o assassinato de Charlie Kirk
A Ideologia do Ódio: a arma política mais antiga da humanidade
O tiro que silenciou Charlie Kirk não foi apenas contra um homem, mas contra um símbolo.
Foi o corte súbito de uma voz que incomodava, de um pensamento que desafiava o consenso artificial, de uma presença que não se curvava à narrativa hegemônica.
Não se trata de um episódio isolado, mas de um acontecimento que revela a verdade de nosso tempo: a política se alimenta do ódio.
Não de um ódio individual, desordenado, mas de um ódio cultivado, moldado, direcionado.
Um ódio erigido em ideologia, transformado em combustível de massas e em instrumento de poder.
O ódio é, talvez, a ferramenta política mais antiga da humanidade.
Ele dispensa racionalidade e fala diretamente às vísceras.
Ele mobiliza porque exige pouco: não pede reflexão, mas reação; não exige análise, mas paixão.
O ódio cria unidade ao redor de uma negação — ao redor de um inimigo.
É por isso que o ódio atravessa a história humana com a persistência de um espectro.
Carl Schmitt, jurista alemão que forneceu bases intelectuais ao nazismo, formulou a questão com brutal clareza: a essência da política está na distinção entre amigo e inimigo.
Essa distinção, dizia ele, não é mera metáfora: é existencial.
O inimigo não é apenas adversário político; é ameaça à própria vida da comunidade.
Essa lógica, de aparência simples, sempre se revelou devastadora.
Quando um grupo é colocado fora da humanidade, sua destruição não só se torna possível, como se torna necessária, desejável, virtuosa.
Hannah Arendt, em sua análise do totalitarismo, destacou que regimes tirânicos precisam inventar inimigos permanentes.
O inimigo é a argamassa que mantém unido o edifício da opressão.
Sem ele, a máquina perde propósito.
Freud, em O Mal-estar na Civilização, explicava esse processo: os impulsos destrutivos, que não podem ser eliminados da psique humana, são projetados para fora, contra o “outro”.
O ódio dá vazão a frustrações internas e as transfigura em catarse coletiva.
Aleksandr Solzhenitsyn, em O Arquipélago Gulag, testemunhou na própria pele como esse mecanismo opera.
Ele escreveu que a linha que separa o bem do mal não passa entre Estados, nem entre classes, nem entre partidos, mas através do coração de cada homem
No entanto, ideologias políticas insistem em deslocar essa linha, definindo o bem e o mal não no indivíduo, mas em identidades coletivas.
Essa transferência é a porta de entrada para a barbárie.
A história fornece exemplos abundantes.
Cristãos entregues às feras em Roma, tratados não como cidadãos, mas como inimigos da ordem.
Judeus perseguidos ao longo da Idade Média, acusados de envenenar poços, de provocar pragas, de conspirar contra reis e povos.
Muçulmanos e judeus travaram séculos de conflitos, que ainda hoje ecoam em guerras no Oriente Médio, inflamadas pelo radicalismo islâmico.
A Inquisição queimou hereges em fogueiras santificadas.
Os pogroms devastaram comunidades inteiras de ciganos e judeus no Leste Europeu.
O Holocausto transformou a desumanização em indústria, demonstrando que a lógica do ódio pode ser não apenas espontânea, mas meticulosamente burocratizada.
O genocídio de Ruanda, em 1994, mostrou o mesmo padrão: primeiro a propaganda, chamando os tutsis de “baratas”; depois o massacre, com mais de oitocentas mil vidas ceifadas em poucas semanas.
O século XX foi o laboratório dessa ideologia.
Stalin, em nome do povo, exterminou milhões em expurgos e deportações para os campos descritos por Solzhenitsyn.
Mao, em nome da revolução, provocou fomes e mortes em escala incalculável.
Pol Pot, no Camboja, transformou escolas em prisões e campos de execução.
Hitler, em nome da pureza, construiu câmaras de gás.
E em todos os casos, o inimigo foi definido, desumanizado, transformado em objeto de ódio político.
