Economia : Últimas notícias» Economia

Economia nos EUA

Propostas de Trump podem pressionar inflação nos EUA, diz estrategista da BlackRock

Em entrevista a jornalistas brasileiros, Axel Christensen avalia potenciais impactos de governo republicano e afirma que cenário no Brasil ficou mais desafiador

A tentativa de assassinato de Donald Trump durante comício na Pensilvânia no último fim de semana alçou o ex-presidente como claro favorito a vencer a corrida presidencial nos Estados Unidos.

Essa maior probabilidade tem aumentado as discussões no mercado sobre os potenciais cenários em caso de vitória republicana.

Na BlackRock, a maior gestora do mundo, com US$ 10,6 trilhões em investimentos, a percepção é de que as atuais propostas de Trump podem reaquecer a inflação no país.

Se considerarmos o que tem sido dito [na campanha], há o risco de ser inflacionário.

Dito isso, uma coisa é a retórica de campanha, outra é o que realmente é feito quando se tornam presidentes,

afirmou Axel Christensen, estrategista-chefe de América Latina da BlackRock, em coletiva de imprensa com jornalistas brasileiros.

Entre os potenciais riscos inflacionários estão os incentivos para maior produção local e o potencial aumento de tarifas sobre produtos chineses.

Trump tem medidas muito mais rigorosas contra a China.

Não é que Biden seja a favor de reduzir tarifas, muito pelo contrário.

Ele manteve as tarifas que Trump introduziu durante seu governo, mas não é tão extenso em termos de anúncios de novas tarifas.

Outro risco inflacionário diz respeito à política imigratória.

No passado, havia uma diferença um pouco maior.

Mais recentemente, Biden tem implementado algumas medidas para conter a imigração ilegal, mas ainda vemos uma distinção importante em que não só Trump anunciou sua intenção

de interromper a imigração por completo, como também mencionou a ideia de eventualmente deportar pessoas, repetindo uma política que Eisenhower colocou em prática durante os anos 1950.

Economistas apontam que os fluxos migratórios para os Estados Unidos têm contribuído para o controle da inflação ao aumentar a mão de obra disponível e reduzir as pressões salariais.

Então, existem diferenças que analisamos e observamos o impacto delas.

Elas têm impacto inflacionário e, claro, afetam as tensões geopolíticas, não apenas do ponto de vista dos EUA,

mas de outros países também.

A inflação nos Estados Unidos se tornou um dos maiores temores do mercado mundial nos últimos anos

Obrigando o Federal Reserve (Fed) a elevar sua taxa de juros para o maior patamar do século. Uma das teses da BlackRock é de que, dada a conjuntura global, o mundo terá que lidar com taxas mais altas de inflação e juros mais altos e mais baixos de crescimento.

É o nosso cenário base. Mas podemos ser surpreendidos positivamente se o aumento de produtividade pela inteligência artificial for mais rápido que o esperado.

Ou negativamente, caso a inflação volte a acelerar ou o Fed corte menos sua taxa de juros do que o mercado espera.

Cenário é mais desafiador no Brasil
Quanto ao mercado brasileiro, Christensen avalia que a percepção de investidores estrangeiros sobre o país piorou em relação ao início do ano

Era impossível prevermos no início do ano a inundação no sul do Brasil. Isso tem impactos em crescimento e inflação e na capacidade do governo cortar gastos.”

O estrategista da BlackRock também atribui a piora de percepção à frustração com a política monetária, dado o ritmo mais lento que o esperado de queda de juros.

É claro que a situação fiscal tem um impacto. 

É mais sobre como o mercado e outros importantes agentes econômicos têm incorporado a situação fiscal em suas decisões.

O próprio Banco Central reconheceu que a situação fiscal no Brasil é um fator que eles precisam incluir em sua análise para determinar se continuarão cortando as taxas de juros, diz Christensen.

O Banco Central interrompeu o ciclo de queda de juros na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), mantendo a taxa inalterada pela primeira vez desde junho de 2023.

Pelo consenso do mercado, não há perspectiva de que o BC volte a cortar a Selic ainda neste ano.

A bolsa brasileira vem de seis meses consecutivos de saída de capital estrangeiro.

Até o fim de junho, investidores estrangeiros tinham tirado R$ 38,8 bilhões no ano.

Quando olhamos para o Brasil, eu diria que algumas coisas tornaram o cenário um pouco mais desafiador do que antes.

Algumas dessas coisas estão relacionadas especificamente ao Brasil, enquanto outras são mais amplas, como a evolução das taxas de juros dos Estados Unidos.

Por: Guilherme Guilherme
Repórter de Invest

  • Fonte da informação:
  • Leia na fonte original da informação
  • Gildo Ribeiro

    Gildo Ribeiro é editor do Grupo 7 de Comunicação, liderado pelo Portal 7 Minutos, uma plataforma de notícias online.

    Artigos relacionados

    Verifique também
    Fechar
    Botão Voltar ao topo