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Desinteresse familiar

De pai para filho – sucessão empresarial é grande desafio na atualidade

Em Goiânia, existem mais de 26 mil empresas com mais de 30 anos, que vivem este momento delicado.

Há filhos que não querem dedicar-se ao mesmo negócio; outros assumem, mas não modernizam o negócio

De acordo com informações da Junta Comercial do Estado de Goiás (Juceg), existem atualmente 26.769 empresas com mais de 30 anos de atividade no Estado.

Para que o negócio continue, inevitavelmente, chegará o momento dos filhos assumirem o comando.

Esse parece ser o desejo de muitos pais, porém nem sempre é a intenção dos filhos. A observação é do especialista em governança corporativa e sucessão empresarial, Marcelo Camorim.

Esta é uma realidade desafiadora em todo o mundo.

De acordo com o Índice Global de Empresas Familiares, da PwC, apenas 36% das empresas desse tipo vão à 2ª geração.

Esse número é ainda menor em relação às demais gerações: 19% sobrevivem à terceira e, somente, 7%, à quarta geração. Isso acontece, de acordo com Camorim, pois os sucessores já não vivem a mesma realidade do fundador no início do negócio, e isto também influencia na forma como eles exercem o empreendedorismo.

Segundo ele, com o acesso e circulação da informação e as possibilidades que a tecnologia proporciona, este comportamento de não se interessar pelos negócios dos pais tem se intensificado na Geração Z.

O especialista pondera que forçar a situação pode não ser bom. “Se os filhos assumirem a gestão da empresa sem ter, de fato, este desejo, isso pode resultar em problemas e levar até ao fim do negócio”, adverte.

Contudo, o especialista defende que, mesmo que os herdeiros não queiram fazer a gestão direta do negócio, terão que conhecê-lo e conduzi-lo para garantir sua longevidade e seus benefícios.

E, para que isso seja feito, será preciso fazer uma preparação. Porém, não uma preparação para gerir o negócio, como o pai geriu, mas uma preparação para a vida.

Aquele modelo em que o pai colocava o filho para acompanhar a rotina da empresa e passar por todas as funções para aprender a administrá-la, já não é o mais indicado.

Preparar um bom gestor é permitir que o herdeiro busque conhecimento e experiência fora, em outras empresas, cidades e até países, se possível.

Pois tudo isso poderá ser utilizado na empresa futuramente”, explica o especialista em sucessão empresarial que está conduzindo o processo de sucessão no Grupo Soares, em Goiânia. ​​

Outra estratégia é prepará-los para serem gestores do negócio por meio de um conselho de administração.

O herdeiro não precisa necessariamente envolver-se com a operação diretamente, mas precisa colocar profissionais competentes para esta função e saber fazer as perguntas certas para gerir o andamento, diz Camorim.

Case de sucesso
Camorim está implantado atualmente o plano de sucessão do Grupo Soares, em Goiânia, que adotou uma gestão profissional e promoveu toda a modernização do grupo.

Neste processo, a empresa, que tem 57 anos de história e atua nos ramos de material de construção, na incorporação imobiliária, na agropecuária e na tecnologia, criou o Conselho de Administração e Conselho de Família, que são presididos por Marcelo Camorim, e através do conselho os herdeiros do negócio – cinco irmãos – acompanham no Conselho de Família as decisões estratégicas e resultados do Grupo.

O planejamento a longo prazo é outra preocupação da equipe de gestão, que já começa a preparar a terceira geração para o futuro.

O Grupo Soares implementou o Encontro da Terceira Geração. Camorim, que foi o âncora deste encontro, explica que o objetivo não é prepará-los para serem futuros executivos do negócio, mas que aprendam, enquanto integrantes do Conselho de Família, a fazer as perguntas certas para o Conselho de Administração.

Neste momento, os netos já estão sendo preparados para a gestão futura do negócio. Eles ainda são estudantes ou têm outra atividade profissional. Mas já estão sendo chamados à consciência de seu importante papel futuro.

Muitos herdeiros têm outros projetos profissionais, mas terão, de alguma forma, de cuidar do negócio familiar.

O objetivo é prepará-los com os princípios da gestão profissional em que a gente delega as tarefas para uma equipe capacitada e faz as perguntas certas para checar se o negócio está sendo bem conduzido, explica Camorim.

Temas como contabilidade, tendências de mercado, finanças, governança corporativa e tecnologia são necessários para a formação dos futuros gestores, completa ele.

Marcelo Camorim com a terceira geração de herdeiros do Grupo Soares👆
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  • Gildo Ribeiro

    Gildo Ribeiro é editor do Grupo 7 de Comunicação, liderado pelo Portal 7 Minutos, uma plataforma de notícias online.

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