Política
Reforma não é a que governo queria, mas será aprovada, diz Lula
Presidente afirma que texto da tributária foi “negociado por todos”; “não é o que eu desejo, mas tudo bem”, declarou

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que a proposta de reforma tributária que deve ser votada pela Câmara nesta 5ª feira (6.jul.2023) não será a que ele ou o ministro Fernando Haddad (Fazenda) gostariam, mas é fruto de um texto
negociado por todos.
Não é o que cada um de vocês deseja, não é o que o Haddad deseja,
não é o que eu desejo,
mas tudo bem. Nós não somos senhores da razão,
disse Lula durante reunião do CNDI (Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial).
Foi o 1º encontro do colegiado em 7 anos.
Lula afirmou que, apesar de divergências ideológicas, é preciso respeitar as forças eleitas para o Congresso Nacional e que contribuíram para a elaboração do texto.
Os deputados que estão lá, bem ou mal, foram escolhidos pela sociedade brasileira.
Portanto, merecem tanto respeito quanto eu acho que eu e o Alckmin merecemos.
Então ao em vez de de chorar o que a gente não tem, nós temos que conversar com o que a gente tem, afirmou.
O presidente destacou ainda que a aprovação da proposta marcará a 1ª vez em que uma reforma tributária é realizada no Brasil sob um regime democrático.
Segundo Lula, as mudanças anteriores só eram possíveis pela pressão exercida na ditadura.
A última que nós tivemos foi no regime militar, porque a reforma tributária só se faz em regime autoritário, quando o governo banca.
E nós estamos fazendo isso num regime democrático, negociando com todo mundo, e ela vai ser aprovada, afirmou.
A reunião estava marcada para às 11h, no Palácio do Planalto, mas atrasou cerca de meia hora.
Antes, Lula conversou com o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin.
Um dos principais temas citados pelos presentes foi a taxa básica de juros, que está em 13,75%.
Os ministros da Casa Civil, Rui Costa, da Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, o presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria), Robson Andrade, e da CUT (Central Única dos Trabalhadores), Sérgio Nobre, criticaram a atuação do Banco Central. O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, foi um dos mais duros no discurso.
Disse que o Brasil gastou R$ 297 bilhões com a dívida pública de janeiro a maio de 2023 por conta dos juros altos.
Nós precisamos reduzir os juros, o Senado tem que fazer esse debate com transparência.
Essa ideia de que ninguém pode discutir a taxa de juros não é um valor democrático.
O Brasil está pronto para crescer.
O Brasil é. Um cavalo, que está na pista, e o jóquei está segurando a rédea e não deixa o Brasil crescer, disse.
Além do Ministério da Indústria, responsável por presidir o conselho, outras 19 pastas integram o grupo. O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e 21 instituições da sociedade civil também fazem parte.
Leia a lista de participantes do CNDI.
Em comunicado, o Palácio do Planalto disse que o objetivo do conselho será
a retomada das políticas industriais, de inovação e de fomento de inserção internacional qualificada mais competitiva,
superando atrasos produtivos e tecnológicos. Há 100 convidados no total. Além de Lula e Alckmin, participaram os ministros Rui Costa (Casa Civil), José Múcio (Defesa), Mauro Vieira (Relações Exteriores), Camilo Santana (Educação), Luiz Marinho (Trabalho), Nísia Trindade (Saúde), Simone Tebet (Planejamento), Ester Dweck (Gestão e Inovação), Juscelino Filho (Comunicações), Marina Silva (Meio Ambiente) e Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário).
Leia a íntegra dos presentes da reunião do conselho (461 KB).