Make in Brazil:
Programa indiano focado na indústria pode servir de inspiração para o Brasil
Desempenho econômico da Índia na última década não deixa dúvidas de que o conjunto de iniciativas coordenadas foi um acerto
O título em inglês desta coluna foi inspirado no programa Make in India, lançado pelo governo daquele país há dez anos, em setembro de 2014.
O objetivo era aumentar a participação industrial para 25% do PIB e, ao mesmo tempo, criar 100 milhões de empregos, atraindo investimento direto estrangeiro, realizando reformas e desburocratizando o empreendedorismo.
As medidas complementares foram uma política criteriosa de incentivos fiscais, PPPs – parcerias público-privadas para o desenvolvimento de infraestrutura – e um intensivo projeto de treinamento para a força de trabalho.
O programa foi alinhado a outros subjacentes, como “Índia digital” e “Índia startup”.
O desempenho econômico do país na última década não deixa dúvidas de que o conjunto de iniciativas coordenadas foi um acerto. A Índia é uma das economias que mais cresceram nos últimos dez anos.
Algo semelhante poderia ser feito aqui. O Brasil tem as condições ideais para que programas semelhantes adaptados à nossa realidade funcionem bem.
A indústria de transformação perdeu espaço no PIB nacional.
O investimento estrangeiro direto desempenha um papel importante na economia brasileira. Os Estados Unidos, a Inglaterra, a Holanda, a Espanha, a Alemanha, o Japão e a China, entre outros países, têm participações relevantes na indústria do Brasil. Mas é possível ambicionar mais.
O momento é bom. Os três grandes entraves da nossa economia no passado, a inflação, os desequilíbrios externos e o descontrole fiscal, estão bem encaminhados e não se apresentam mais como problemas.
Tudo indica que o País está entrando num ciclo de crescimento sustentado.
Todavia, a taxas baixas, quando comparadas com as da Índia.
O Brasil tem vantagens sobre outros países: recursos naturais, clima, tamanho do mercado interno, posição geográfica, capacidade empresarial, capital humano e estabilidade política.
Além dos setores tradicionais, o desenvolvimento de energias sustentáveis e alta tecnologia se apresentam atraentes.
Há restrições por parte de alguns setores em relação ao estabelecimento de políticas industriais pelo receio de privilégios e financiamento subsidiado estatal.
É preciso, porém, acreditar que os tempos mudaram.
As boas práticas de governança e a vigilância das instituições por transparência são blindagens para evitar erros do passado.
Hoje, o balanço de riscos, custos e benefícios pende claramente para o lado da construção de uma agenda positiva a favor de um desejável Make in Brazil.
Por Luiz Carlos Trabuco Cappi