Comandante-geral da PM de SP
Marcelo Vieira Salles, entrega o cargo e impõe a Doria baixa estratégica na Segurança
Desde que assumiu o comando, no lugar do coronel Nivaldo Restivo, assistiu à queda de praticamente todos os indicadores de violência.

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O comandante-geral da Policia Militar de São Paulo, Marcelo Vieira Salles, 52, colocou o cargo à disposição do secretário da Segurança Pública, João Camilo Pires de Campos, e vai deixar a função.
A decisão é, segundo a Folha de S.Paulo apurou, de caráter irrevogável.
Salles assumiu o cargo ainda gestão Márcio França (PSB), em 2018, e foi mantido após a assunção de João Dória (PSDB).
Em caso raro, resistiu também à troca do secretário da Segurança, Mágino Alves Barbosa Filho. Desde que assumiu o comando, no lugar do coronel Nivaldo Restivo, assistiu à queda de praticamente todos os indicadores de violência.
A saída do coronel é resquício da operação policial em Paraisópolis que resultou na morte de nove pessoas, no final do ano passado. Salles tomou à frente na defesa dos PMs, mas ficou descontente com o governador Doria durante o processo.
O caso mais gritante foi o afastamento de todos os 31 PMs.
Naquele momento, seis policiais da Rocam (motos) haviam sido tirados do serviço de rua após o episódio, mas sem caráter punitivo.
Salles cobrava respeito a seus homens e dizia acreditar na correção do trabalho da tropa, buscando esperar até o fim da investigação da Corregedoria.
O governador, que inicialmente defendera a ação policial, mudou de lado após receber críticas e conversar com as famílias das vítimas, que visitaram o Palácio dos Bandeirantes.
O recuo do tucano deixou descontente toda a cúpula da PM paulista, Salles especialmente.
Foi nesse cotexto que Salles, em discurso na formatura de novos soldados, fez um desagravo público.
Não esperem reconhecimento daqueles que não conhecem o cheiro da pólvora ou o calor dos incêndios.
Procurado pela reportagem, Salles confirmou a entrega do cargo. Disse, porém, que a decisão é de caráter pessoal e não tem mágoa de ninguém.
“Sou muito grato ao general Campos e ao governador Doria pela oportunidade de comandar a Polícia Militar. Saio com sentimento de missão cumprida”, disse.
Em nota emitida após a publicação desta reportagem, a Secretaria da Segurança confirmou que Salles pediu na segunda-feira (2) sua passagem para a reserva.
“Ao secretário, na ocasião, o comandante ressaltou que a decisão é de caráter pessoal. A Secretaria da Segurança Pública já avalia o substituto para dar sequência ao excelente trabalho desempenhado pelo coronel Salles, que permanece à frente do comando da PM até a conclusão desse processo”, diz o texto.
A saída de Salles é uma importante baixa na Segurança porque o coronel é muito respeitado pela tropa, incluindo os praças (que receberam dele tratamento mais humanizado), e por integrantes do Judiciário paulista.
Também é elogiado por não defender o discurso radical de direita, que tem defendido a violência policial como forma de combater a criminalidade.
O ex-ouvidor da Polícia Benedito Mariano, por exemplo, quando se despediu do cargo no mês passado, afirmou considerar Salles um dos melhores comandantes-gerais da história da PM.
O nome do substituto ainda era discutido quando esta reportagem foi concluída.
Salles confirma ter sido sondado para sair candidato a cargos eletivos, e sua saída do posto alimenta especulações de que concorra já neste ano.
Uma das possibilidades mencionadas seria a vaga de vice na chapa com Márcio França à Prefeitura de São Paulo ou, outra via, concorrer a uma cadeira na Câmara Municipal da capital.
Link original da matéria:
https://gauchazh.clicrbs.com.br/geral/noticia/2020/03/comandante-geral-da-pm-de-sp-entrega-o-cargo-e-impoe-a-doria-baixa-estrategica-na-seguranca-ck7gvl9tz01ep01msagz4zb3h.html
