Pesquisa Denúncia agosto 2017
Quem são o pastor, a igreja e os fiéis evangélicos radicais com discurso de ódio no RJ
O grupo entoava um coro que dizia que o alcorão é o livro de ódio dos muçulmanos, manual de terror e pedofilia, e que os muçulmanos são assassinos de primeiro grau e terroristas.

Apos uma series de videos circularem no Whatsapp em novembro de 2019, a editoria do 7Minutos, resolveu fazer uma pesquisa sobre o assunto e o que foi encontrado, é extremamente irreal, e serve como alerta para que nossos filhos, irmãos , enfim todos que nos cercam fiquem atentos com o que esta bem escondido . enfim… é um alerta a família e aos brasileiros de bem .
A data encontrada foi de 20 DE AGOSTO DE 2017 .
“Uma espécie de deep web religiosa, espalhada por redes sociais, canais de vídeos e sites em português e em inglês, a fim de alcançar não só brasileiros, mas também radicais religiosos cristãos de outros países.”
Vídeos mal feitos, linguajar chulo, palavrões, queima de símbolos religiosos, maldições, interpretações duvidosas da Bíblia, discursos de ódio, oposição à sociedade e suas instituições, xenofobia, intolerância religiosa, homofobia, misoginia, essas são as bandeiras da Igreja Pentecostal Geração Jesus Cristo, que alicia evangélicos radicais no Rio de Janeiro, homens, mulheres e jovens – sob o comando de seu pastor e líder, Tupirani da Hora Lores, auto-proclamado “o último Elias”; segundo ele, o primeiro pastor preso pela ditadura democrática no Brasil.
O pequeno grupo, formado por cerca de 20 membros da igreja, causou indignação, no último sábado (12), ao fazer um ato xenófobo contra muçulmanos mo Arpuador, Rio de Janeiro. A manifestação ocorreu no mesmo dia em que cariocas promoveram um “esfihaço” em solidariedade ao sírio Mohamed Ali, que fora vítima de xenofobia dias antes, em Copacabana. O grupo entoava um coro que dizia que o alcorão é o livro de ódio dos muçulmanos, manual de terror e pedofilia, e que os muçulmanos são assassinos de primeiro grau e terroristas.
Pesquisamos a rede que alimenta e dissemina os discursos de Lores e seu séquito extremista, uma espécie de deep web religiosa, espalhada por redes sociais, canais de vídeos e sites em português e em inglês, a fim de alcançar não só brasileiros, mas também radicais religiosos cristãos de outros países.
O pastor e seus discípulos: histórico de polêmicas e condenações por intolerância religiosa
O pastor Tupirani da Hora Lores, de 51 anos, se proclamou “o último Elias”, com base na profecia de Malaquias 4:5, livro do Antigo Testamento:
“Eis que eu vos enviarei o profeta Elias, antes que venha o grande e terrível dia do Senhor”.
Seus discursos são sempre acalorados, enfáticos, enérgicos, palavras de ordem, orgulho de morrer por Cristo, trata todos como mártires e fala em ferir os infiéis, contrários ao que ele prega. Lores é mais um desses membros dissidentes de uma igreja evangélica, que sai e abre a própria igreja, com o discurso de que recebeu um chamado divino, uma missão. Esse discurso é comum a muitos pastores que fundam uma igreja, depois de passar anos no anonimato em outra igreja, sem uma história de sucesso.
Segundo o jornal EXTRA, em matéria de 2009, o pastor foi preso preventivamente – junto com seu fiel seguidor, Afonso Henrique Alves Lobato, de 26 anos à época – , por crimes de intolerância religiosa, injúria qualificada e incitação ao crime, após gravar vídeos ofensivos.
Os dois foram enquadrados no artigo 20 da lei 7.437, de 1985 (Lei Caó), que trata de preconceito contra raça, cor e religião, crimes inafiançáveis, com pena prevista de dois a cinco anos de prisão. Afonso e mais três jovens da mesma seita já haviam sido condenados por invadir e depredar um Centro Espírita, em 2008.
Segundo o site do jornal O Globo, Lores também foi o primeiro caso de condenação por intolerância religiosa no país, por pregações contra outras igrejas, pentecostais, judaicas, islâmicas e afro-brasileiras, em 2012.
O pastor não aceita outras denominações como igrejas de Cristo e afirma que pais-de-santo são homossexuais.
