Opinião Festança
A sutil arte da influência:
Como a parceria entre juízes e empresas em Goiás levanta questionamentos

Em uma madrugada introspectiva, me deparei com uma matéria intrigante no Poder360.
Revelando uma celebração opulenta de magistrados goianos, adornada com o brilho das empresas parceiras.
O que se desdobra é uma teia complexa que desafia nossa percepção sobre imparcialidade e justiça.
Na quietude da alvorada, às 6h02, meus olhos se fixaram em uma peça jornalística publicada no Poder360, sob um título que incita reflexão:
“Juízes de Goiás fazem festa e divulgam as empresas parceiras”.
Não pretendo, aqui, insinuar quaisquer juízos precipitados sobre estas parcerias empresariais, nem sobre os magistrados que se deleitaram em tal regozijo – um espetáculo que, pelas imagens, se assemelha a um banquete digno de monarcas, em um país onde a confiança no sistema judiciário balança precariamente na corda bamba da realidade social.
Antes de prosseguir, sugiro a leitura da matéria mencionada para uma compreensão mais aprofundada deste diálogo, clicando AQUI.
Ao considerar uma disputa legal contra corporações como UNIMED, EQUATORIAL SICOOB, PICPAY ou GAV RESORTS, pondero profundamente. A possibilidade de que tais litígios, especialmente em Goiás, possam acabar nas mãos de juízes associados à ASMEGO, instila em mim uma sensação de desvantagem flagrante.
No Brasil, a deusa Themis parece relegada aos saguões ornamentados dos tribunais, enquanto muitas decisões judiciais, embora respeitáveis, transpiram uma aura de injustiça para aqueles que as enfrentam. A pergunta que ressoa é: estamos apenas desperdiçando tempo e recursos?
Desde o início, minha intenção não é insinuar, mas a relação entre a ASMEGO, uma entidade privada com o nobre objetivo de “defender as garantias dos membros do Judiciário goiano”, e estas empresas, inevitavelmente levanta dúvidas sobre a integridade dos processos judiciais.
É a inquietação que fica, como uma pulga persistente atrás da orelha.
Desejo que a ASMEGO se torne um modelo para outras associações e sindicatos, promovendo a organização, o aumento de filiações e uma representatividade mais forte e coesa da classe trabalhadora.
Por fim, é legítimo que associações e sindicatos busquem patrocínios e publicidade para seus eventos. No entanto, a natureza destes patrocínios merece uma análise cuidadosa.
Em mais de uma década de experiência sindical, nunca testemunhei tais práticas, levantando questões sobre a interseção entre o corporativo e o judicial.
Por: Luiz Cláudio Cavalcante
Jornalista
Link original da matéria:
https://arenadenoticias.com.br/noticia/20097/a-sutil-arte-da-influencia-como-a-parceria-entre-juizes-e-empresas-em-goias-levanta-questionamentos
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