Eventos após pandemia
Máscaras, termômetros drive-ins: indústria avalia como será o mercado de shows pós-Covid
Produtores, artistas e empresários da música pensam o que mudará nas apresentações ao vivo depois que a pandemia passar

SÃO PAULO E RIO — Aglomeração do público transforma um showzinho num showzaço, com milhares de pessoas juntas cantando a plenos pulmões. Por isso, os shows devem ser a última atividade cultural a ser retomada após a pandemia.
E o seu “novo normal” promete ser muito diferente do que conhecemos:
— Medição de temperatura na entrada, máscaras obrigatórias e personalizadas à venda no estandes, fim do meet & greet [encontro programado de artista e fãs nos bastidores] e ambientes pensados para evitar o contato entre o público— aposta Arthur Deucher Figueiredo, advogado de entretenimento da Câmara de Comércio Brasil-Califórnia.
Gigantes do mercado de espetáculos musicais como Live Nation e AEG formaram uma força-tarefa global em março para elaborar novos protocolos de proteção para o setor, com adiamento de todos eventos.
— Os shows continuam firmes e com pedidos de devolução de ingressos próximos de zero — diz William Crunfli, diretor da Move Concerts, empresa que remarcou shows da banda Kiss na América Latina de abril para dezembro.
Drive-ins e residências
Junto de associações do setor, Crunfli trabalha em sugestões para as autoridades sobre a retomada do mercado, como uso inicial de um terço da capacidade dos locais, a depender do declínio do número de infectados pela Covid-19 e da capacidade hospitalar.
O Allianz Parque, arena paulista que adiou para 2021 apresentações de estrelas como Billie Eilish e Taylor Swift, tenta alvará para fazer shows em formato de drive-in, com telas de LED de alta definição.
Empresários de artistas também já repensam estratégias para além das onipresentes lives de agora.
A dupla Anavitória cancelou shows que faria neste ano nos EUA e na França. A pandemia também alterou os planos da cantora e ex-BBB Manu Gavassi: ela sairia da casa direto para uma turnê nacional.
— Assim como as lives, shows em drive-in ou com distanciamento não substituirão a experiência catártica de um show.
- Mas as lives serão uma opção na agenda: marcaremos turnê de norte a sul e uma ou outra data na internet também — diz Felipe Simas, empresário do duo e de Manu.
- Para os artistas, o desafio do momento é incomparável. O português Cristóvam, cantor de “Andrà tutto bene”, faixa que viralizou em março com um clipe sobre a luta de médicos durante a pandemia, estuda substituir a turnê que faria por residências artísticas em casas com público reduzido.
— Teremos ambientes mais intimistas, as pessoas estarão mais focadas em viver o momento e aproveitar as experiências — aposta.
- Outro termo que ganhará notoriedade é o spot touring, shows em locais em que a incidência do vírus foi baixa ou nula. Lugares como Nova Zelândia, Grécia e o centro-oeste americano poderão retomar atividades antes.
— Nesses locais podem surgir novas rotas estratégicas para o entretenimento ao vivo. Mas permitir prematuramente eventos como eram antes pode arriscar vidas e prejudicar a imagem do mercado por décadas — alerta Figueiredo.
No Arkansas, EUA, o show que o cantor de country-rock Travis McCready havia marcado para 8 de maio seria um dos primeiros com distanciamento social e novas medidas sanitárias do mundo, mas foi cancelado. A a apresentação não foi autorizada
- — a recomendação segue sendo de eventos até 50 pessoas.
‘Salvar e ser salvo’
Conhecido como Rolinha, Alexandre Rossi, produtor do Circo Voador, questiona a viabilidade de abertura parcial.
- — Só voltaremos quando for totalmente seguro receber o público. Qual é a graça de sair sem poder interagir? Se ficar o tempo todo preocupado de pegar uma doença, a experiência perde o sentido — pondera.
Vizinha do Circo, a Fundição Progresso criou a campanha “Salve salve, Fundição”, com vouchers que poderão ser trocados ao fim da pandemia por ingressos para shows de nomes como Maria Rita e Criolo.
— O momento é de ficar em casa. Mas conversamos com artistas, e todo mundo foi abraçando a ideia: salvar e ser salvo. Não resolve, mas é um alento — diz o diretor Uirá Fortuna.
Na Orquestra Petrobras Sinfônica, que segue ativa publicando vídeos em suas redes, o momento é de usar a experiência com a solidão a favor dos espetáculos.
- — Estudamos muito em casa, a reclusão faz parte da nossa vida — diz o violinista Felipe Prazeres. — Mas a gente torce para fazer logo o que mais gosta: tocar para uma plateia.
By Suzana Correa e Sérgio Luz
Link original da matéria:
https://oglobo.globo.com/cultura/mascaras-termometros-drive-ins-industria-avalia-como-sera-mercado-de-shows-pos-covid-24431103
Atualização do Assunto
Das 10 maiores audiências de lives de 2020, sete foram de artistas brasileiros
Se boa parte do planeta também está em isolamento social, entenda o que nos torna campeões nesse fenômeno durante a pandemia
RIO — Tem sido assim desde março, com o isolamento para frear a pandemia. A busca pela grade de lives do dia virou parte da rotina de milhões de pessoas. Mas o que começou em versão voz, violão e redes sociais, com festivais como o #tamojunto, do GLOBO, ganhou ares de superprodução com artistas populares no YouTube.
Eles trouxeram recordes de audiência e, de quebra, revelaram uma preferência nacional: das dez maiores lives da história do YouTube, todas realizadas desde abril deste ano, sete são brasileiras. Pode comemorar, torcedor canarinho: a taça da live é nossa.
‘Brasileiro ouve música brasileira’
O ranking é liderado por sertanejos:
- Marília Mendonça, que amealhou 3,3 milhões de acessos em 8 de abril, é seguida de
- Jorge & Mateus, com 3,2 milhões quatro dias antes.
- Somente a transmissão de Andrea Bocelli de Páscoa (3º lugar) e duas “lives” com shows antigos do fenômeno do
- k-pop BTS (7º e 10º) destoam na supremacia brasileira.
É visível, pela quantidade semanal de lives anunciadas, que a indústria musical brasileira rapidamente enxergou nas transmissões com produção caprichada uma forma de compensar a falta de shows. Afinal, em termos de consumo de artistas locais, o Brasil também é campeão.
- — No mundo digital, o Brasil é um continente. É top 3 de consumo em todos os principais serviços digitais do mundo — explica Paulo Lima, presidente da Universal Music Brasil, gravadora de Post Malone e Sandy & Junior (5º no ranking, com mais de 2,5 milhões de acessos).
- — Alguns fatores explicam o fenômeno das lives: o consumo de música local no país é um dos maiores do planeta, 70% do mercado.
Brasileiro ouve música brasileira. E a taxa de engajamento aqui é enorme.
Link original da matéria:
https://oglobo.globo.com/cultura/2274-das-10-maiores-audiencias-de-lives-de-2020-sete-foram-de-artistas-brasileiros-24431183
O Portal 7Minutos traz a Live 2 de Marília Mendonça pra alegrar os dia de reclusão em casa. Que esperamos seja temporária.

https://youtu.be/zHIAC749W-Y
https://youtu.be/g3oHB8oRvQQ