“É Muito Forte Poder Se Ver”
Um Ano Inesquecível Exalta Protagonismo Negro.
A sequência de quatro filmes de Um Ano Inesquecível estreia em 2 de junho e terá um filme no Prime Video a cada sexta-feira do mês

As estações do ano terão um significado um pouco diferente a partir da próxima sexta-feira (2/6). Na data, o primeiro filme da sequência Um Ano Inesquecível, Verão, chega ao Prime Video com a história de Inha, uma jovem que sonha em ser estilista. Mas não para por aí! A cada sexta, um novo título estreia no serviço: Outono (9/6), Inverno (16/6) e Primavera (23/6).
Os longas são inspirados no livro homônimo assinado por Babi Dewet, Bruna Vieira, Paula Pimenta e Thalita Rebouças e contam as desventuras de quatro jovens mulheres, que se conectam pela leveza, histórias de amor e busca pelos sonhos. Embora trabalhe com adversidades, os longas tentam colocar as pessoas em um lugar de esperança.
“O filme para o público jovem precisa mostrar essa dificuldade, mas a mensagem precisa ser ‘é possível’. [Ele] traz questões dessa juventude atual, de forma que a cabeça vai na nuvem, mas com pé no chão”, analisa Michel Joelsas, que interpreta Ben em Inverno.
A ideia de entregar esperança é comum para o elenco dos chamados “livros cor-de-rosa”, que permitem que as pessoas se desliguem um pouco da realidade. A atriz Letícia Spiller, que vive a mãe da protagonista de Inverno, defende a necessidade de produções mais leves. “Fazer um filme leve, mas com questões importantes de serem vistas, é uma honra, uma alegria”, garante.
Protagonismo negro
Outono e Primavera apostam em histórias ligadas à música e ao desenho, respectivamente, mas entregam algo a mais em comum: representatividade para pessoas negras. Em ambas produções, os protagonistas são negros e revelam diferentes situações pelas quais eles passam apenas pela cor da pele. Mas também mostram que é possível ir muito além do que se pode esperar.
Assim como muitas crianças negras se identificaram com a Pequena Sereia de Halle Bailey, Lucas Leto, que vive João Paulo em Outono, se encontrou em um personagem negro nas telas. Para o ator, protagonistas negros são exemplos de representação.
“A força da imagem é muito transformadora. Lembro pequeno de ver uma novela que a Taís Araújo fazia e o filho dela era o Sérgio Malheiros. E assistindo aquela novela (Da Cor do Pecado), pensei ‘nossa, eu posso fazer isso também’. É muito forte você se ver, porque passa a enxergar uma possibilidade ali”, garante o profissional.
Quem também acredita no impacto que a presença de pessoas negras nas telas pode provocar é Ronald Sotto, o protagonista Davi, par romântico de Jasmine em Primavera. “Acredito que meus sobrinhos, meus primos, que verem isso, vão acreditar mais que duas pessoas pretas podem se amar. A gente quebra muito o tabu de ver preto exercendo sempre o mesmo personagem, sempre exercendo violência. Vai ser referência pra muita gente”, avalia o ator.

Ele compartilha ainda que quando leu o livro para se preparar para o teste, imaginou Davi como um homem branco. “A gente está muito acostumado com isso. Você idealiza que vai ser um cara branco para se relacionar com a menina preta porque cai sempre nesse lugar. O mocinho, o cara inteligente, é um cara branco. Davi ser um monitor de matemática [preto] quebra todos os estereótipos que a sociedade está acostumada a ver.”
Outra personagem imaginada como branca é Anna Júlia, vivida por Gabz em Outono. No livro, ela é bem diferente do filme, um pedido da escritora Babi Dewet que revelou diferentes camadas da vivência de uma jovem negra. “A gente vê no processo o quanto ela ser uma menina negra não muda só o penteado ou a cor dela, mas toda essa bagagem, porque a racialidade não precisa só ser retratada quando a gente fala de racismo, ela faz parte da nossa identidade de diversas formas”, relata.
Ela ressalta ainda que a história mostra a possibilidade de uma negra se colocar inteira nas situações, assim como ela viu com o tempo. “Eu também sinto isso enquanto atriz. Eu posso estar inteira para realizar meus projetos.”