Desde então Lores passou a ser tratado por seus fiéis como “o primeiro pastor preso pela ditadura democrática no Brasil”, um mantra bastante divulgado por eles nas redes sociais.
A Igreja Pentecostal Geração Jesus Cristo e seus fiéis
Um site de página única conta a suposta história do polêmico pastor (leia aqui).
https://luizneneo4.wixsite.com/meusite/single-post/2017/06/19/Tupirani-da-Hora-Lores
Segundo o site, a Igreja Pentecostal Geração Jesus Cristo foi fundada por Lores, em 21 de Setembro de 1999, no bairro de Santo Cristo. Atualmente, a igreja se localiza no Morro do Pinto, zona portuária do Rio.
Lores diz ter recebido uma revelação de que Jesus voltará no terceiro milênio, no século XXI, no ano de 2070, conforme consta no site www.ogritodameianoite.webs.com.
Veja o vídeo abaixo.
Em um estudo (há vários estudos e várias “revelações divinas”), ele interpreta a passagem em que Jesus diz a Pedro que as portas do inferno não prevalecerão contra a igreja; segundo ele, as portas do inferno são qualquer organização fora da igreja, como a política e o congresso. Um dos slogans de sua igreja é “Bíblia sim, Constituição não!”, repetido cegamente por seus seguidores.
Em um vídeo, um seguidor chega a colocar fogo na Carta Magna.
Os cultos são sempre interrompidos para que um ou outro fiel possa profetizar para Loures. São sempre palavras de engrandecimento, de reverência, de otimismo e de certeza de que Deus o usará para ferir os infiéis; a igreja entra em êxtase.
A rede que alimenta e divulga os discursos de ódio do pastor Tupirani e de seus fiéis é uma verdadeira deep web religiosa; as informações muitas vezes são difíceis de serem encontradas. São milhares de estudos e vídeos espalhados por redes sociais, gravados por homens, mulheres e jovens. Os vídeos são sempre atacando outras religiões, igrejas e homossexuais; a linguagem é de baixo nível, com palavrões, xingamentos e maldições.
Sites
https://luizneneo4.wixsite.com/meusite/single-post/2017/06/19/Tupirani-da-Hora-Lores
www.ogritodameianoite.webs.com
Músicas
Há um uma playlist no Youtube com várias músicas compostas pelo próprio Lores, também com discursos de ódio contra igrejas pentecostais, contra muçulmanos, contra religiões afro-brasileiras, entre outros.
Estudos e ensinos
O pastor disponibiliza vários estudos escritos por ele, frutos de revelações que teria recebido de Deus. Servem como diretrizes para sua igreja e seu fiéis.
https://drive.google.com/drive/u/0/folders/0B1IqjvPFyzZwSE90X3p5Q04wZE0?tid=0B1IqjvPFyzZwSWhpQ1NoZGcwNjA
Redes Sociais
Youtube
Canal Última voz: 2561 vídeos
https://www.youtube.com/user/ultimavoz
Canal Centro de justiça: 1963 vídeos
https://www.youtube.com/user/centrodejustica/videos
Canal Mensagens de alerta: 563 vídeos
https://www.youtube.com/channel/UCwtKqeMSU_TZMBXBJlGzTEQ/videos
Canal Geração de mártires
https://www.youtube.com/channel/UCFKaD7pWHsGqQ6gQfGi69mQ
Discursos de ódio
“Quem não é intolerante religioso, não é cristão!”, diz um seguidor de Lores em um vídeo.
Relacionamos alguns vídeos com discursos de intolerância religiosa, xenofobia e homofobia dos fiéis do pastor Tupirani. As falas são estarrecedoras.
Bíblia sim, Constituição não. (Não sou maçon.) pic.twitter.com/ruIA1VX0pL
— Ivan Nunes (@ivannunes) August 29, 2015
Intolerância religiosa e xenofobia contra muçulmanos
Felizmente o You Tube removeu este vídeo por violar os termos de serviços do You Tube
Homofobia
Felizmente o You Tube removeu este vídeo por violar os termos de serviços do You Tube
Acompanhe nossa Coluna Igrejas!
