se consolidando no mercado há anos: não há mais espaço para os
carros pequenos.
“Suverização” do mercado
Para se ter uma ideia de como o perfil de modelos de carros adquiridos
pelos consumidores mudou, de acordo com a Federação Nacional de
Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) o Jeep Renegade foi o
terceiro carro mais vendido em 2021 com 73.913 unidades. Já a última
geração do Uno não consta nem na lista dos 20 primeiros.
O diretor da VC One Flavio Vasques acredita que o mercado de veículos
hoje esteja passando por uma priorização das SUV, carros maiores, mais
seguros e confortáveis, o que ele chama de “suveirização” e que os
carros mais antigos vão sofrer mais para se adaptar às normas de
segurança cada vez mais exigentes.
“A substituição dos veículos quarentões, como o Uno, que a cada ano
custam mais para se adaptar às normas de segurança e de poluentes é a
tendência. O foco agora é produção de carro de pessoa física e não de
firma e as SUV arredondadas e com plataforma global acaba sendo uma
opção melhor”, diz.
Valor de revenda
Outro ponto que sempre é motivo de atenção para quem quer adquirir um
carro novo é o seu potencial de revenda. Foi-se o tempo em que os
carros mais baratos e sem opcionais eram bons negócios nesse sentido.
Para o CEO da Papa Recall, aplicativo de organização de frotas
veiculares, o mercado hoje está em um patamar superior para quem quer
negociar o carro depois de vários anos de uso.
“Quando o carro popular tinha que custar até US$ 7.200, o proprietário
de um Uno Mille básico sabia que andava em cima de um cheque, pois
aquele carro tinha um alto valor de revenda. Hoje, o cheque não é mais
usado e o carro “pé duro” também não. É insuficiente um carro ter
apenas ar condicionado e trio elétrico, com alarme, vidro e travas,
para ser bom de revenda. O ideal é ter câmera de ré, sensores de
estacionamento e central multimídia com conexão ao smartphone entre
outros opcionais”, acredita.
