Opinião: J. R. Guzzo
A soberania do Brasil não tem nada a ver com a conduta individual de Moraes
Ministro terá nos Estados Unidos o que ele nega aos brasileiros perseguidos em seus inquéritos: o pleno direito de defesa, a proteção do processo legal e a segurança jurídica de que a lei será cumprida como ela é.

Há uma falsificação fundamental nas dissertações que nos são apresentadas em torno dos infortúnios do ministro Alexandre de Moraes na justiça americana.
A ideia geral, sustentada com indignação pelo governo, os comunicadores e a classe que reúne os “especialistas”, é que o ministro está sendo vítima de um ataque à soberania nacional.
Os fatos mostram uma realidade que não tem nada a ver com a versão oficial.
Em matéria de Alexandre de Moraes, a única vítima até hoje tem sido o Brasil – devastado, cada vez mais, por sua ação destrutiva contra a lei, os direitos individuais e a ordem pública.
Aqui se faz, aqui se paga – ou, pelo menos, há a possibilidade de se pagar, em sociedades que são governadas por leis, e não por delegacias de polícia política. Moraes fez.
Na verdade, fez o diabo, e na cara de todo o mundo.
Agora está na hora de pagar.
Não vai pagar aqui, porque aqui ele e o STF, que há pelo menos seis anos funciona para atender à suas exigências, destruíram o ordenamento legal.
Mas pode pagar nos Estados Unidos, uma democracia onde a lei ainda é cumprida e os condenados ainda são punidos.
A soberania do Brasil não tem nada a ver com a conduta individual de Moraes.
Por que haveria de ter?
Há um vasto número de brasileiros, embora nenhum magnata do regime Lula-STF, condenados no estrangeiro por delinquência contra as leis locais.
Ninguém acha, quando são castigados, que o país que aplica a sentença está agredindo a soberania brasileira, ou interferindo em nossos assuntos internos.
Não tem de ser diferente com Moraes.
Ele é acusado de violar as leis americanas.
Problema dele – e não do Brasil.
O ministro terá nos Estados Unidos o que ele nega aos brasileiros perseguidos em seus inquéritos:
o pleno direito de defesa, a proteção do processo legal e a segurança jurídica de que a lei será cumprida como ela é, e não de acordo com a vontade ou os interesses do juiz.
Se a acusação provar na justiça que Moraes violou a lei americana, ele será condenado e receberá sentença.
Se as acusações não forem comprovadas ele será absolvido.
É assim que as coisas funcionam lá.
Estão invertendo as faltas neste jogo.
Moraes não está sendo perseguido por ninguém; é ele quem persegue os outros e, pior, persegue sem provas, sem culpa e sem respeitar o que diz a lei.
“Não é possível dois ‘cidadões’ atacarem a soberania deste país”, disse o presidente Lula em sua contribuição para os debates – junto com a mediocridade rasa das notas do Itamaraty.
É o oposto.
Estão chocados com o encaminhamento na Câmara de Representantes de um PL que proibiria Moraes de entrar nos Estados Unidos.
É a soberania americana, certo?
Por: Opinião por J.R. Guzzo
Jornalista escreve semanalmente sobre o cenário político e econômico do País
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