https://ativismoprotestante.wordpress.com/category/igrejas/
Link original da matéria:
https://ativismoprotestante.wordpress.com/2017/08/20/denuncia-quem-sao-o-pastor-a-igreja-e-os-fieis-evangelicos-radicais-com-discurso-de-odio-no-rj/
Atualização 26 abril 2018
RIO DE JANEIRO
Confusão entre guardas municipais e religiosos deixa 11 feridos
Briga teria sido motivada por pichações na praia de Copacabana e no Parque Garota de Ipanema e envolveu grupo de 40 pessoas
Uma confusão entre religiosos e guardas municipais terminou com 11 pessoas feridas, na noite desta quarta (25), em Copacabana, na zona sul do Rio. As vítimas eram integrantes da Igreja Pentecostal Geração Jesus Cristo e tiveram ferimentos na cabeça, nas costas, nas pernas e nos braços, conforme informações da Agência Brasil. Todos foram atendidos no Hospital Municipal Miguel Couto, no Leblon, inclusive o caso mais grave, de Jorge Alves, de 60 anos, atingido por um golpe de cassetete.
A briga teria começado quando o grupo de religiosos, de cerca de 40 pessoas, foi acusado pelos guardas municipais de serem os responsáveis por pichações na praia de Copacabana e no Parque Garota de Ipanema, no Arpoador. No asfalto da avenida Atlântica, é possível ver pichações com a inscrição “Jesus Cristo voltará em 2070”. Já o parque teria sido pichado com os dizeres “Bíblia sim, constituição não”.
O grupo não teria acatado a orientação dos agentes e teria sido conduzido à 13ª DP (Copacabana) a pé, com apoio da Polícia Militar, solicitada para fazer o reforço. No caminho, na rua Francisco Otaviano, houve o tumulto e uma suposta tentativa de agressão aos agentes. Diego Luiz Ribeiro de Figueiredo foi autuado por lesão corporal e dano, com base na lei de crimes ambientais. Já o pastor Tupirani da Hora Lores, que seria o líder do grupo, foi citado no registro como envolvido na ação de dano.
Esta já é a segunda vez que o Parque Garota de Ipanema, no Arpoador, foi vandalizado, de acordo com a Guarda Municipal, que alega que o mesmo grupo já havia sido flagrado pelos agentes, na madrugada do dia 21, com dez sprays, que acabaram apreendidos.
O comando da Guarda Municipal, de todo modo, determinou a abertura de sindicância e o afastamento imediato dos agentes envolvidos, que seriam do Grupamento Especial de Praia, para apurar a postura.
Link original da matéria:
https://www.destakjornal.com.br/cidades/rio-de-janeiro/detalhe/confusao-entre-guardas-municipais-e-religiosos-deixa-11-feridos
Atualização Estadão 07 de março de 2018
Supremo mantém ação contra pastor Tupirani, por incitação à discriminação religiosa
Condenado a 3 anos de reclusão no Rio, pena substituída por restritiva de direito, representante da Igreja Pentecostal Geração Jesus Cristo pretendia trancar na Corte máxima processo em que é acusado de publicar na internet vídeos e postagens com ofensas a autoridades públicas e seguidores de crenças diversas
Os ministros da Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal, por maioria, negaram pedido de trancamento de ação penal contra Tupirani da Hora Lores, pastor da Igreja Pentecostal Geração Jesus Cristo condenado por praticar e incitar discriminação religiosa. A decisão foi tomada no julgamento do Recurso Ordinário em Habeas Corpus (RHC) 146303, realizado nesta terça-feira, 6.
As informações foram divulgadas no site do Supremo – Processo relacionado: RHC 146303.
Lores foi condenado pela 20.ª Vara Criminal do Rio à pena de 3 anos de reclusão, em regime aberto, e ao pagamento de 36 dias-multa, pela prática do crime previsto no artigo 20, parágrafo 2.º, da Lei 7.716/1989.
A pena privativa de liberdade foi substituída por restritiva de direito.
Consta dos autos que, ‘na condição de pastor, Lores publicou na internet vídeos e postagens que ofendiam autoridades públicas e seguidores de crenças religiosas diversas – católica, judaica, islâmica, espírita, wicca, umbandista e outras –, pregando inclusive o fim de algumas delas e imputando fatos ofensivos aos seus devotos e sacerdotes’.
O Tribunal do Rio de Janeiro manteve a condenação, reduzindo apenas a quantidade de dias-multa inicialmente imposta.
Após decisão do Superior Tribunal de Justiça, que rejeitou habeas corpus lá impetrado, a defesa apresentou recurso ao Supremo pedindo o trancamento da ação ‘por atipicidade da conduta’.
