Pior que tá não fica?
Depois de Míriam Leitão, Tiririca vira imortal da Academia Brasileira de Letras
Uns dirão que é decadência; outros, que é decadênsia.

Seja lá como for, o fato é que, neste texto e pelo andar da carruagem, depois de Míriam Leitão os velhinhos de fardão perderam a mão, mandaram praquele lugar a tradição e, num ato que alguns dizem ser de gratidão e outros de transgressão e revolução, quando não de devassidão (intelectual!), elegeram Tiririca para a Academia Brasileira de Letras.
Isso é o que eu chamo de consagrassão!
Coube ao presidente da instituição,
Merval Pereira (que fase!), anunciar o nome do mais novo imortal:
Francisco Everardo Oliveira Silva, 60 anos, cearense de Itapipoca e conhecido por deixar sua impressão (digital) em tudo o que assina.
A obra do senhor Tiririca, principalmente em seu épico Florentina é um marco da oralidade brasileira e do lirismo popular, abestado,
disse Merval, arrancando reflexivos meneios de cabeça dos jornalistas ali presentes.
Oruam e Matuê
E disse mais, o presidente da ABL e comentarista da GloboNews.
Disse que, depois de Paulo Coelho, Gilberto Gil, Fernanda Montenegro e Míriam Leitão, é natural que a instituição centenária fundada por Machado de Assis aceite membros cada vez mais intelectodivergentes.
Tudo em nome da inclusão.
Queremos que todos os Oruams e Matuês da vida saibam que eles são bem-vindos na ABL, disse.
Ainda de acordo com Merval Pereira, dentro da Academia a expectativa é grande para o preenchimento das duas vagas que foram abertas depois que os imortais Marcos Vilaça e Heloísa Teixeira perceberam que não é bem assim, a imortalidade é simbólica e tal, não basta vestir o fardão, tem que se cuidar, tomar vitaminas, comer fibras, fazer exercícios, etc., e mesmo assim uma hora ela chega para todos.
Lula lá (na ABL)
Nas bets, as apostas já começaram.
Por enquanto, o favorito é Lula.
Que, se eleito, seguirá a tradição iniciada por Getúlio Vargas. Janja é outra forte concorrente. Sem esquecer o rei da CAIXA ALTA E DOS PONTOS DE EXCLAMAÇÃO!!!!!!!!!. Estou falando, claro, de Alexandre de Moraes.
O homem que, mais do que todos os intelequituais da ABL, usa e abusa (ô, se abusa!) da criatividade em seu ofício.
Aproveitando o interesse no mais novo imortal, a Academia Brasileira de Letras também anunciou a modernização de seu nome para Abêéle.
Nome que, nas palavras do presidente,
soa como um vocábulo do léxico dos povos nativos.
E não, a sugestão não foi do imortal Ailton Krenak; foi da Lilia Schwarcz.
Depois Merval começou a cantar “Florentina, Florentina/ Florentina de Jesus…/ não sei se tu me amas/ pra que tu me seduz?” e todo mundo o acompanhou.
Foi líndio.
“Pior que tá não fica”
A eleição de Tiririca contou com o apoio do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que doou as urnas eletrônicas para o pleito.
Ele obteve 50,9% dos votos possíveis, superando o ex-presidente Jair Bolsonaro, que ficou com 49,1% dos votos válidos.
Só para constar: os demais candidatos eram Carla Perez, Xuxa, Sergio Mallandro, Luva de Pedreiro e a ex-presidente Dilma Rousseff.
Numa nota curta, escrita às pressas enquanto o deputado do PL votava com o governo Lula em alguma questão de suma importância para o país, Tiririca se disse surprezo com a sua eleição para a ABL, agradesseu os voto e insistiu na tese de que “pior que tá não fica”.
Fica, sim, abestado!
Ah, se fica.
Por Paulo Polzonoff Jr.
Paulo Polzonoff Jr. é jornalista, tradutor e escritor. **Os textos do colunista não expressam, necessariamente, a opinião da Gazeta do Povo.
Siga o ‘ 7Minutos’ nas redes sociais
X (ex-Twitter)
Instagram
Facebook
Telegram
Truth Social