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Parte 4

Odebrecht fez pagamentos a Toffoli, denuncia Marcelo Odebrecht à PGR

O empreiteiro Marcelo Odebrecht disse à Procuradoria-Geral da República que seu grupo empresarial mantinha um acerto ilícito com o então advogado-Geral da União, Dias Toffoli, e que fazia pagamentos a ele no decorrer do segundo mandato de Lula, entre 2007 e 2009.

Em email no dia seguinte, o executivo Newton de Souza diz ter conversado com o advogado Sérgio Renault. Segundo o diretor da Odebrecht, Renault disse que haveria a sanção da MP como a Odebrecht esperava. Na manhã do dia 28, Renault enviou mensagem de texto a Adriano Maia: “Diga a ele (Newton) que aqueles artigos não foram vetados”. Adriano encaminhou a mensagem a Maurício Ferro, Newton de Souza e Marcelo Odebrecht.

Apesar dessa vitória, e de uma nova Medida Provisória que viriam a obter, a Odebrecht estava mobilizada para influenciar o plenário do Supremo. Os ministros julgariam em agosto a validade e o alcance de um benefício conhecido como “crédito-prêmio IPI”. A empresa queria que o STF reconhecesse que esse crédito existiu, ao menos, até 2002. A tendência era que a corte proclamasse que ele se encerrou em 1990. O caixa da Braskem, entre outros exportadores, poderia sofrer bastante com uma decisão desfavorável.

Na segunda, dia três de agosto, um advogado disse ter visto Toffoli no Supremo. “Certamente para pautar” aquele julgamento. Como a Odebrecht sabia que não tinha maioria nem conseguira ainda obter apoio no governo, queria, no mínimo, conseguir adiar o julgamento. Foi então que Marcelo Odebrecht escreveu o seguinte email, considerada uma evidência forte pelos procuradores:

Segundo Marcelo disse em depoimento, o “amigo” era Toffoli e “Não quer o dele?” se referia a um pagamento. “AM”, como sempre, era Adriano Maia, copiado no email. Cópia desse email foi levada diretamente pela subprocuradora Lindôra Araújo ao PGR Augusto Aras.

Adriano Maia respondeu em seguida, confirmando uma “reunião sobre o tema” para o dia seguinte.

Como se pode observar acima, Adriano Maia aparentemente deletou, ao responder a Marcelo, o trecho “Não quer o dele?”. Segundo perícia da PF, não houve adulteração nos emails aqui apresentados.

Marcelo prossegue. Quer uma solução: “Se for para resolver (o problema que ele criou no S e os vetos) acho que T e R valem até mesmo o número da chantagem deles”.

Em seu depoimento, Marcelo disse que “T” é Toffoli e “R” Renault. Fontes com conhecimento dos fatos e que trabalhavam nessas tratativas afirmam, no entanto, que “T” seria Tojal ou Tarcísio – dois dos advogados próximos a Renault e a Toffoli. O ministro seria, na verdade, “ele”. Somente uma investigação formal pode esclarecer isso.

Antes mesmo de ter uma resposta, Marcelo mandou uma sugestão de negociação a Marcelo Ferro e a Adriano Maia. A mesma que o empresário usava com Palocci (“Italiano”). Como o assunto em questão envolvia o interesse de grandes empresas, e não só da Odebrecht, Marcelo combinara com o ex-ministro que outros empresários contribuiriam na propina.

De acordo com Marcelo, “R” é novamente o advogado Sérgio Renault. A resposta de Maurício Ferro, horas depois, indica que houve um encontro entre eles e a estratégia fora usada. “Eles (se refere a Renault e associados, segundo Marcelo) preferem esperar o resultado da captação das demais empresas, para avisar qual o valor final, já que não demos garantia de captação com os demais”, escreveu Maurício.

A troca de emails se encerrou assim

Nos emails, Marcelo se refere à “meta” de Renault: vencer ou postergar o julgamento no Supremo e os “vetos (de uma MP) do jeito que queremos”. Adriano Maia responde que ficou claro. Marcelo, por fim, mostra ceticismo. Sua frase aponta que havia uma relação pretérita de expectativas não cumpridas por parte de Renault. Segundo o delator, uma relação que envolvia pagamentos direcionados a Toffoli.

Dias depois, ainda naquela semana e apesar de outras frentes políticas de trabalho, a Odebrecht e suas aliadas perderam no Supremo.

O advogado Sérgio Renault negou ter feito qualquer tipo de pagamento a Toffoli. Confirmou que ele e o escritório do qual é sócio prestaram serviços à Odebrecht no processo de leilão da hidrelétrica de Santo Antônio e em “contratos diversos cujos valores não se recorda”. Disse que sua relação com Toffoli é de “advogado com ministro do Supremo”. O advogado Adriano Maia também negou qualquer irregularidade.

*Por Vortex Media
https://vortex.media/justica/36651/exclusivo-odebrecht-fez-pagamentos-a-toffoli-quando-ele-era-advogado-geral-da-uniao-disse-marcelo-odebrecht-a-pgr/

[caption id="attachment_84412" align="alignnone" width="1024"] O empreiteiro Marcelo Odebrecht disse à Procuradoria-Geral da República que seu grupo empresarial mantinha um acerto ilícito com o então advogado-Geral da União, Dias Toffoli, e que fazia pagamentos a ele no decorrer do segundo mandato de Lula, entre 2007 e 2009. Imagem Jornal Brasilia[/caption]
https://youtu.be/gXagPxqofkQ  
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  • Gildo Ribeiro

    Gildo Ribeiro é editor do Grupo 7 de Comunicação, liderado pelo Portal 7 Minutos, uma plataforma de notícias online.

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