Segundo os advogados do pastor da Igreja Pentecostal Geração Jesus Cristo, ‘a condenação ideológica de outras crenças é inerente à prática religiosa’. Segundo a defesa, as manifestações de Tupirani da Hora Lores são ‘exercício de uma garantia constitucionalmente assegurada’.
O relator do caso, ministro Edson Fachin, votou pelo provimento do recurso. Para ele, apesar de caracterizar uma atitude ‘absolutamente reprovável e arrogante, o ato narrado não pode ser tipificado penalmente.
A conduta, segundo o ministro, ainda que ‘intolerante, pedante e prepotente, se insere no embate entre religiões e decorre da liberdade de proselitismo essencial ao exercício da liberdade religiosa’.
O ministro Dias Toffoli, que inaugurou a corrente vencedora pelo desprovimento do recurso, divergiu do relator.
Para ele, ‘social e historicamente o Brasil se orgulha de ser um país de tolerância religiosa, valor que faz parte da construção de nosso estado democrático de direito’.
De acordo com Toffoli, a sentença condenatória transcreve vídeos publicados na internet que ‘alimentam o ódio e a intolerância’.
Citando trechos dos vídeos, o ministro entendeu que, se o Estado não exercer seu papel de pacificar a sociedade, vai se chegar a uma guerra de religiões. “Ao invés de sermos instrumento de pacificação, vamos aprofundar o que acontece no mundo”, alertou.
O ministro Ricardo Lewandowski acompanhou a divergência, ressaltando que as postagens transcritas nos autos ‘alimentam um ódio que se espalha em nossa sociedade, tanto no Brasil quanto no mundo inteiro’. Ele destacou que o preâmbulo da Constituição ‘fala na construção de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social’.
Para Lewandowski, ‘a ação do condenado atua contra um importante valor erigido pelos constituintes como fundamento da República Federativa do Brasil, que é a solidariedade’.
Terceiro a votar pelo desprovimento do recurso, o ministro Gilmar Mendes lembrou do célebre julgamento do “caso Ellwanger” (HC 82424), em setembro de 2003, quando o STF manteve a condenação imposta ao escritor gaúcho Siegfried Ellwanger por crime de racismo contra os judeus.
Para Gilmar, a despeito da importância conferida à liberdade de expressão, o próprio texto constitucional determina que sejam respeitados determinados limites.
O artigo 220, parágrafo 1.º, da Constituição diz que nenhuma lei conterá dispositivo que possa constituir embaraço à liberdade de informação jornalística em qualquer veículo de comunicação social, observados determinados incisos do artigo 5.º, onde estão contidas as limitações.
O ministro assinalou ainda que, no Brasil, convivem pacificamente comunidades as mais diversas, que às vezes estão em guerra mundo afora. “Esse é um valor que precisamos preservar”, concluiu.
Ao também acompanhar o voto de Toffoli, o decano do STF, ministro Celso de Mello, frisou que ‘o direto de pensar, falar e escrever sem censuras ou restrições é o mais precioso privilégio dos cidadãos, mas que esse direito não é absoluto e sofre limitações de natureza ética e jurídica’.
Para Celso de Mello, ‘os abusos, quando praticados, legitimam a atuação estatal e, se assim não fosse, caluniar, injuriar, difamar ou fazer apologia de fatos criminosos não seriam suscetíveis de punições’.
Para o ministro, ‘o abuso no exercício da liberdade de expressão não pode ser tolerado’.
“A incitação ao ódio público não está protegida nem amparada pela cláusula constitucional que assegura liberdade de expressão”, assinalou o decano.
Ele também fez menção, em seu voto, ao julgamento do caso do escritor gaúcho Siegfried Ellwanger e concluiu pelo desprovimento do recurso.
COM A PALAVRA, O ADVOGADO ROBERTO CAVALCANTI, QUE DEFENDE O PASTOR TUPIRANI
“O STF foi incoerente quando concedeu habeas corpus ao padre Jonas Abib com base em semelhantes fatos, mas dispensou tratamento discrepante ao Pastor Tupirani. Somente parabenizo o ministro Fachin por ter mantido a coerência.”
Link original da matéria:
https://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/supremo-mantem-acao-contra-pastor-tupirani-por-incitacao-a-discriminacao-religiosa/







