Cel Marcelo Fernandes comenta:
Dia da Aviação de Caça, 22 de abril
Aviação de Caça no Brasil: Tradição, Evolução e os Desafios do Futuro

A importância do 22 de abril
O dia 22 de abril é comemorado no Brasil como o Dia da Aviação de Caça, uma data carregada de simbolismo e história.
Ela remonta a 22 de abril de 1945, durante a Segunda Guerra Mundial, quando os pilotos brasileiros do 1º Grupo de Aviação de Caça (1º GAvCa), operando sob comando aliado na Itália, realizaram o maior número de surtidas de combate em um único dia: 44 missões em menos de 24 horas contra alvos estratégicos nazistas.
Essa atuação exemplar consolidou a reputação dos “Senta a Pua!” como guerreiros habilidosos e corajosos, e marcou o início da tradição brasileira em aviação de caça moderna.
O papel da aviação de caça no Brasil
Desde então, a aviação de caça no Brasil tem sido um dos pilares da Força Aérea Brasileira (FAB), responsável por garantir a soberania do espaço aéreo nacional, responder a ameaças externas e atuar em apoio a operações conjuntas com o Exército e a Marinha.
A evolução tecnológica tem sido constante: dos P-47 Thunderbolt da Segunda Guerra aos Mirage III nos anos 70, passando pelos F-5 Tiger II, os A-1 AMX e, mais recentemente, os modernos F-39 Gripen E/F, fruto de uma parceria estratégica com a Suécia.
Desafios contemporâneos e futuros
Apesar dos avanços, a aviação de caça brasileira enfrenta desafios significativos.
O primeiro deles é a renovação da frota.
Embora o Gripen represente um salto tecnológico, sua integração plena ainda está em andamento.
O país precisa garantir continuidade no investimento, manutenção e treinamento das tripulações para que a frota alcance seu potencial máximo.
Outro desafio crescente é a integração de sistemas de inteligência artificial (IA) no processo decisório.
A IA permitirá operações mais rápidas, com maior consciência situacional, análise preditiva e coordenação entre aeronaves tripuladas e não tripuladas.
Para isso, será fundamental o desenvolvimento nacional de softwares, centros de comando e interoperabilidade digital com outros meios militares.
Nesse contexto, os drones de combate (UCAVs) e os chamados “loyal wingmen” — aeronaves não tripuladas que acompanham caças tripulados em missões — passam a integrar o futuro da aviação de caça.
Para algumas missões específicas, os drones de combate são fundamentais, pois permitem menor custo de operação e não expõem as tripulações ao inimigo, o que, afinal, é o maior ativo para a Aviação de Caça: os pilotos, escolhidos por sua preparação, coragem e senso de Dever com a Pátria.
O Brasil está ainda muito distante dos passos para integrar a aviação de caça com drones de combate, num cenário que se tem desenhado desde os anos 2000 e agora incrementado com a infame Guerra da Ucrânia.
É preciso dar passos largos nessa direção, com pesquisas conduzidas por empresas nacionais, o apoio das instituiçōes públicas e privadas de ensino e pesquisa, e principalmente, valorizando a Defesa Nacional no contexto dos orçamentos, na valorização profissional dos integrantes da Força Aérea Brasileira e na maior integração e manutenção de sensores e equipamentos pelo território nacional.
O Brasil possui uma dimensão de 22 milhões de Kilometros quadrados para ser defendido, controlado e monitorado.
O Brasil possui aproximadamente 16.885,7 quilômetros de fronteiras terrestres, divididos em 11 estados e 588 municípios.
Essas fronteiras terrestres são compartilhadas com 10 países vizinhos, incluindo Argentina, Bolívia, Paraguai, Uruguai, Peru, Colômbia, Venezuela, Guiana, Suriname e Guiana Francesa.
Com a quantidade atual de aeronaves e tripulações do acervo da Força Aérea Brasileira isso fica difícil.
A aviação de caça no Brasil nasceu em combate, cresceu com coragem e se moderniza com inteligência, mas é preciso investimento do Estado.
O 22 de abril celebra não apenas o passado heroico, mas também serve como marco para refletir sobre o presente e preparar o futuro.
Em um cenário geopolítico volátil e tecnologicamente dinâmico, investir em doutrina, ciência e inovação é o único caminho para que o Brasil mantenha sua soberania nos céus do século XXI.
Por Cel Carlos Marcelo Cardoso Fernandes
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