Brasil é o maior produtor do grão
O café como patrimônio: roteiros e regiões que mantêm viva a história do grão
Manter viva a herança do café é também preservar a memória de um tempo em que o país se reorganizava em torno de uma nova dinâmica produtiva

Em “História Econômica do Brasil”, Caio Prado Júnior, historiador, filósofo e político, nos conta um pouco sobre a historiografia da economia brasileira, incluindo o ciclo do café.
No território brasileiro, o café encontra-se presente desde o século XIX, momento em que o regime ainda era imperial.
Depois de passar pelos ciclos do pau-brasil, da cana-de-açúcar e do ouro, indo até o século XX, o ciclo do café representou a maior fonte de produção de valor no território nacional, especialmente em termos de exportação.
É importante enfatizar que o café chegou ao território brasileiro no ano de 1727, pelo Pará, sendo cultivado especialmente em Belém.
No transcorrer do tempo, foi levado para o Maranhão e o Rio de Janeiro, cultivado para consumo próprio.
É preciso compreender que a mercadoria, em sua gênese, só se completa pela circulação.
Assim, o café foi levado para a Serra do Mar, chegando ao Vale do Paraíba, em 1820.
Foi lá que a semente encontrou solo fértil para a construção dos cafezais.
Posteriormente, de São Paulo, foi para Minas Gerais, Espírito Santo e Paraná.
É um consenso entre os historiadores que o ciclo do café influenciou diretamente o desenvolvimento da região Sudeste, tendo em vista que, até então, as regiões mais importantes do Brasil eram Norte e Nordeste.
Com o passar do tempo, no final do século XIX, os barões do café passaram a ter influência direta na política nacional.
A história nos mostra, portanto, por qual razão o café passou a ser uma bebida tão importante no Brasil.
No mundo, o Brasil é o segundo maior consumidor de café, ficando atrás somente dos Estados Unidos.
No entanto, o Brasil ainda possui o título de maior produtor do grão em escala mundial.
Em 2022, por exemplo, exportou cerca de 2,2 milhões de toneladas, o equivalente a 39,4 milhões de sacas de café.
Quais são as cidades históricas que ainda preservam a cultura cafeeira?
Hoje, para aqueles que não dispensam um bom café, Minas Gerais é um excelente destino.
Em Minas, um dos passeios tradicionais é a Rota do Café Especial, percorrendo 35 quilômetros pelas cidades de Carmo de Minas e São Lourenço.
A região constitui-se como um dos grandes polos cafeeiros do mundo.
No Paraná, também existe um roteiro turístico que reúne cidades como Londrina, Santa Mariana e Ribeirão Claro, com foco na história do café.
É comum que, durante essa rota, produtores locais mostrem o processo produtivo do café, incluindo cultivo do grão, passeios pela lavoura e amostra da colheita e da secagem dos grãos.
Ao fim, se faz a degustação do café.
No Ceará, existe a Rota Verde do Café, que percorre localidades do sertão, como Guaramiranga, Mulungu, Pacoti e Baturité.
Na Bahia, na Chapada Diamantina, a cultura cafeeira ainda é muito forte.
Na comunidade de Santa Bárbara, por exemplo, o turismo permite o contato direto com produtores locais e com o processo produtivo.
São Paulo também oferece um amplo leque de possibilidades nos municípios de Bananal, Cajuru, Itatiba, Monte Alegre do Sul e Serra Negra, regiões que integram o Vale do Café Paulista.
No litoral paulista, Santos também enquadra-se na manutenção da história do café.
O Museu do Café, instalado na antiga Bolsa Oficial do Café, é parada obrigatória para quem se interessa pelo tema.
Basta procurar por uma passagem para Santos SP por exemplo, e conhecer mais sobre o legado do café no Brasil.
No fim, o país possui uma herança estreitamente ligada à produção de café ao longo de sua constituição enquanto estado nacional e soberano.
As cidades que guardam esse legado evidenciam que a história do café segue viva.
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