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Microsoft e Apple não comentaram

Microsoft ultrapassa Apple e se torna a empresa mais valiosa do mundo. O que isso significa?

Mudança faz parte de uma reorganização do mercado de ações que foi iniciada com o advento da inteligência artificial generativa

THE NEW YORK TIMES — Por mais de uma década, a Apple reinou de maneira incontestável no mercado de ações. A empresa ultrapassou pela primeira vez a Exxon Mobil como a empresa pública mais valiosa do mundo em 2011 e manteve o título de forma quase consecutiva. Mas uma transferência de poder já começou.

Na sexta-feira, 12, a Microsoft ultrapassou a Apple, reivindicando a coroa depois que seu valor de mercado subiu mais de US$ 1 trilhão em 2023. A Microsoft terminou o dia com US$ 2,89 trilhões, superior aos US$ 2,87 trilhões da Apple, segundo a Bloomberg.

A mudança faz parte de uma reorganização do mercado de ações que foi iniciada com o surgimento da inteligência artificial generativa. A tecnologia, que pode responder perguntas, gerar imagens e escrever códigos, tem sido aclamada por seu potencial para perturbar negócios e criar trilhões de dólares em valor econômico.

Uma nova era da supremacia da tecnologia surgiu quando a Apple substituiu a Exxon. Os valores da Apple, bem como de Amazon, Facebook, Microsoft e Google ofuscaram antigos líderes de mercado como Walmart, JPMorgan Chase e General Motors.

A indústria tecnológica ainda domina o topo da lista, mas as empresas com maior impulso colocaram a IA generativa na vanguarda dos seus planos de negócios futuros. O valor combinado da Microsoft, Nvidia e da controladora do Google, Alphabet, aumentou US$ 2,5 trilhões no ano passado. Seu desempenho superou a Apple, que registrou um aumento menor no preço das ações em 2023.

Isso se resume simplesmente à IA generativa, disse Brad Reback,

um analista do banco de investimentos Stifel.

A IA generativa terá um impacto em todos os negócios da Microsoft, incluindo os maiores, afirmou ele,

enquanto  a Apple ainda não possui uma narrativa significativa em relação à IA.

Microsoft e Apple se recusaram a comentar.

A Microsoft não lidera uma transição de tecnologia desde a era da computação pessoal, quando o sistema operacional Windows dominou as vendas. Entrou tarde para internet, celulares e redes sociais.

Quando Satya Nadella virou presidente-executivo da Microsoft em 2014, a empresa passava por dificuldades. Ele reorientou a Microsoft para o crescente negócio de computação em nuvem, transformando-a numa forte concorrência para a Amazon, pioneira na área.

Então Nadella impulsionou a empresa novamente, fazendo uma aposta agressiva na IA generativa.

Em 2019, Nadella fez os primeiros investimentos da Microsoft na OpenAI, a startup que iria construir mais tarde o poderoso ChatGPT. No fim do verão de 2022, ele ficou impressionado com uma prévia da tecnologia da OpenAI, conhecida como GPT-4, e logo começou a incentivar a Microsoft a adicionar IA generativa aos seus produtos no que chamou de “ritmo frenético”.

Ele começou adicionando um chatbot à engenharia de busca do Bing, mas então começou a impulsionar a inteligência artificial no sistema operacional Windows e ferramentas como Excel e Outlook, além de oferecer o sistema da OpenAI aos clientes da Azure, o principal produto de computação em nuvem da Microsoft.

As apostas começaram a aparecer nos resultados financeiros da Microsoft. A IA generativa foi responsável por cerca de três pontos percentuais de crescimento para o Azure nos três meses encerrados em setembro, e a oferta de US$ 30 por mês dentro do software de produtividade da Microsoft começou a ser lançada apenas em novembro.

Apple está distante do boom da IA
Esta não é a primeira vez que a Microsoft ultrapassa a Apple nos últimos anos. O fato já ocorreu em 2018, quando o seu negócio de computação em nuvem começou a florescer, e em 2021, quando a pandemia interrompeu as operações do iPhone da Apple. Mas esta mudança pode ser mais indicativa de uma transformação fundamental na indústria tecnológica.

A questão é: quem tem a melhor ratoeira para atingir o próximo nível de US$ 3,5 trilhões?”

disse Dan Morgan, gerente de portfólio e analista do Synovus Trust, um banco do sudeste dos Estados Unidos.

Você pode argumentar que a Microsoft está em uma posição melhor.

A Apple tem lutado pelo próximo grande sucesso.

O iPhone, lançado em 2007, jogou a Apple para o topo do mercado de ações. Entre 2009 e 2015, a empresa passou de vender 20 milhões de iPhones por ano para mais de 200 milhões.

Quando as vendas de dispositivos desaceleraram nos últimos anos, Tim Cook, presidente-executivo da Apple, mudou o foco da empresa de vender mais iPhones para vender às pessoas mais aplicativos e serviços em seus iPhones existentes.

A estratégia ajudou a receita anual da Apple a subir para US$ 383 bilhões, um aumento de quase quatro vezes em relação ao final de 2011, ano em que Steve Jobs morreu.

No entanto, a estratégia de Cook tem mostrado sinais de fadiga. O iPhone, que responde por mais da metade da receita da Apple, tornou-se conhecido mais por suas melhorias incrementais a cada ano do que por suas inovações notáveis. As compras de iPads e Macs diminuíram. E o crescimento das vendas de seus serviços, como o Apple Music, está desacelerando.

No ano passado, as vendas da empresa caíram por quatro trimestres consecutivos. Mas as ações da Apple ainda subiram cerca de 50% em 2023 e os investidores elevaram o seu valor de mercado para quase US$ 3 bilhões devido à crença de que a procura pelo iPhone iria continuar.

Analistas de Wall Street previram que as vendas do iPhone neste ano serão fracas. A empresa enfrenta desafios na China, onde a Huawei lançou um novo telefone e o governo está restringindo o uso de smartphones estrangeiros.

Embora a Microsoft e outros tenham construído novos negócios generativos de IA, a Apple esteve ausente da conversa. Durante uma ligação com analistas no ano passado, Cook disse que a Apple tinha um trabalho “em andamento” relacionado à IA, mas se recusou a entrar em detalhes.

No ano passado, os engenheiros da Apple estavam testando um grande modelo de linguagem, que pode alimentar um chatbot, informou o The New York Times. A empresa também manteve discussões com editores sobre a aquisição de material para treinar sistemas generativos de IA. Mas ainda não divulgou nada publicamente.

A Apple precisa tomar nota de que, se quiser manter sua posição como uma das empresas de tecnologia mais inovadoras,

terá que apoiar fortemente a IA, disse Gene Munster, sócio-gerente da Deepwater Asset Management.

A Apple tem se concentrado no lançamento nos óculos de de realidade aumentada, o Vision Pro. O dispositivo, que será lançado em 2 de fevereiro nos Estados Unidos, é a primeira grande categoria de novos produtos que a empresa lança desde o Apple Watch em 2014. Analistas projetam que a Apple venderá menos de meio milhão de unidades.

Satya Nadella, chefe-executivo da Microsoft, reorientou a Microsoft para o crescente negócio de computação em nuvem e fez uma aposta agressiva na IA generativa. Foto: Ruth Fremson/The New York Times
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  • Gildo Ribeiro

    Gildo Ribeiro é editor do Grupo 7 de Comunicação, liderado pelo Portal 7 Minutos, uma plataforma de notícias online.

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