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Novos Ataques, Confira.

Rússia Ataca Porto Ucraniano No Rio Danúbio e Anuncia Exercícios Militares No Mar Báltico.

Última rota para a exportação marítima ucraniana após o rompimento de acordo no Mar Negro, ataques miraram instalações próximas à fronteira com a Romênia.

A Rússia realizou um ataque com drones nesta quarta-feira contra um importante porto ucraniano no rio Danúbio, perto da fronteira com a Romênia, danificando quase 40 mil toneladas de cereais destinados para a exportação e afetando os preços internacionais de alimentos. O rio Danúbio é a última rota de exportação marítima que restou para Kiev após a revogação do Acordo de Grãos em julho e a tomada subsequente do Mar Negro pela Marinha russa.

Além do ataque no porto, a capital ucraniana, Kiev, foi alvo de um ataque de 10 drones Shahed, feitos no Irã, que não deixou feridos. Todos foram neutralizados e os únicos impactos foram provocados pelos destroços dos equipamentos, segundo o chefe do comando militar da capital. Paralelamente às ações desta quarta-feira, Moscou anunciou que dará início a exercícios militares no Mar Báltico, cercado por nações que integram a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

“Os russos atacaram armazéns e silos de grãos, danificando assim quase 40.000 toneladas de cereais esperados por países africanos, China e Israel”, disse o ministro de Infraestruturas da Ucrânia, Oleksandr Kubrakov, no Telegram.

O ataque também danificou um tanque de combustível e prédios administrativos na região de Odessa, no sudoeste da Ucrânia, informou a Promotoria ucraniana. Autoridades do governo e do setor familiarizados com o assunto disseram à Bloomberg que os drones atingiram Izmail, um dos maiores terminais fluviais ucranianos.

“Os terroristas russos novamente atacaram portos, grãos e a segurança alimentar global”, afirmou o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, no Telegram depois dos ataques. “O mundo precisa reagir. Quando os portos civis são alvos, quando os terroristas destroem deliberadamente até mesmo silos, isso é uma ameaça para todos em todos os continentes.”

O Danúbio é nossa porta de entrada marítima para a Europa e o mundo — afirmou Stanislav Zinchenko, CEO da GMK, think tank econômico com sede em Kiev, em uma entrevista. — Os portos fluviais são agora tão essenciais para a economia de exportação estrangulada da Ucrânia — disse ele, que o impacto de perdê-los é “difícil de calcular”.

Maior rio da União Europeia em comprimento e volume, o Danúbio nasce na Floresta Negra da Alemanha e flui para o sudeste atravessando a Europa Central e Oriental. O curso de sua água conecta a Ucrânia ao mar e a outras oito nações europeias. Embora seus portos não fossem tão utilizados por Kiev antes da invasão russa, nos últimos meses eles foram responsáveis por um terço das exportações agrícolas ucranianas.

O ataque aconteceu um dia depois que Moscou foi alvo da segunda investida de drones em dois dias, ação pela qual a Ucrânia não assumiu a autoria, mas atraiu reação ocidental, com aliados de Kiev alertando o país de que não devem usar equipamentos enviados por países da União Europeia para atacar o território russo.

Os ataques aos portos e silos da Ucrânia provocaram um movimento de alta nos preços mundiais de alimentos. O trigo negociado em Chicago teve alta de 4% nesta quarta. Já os preços do milho subiram mais de 2%, enquanto os preços do óleo de sojasubiram 0,3% na Bolsa de Chicago.

Guerra naval

Moscou intensificou os ataques aos portos do Danúbio desde que saiu, há duas semanas, do Acordo de Grãos, que permitia a Ucrânia exportar commodities agrícolas pelo Mar Negro diante da ameaça de uma crise alimentar global no ano passado. Desde então, qualquer navio estrangeiro que se atrever a navegar pela região poderá ser considerado uma embarcação de guerra, ameaçou o Kremlin na época.

O presidente russo, Vladimir Putin, defendeu a saída do acordo do Mar Negro culpando os países ocidentais pela crise global de alimentos e acusando-os de “obstruir” as exportações agrícolas da Rússia com sanções econômicas — apesar dos recordes nos volumes da produção de trigo e da exportação de fertilizantes ter se recuperado aos níveis anteriores à guerra.

Nesta quarta, Putin pediu o apoio do homólogo turco, Recep Tayyip Erdogan, para exportar os grãos do país e evitar as sanções ocidentais.

“Levando em consideração as necessidades alimentares dos países que mais precisam, estamos desenvolvendo opções para permitir a entrega de grãos russos (…) Há um desejo de cooperar nesta área com a Turquia [país que mediou o acordo de grãos]”, afirmou o Kremlin em um comunicado que resume o conteúdo de uma conversa entre Putin e Erdogan.

O conflito marítimo elevou o preço dos contratos futuros de trigo e de milho negociados no mercado global, atingindo especialmente nações em desenvolvimento na África e na Ásia. O presidente da Romênia, Klaus Iohannis, condenou os ataques como um “crime de guerra”, dizendo que eles prejudicam o fornecimento de alimentos para os mais necessitados do mundo.

O ministro das Relações Exteriores da África do Sul, Naledi Pandor, disse na terça-feira que o país tentava persuadir a Rússia a voltar às negociações sobre o acordo. Seu homólogo japonês, Yoshimasa Hayashi, afirmou que o Japão “lamenta” o fim da iniciativa de grãos por parte da Rússia e espera trabalhar para que ela seja retomada.

Apesar dos apelos, as tensões vêm escalando rapidamente na costa sul da Ucrânia. Na manhã de terça-feira, o Ministério da Defesa da Rússia informou que dois de seus navios de patrulha — o Serhiy Kotov e o Vasily Bykov — foram atacados por drones navais ucranianos durante a noite. Segundo o Kremlin, os dispositivos foram interceptados a tempo.

Os militares ucranianos não comentaram a alegação russa. A Ucrânia tem uma frota cada vez maior de barcos de ataque não tripulados e tem repetidamente atacado navios de guerra russos. Kiev têm instado a comunidade internacional a acabar com o que chama de tirania russa no mar.

Operações no Mar Báltico

A Rússia ainda anunciou nesta quarta que dará início a exercícios militares no Mar Báltico, cercado por membros da Otan: Alemanha, Polônia, Dinamarca, Estônia, Letônia, Lituânia, Finlândia e Suécia, cuja entrada na aliança militar está em processo final de aprovação. De acordo com o Kremlin, 50 navios e dezenas de aeronaves serão mobilizados.

“Os exercícios Sea Shield 2023 começaram no Mar Báltico”, disse o Ministério da Defesa em comunicado divulgado no Telegram.

Segundo o texto, os exercícios buscam “verificar a prontidão das forças navais para proteger os interesses nacionais da Rússia” em uma área de importância operacional. Ao todo, 30 navios de guerra, 20 navios de abastecimento, 30 aeronaves e 6 mil soldados serão enviados para a região.

Desde que a Rússia lançou sua ofensiva na Ucrânia, os países bálticos cerraram fileiras contra Moscou. No ano passado, a Federação Russa perdeu gasodutos estratégicos no Mar Báltico, que ligavam seu território à Alemanha, após explosões de origem misteriosa destruírem a infraestrutura. Em resposta, a Europa decidiu cortar sua dependência dos hidrocarbonetos russos para sancionar o país.

https://www.youtube.com/watch?v=YfBOIAxZUxs
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  • Rosiane Stephanie

    Rosiane é editora de conteúdo de várias editorias no portal 7Minutos.

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