Orwell,
ao analisar esse século, chamou-o de era da mentira universal,
em que a linguagem deixou de descrever a realidade e passou a fabricá-la.
O presente não se diferencia no essencial.
O ódio apenas mudou de roupagem. Hoje ele é cultivado em movimentos identitários que se apresentam como defensores dos oprimidos, mas que reproduzem a mesma lógica de Schmitt: dividir o mundo entre amigos e inimigos.
Antifa, Black Lives Matter, ativistas climáticos, grupos LGBT e feministas radicais, no Brasil o MST e o MTST — todos se alimentam dessa retórica.
Não se limitam a propor reformas ou apresentar diagnósticos, mas constroem inimigos a serem destruídos: a polícia, empresários, conservadores, cristãos, patriotas.
Muitos desses movimentos são financiados por bilionários como George Soros e fundações internacionais, que entendem o poder de usar minorias como vanguarda revolucionária.
O ódio é útil: fragmenta sociedades, desestabiliza Estados, oferece pretextos para impor novas agendas.
Esse fenômeno não surge do nada: ele tem raízes intelectuais.
Herbert Marcuse, filósofo da Escola de Frankfurt, foi um dos seus arquitetos teóricos.
Em A Tolerância Repressiva, Marcuse argumentava que permitir a livre expressão dos “opressores” era perpetuar a opressão.
A verdadeira libertação, segundo ele, exigia intolerância contra movimentos de direita e tolerância irrestrita com movimentos de esquerda
Para Marcuse, a direita representava os negócios, os militares, os “interesses estabelecidos”; a esquerda, estudantes, intelectuais e minorias.
Seu projeto não era igualdade, mas inversão de poder. E ele admitia abertamente que sua proposta soava “aparentemente antidemocrática”, mas a justificava pela necessidade de “repressão e doutrinação” para formar uma “maioria subversiva”.
Essa lógica é o berço da interseccionalidade contemporânea: dividir o mundo entre opressores e oprimidos, atribuir culpa hereditária a uns e virtude inata a outros.
As universidades, que deveriam ser templos da razão, tornaram-se laboratórios dessa doutrina.
Hoje, professores e estudantes reproduzem slogans em vez de argumentos:
Israel é “colonialismo de ocupação”;
esforço individual é “supremacia branca”;
exames padronizados são “racistas”.
Não se formam mais intelectuais livres, mas militantes ressentidos.
A academia, em vez de espaço de pensamento, tornou-se fábrica de ódio sofisticado.
Se Marcuse ofereceu a teoria, Saul Alinsky forneceu o manual prático.
Em Rules for Radicals, Alinsky ensinava que política é guerra, não diálogo.
Sua regra era clara: ridicularize o inimigo, isole-o, desmoralize-o, até que ele não tenha mais lugar na esfera pública.
Transforme pessoas em símbolos de tudo o que se odeia, e depois destrua o símbolo.
A pedagogia do ódio estava formulada.
Não se trata de vencer argumentos, mas de arruinar vidas.
Não basta refutar; é preciso destruir.
Ortega y Gasset, em A Rebelião das Massas, já advertia: quando a massa deixa de pensar, age apenas por instinto.
E é esse instinto que a ideologia do ódio manipula.
Ela fornece um inimigo pronto, canaliza ressentimentos, dá combustível a frustrações e transforma multidões em instrumentos cegos.
Orwell já havia antevisto essa engrenagem: quem controla a linguagem controla a realidade.
E ao controlar a realidade, controla-se também o inimaginável — inclusive a justificativa para matar.
O assassinato de Charlie Kirk deve ser lido nesse quadro.
Assim como a execução de Shinzo Abe no Japão, as tentativas de assassinato de Bolsonaro e Trump,os inúmeros homicídios políticos na Colômbia, os atentados no Oriente Médio, as perseguições a cristãos em países islâmicos.
Não se trata de eventos isolados, mas de manifestações de um mesmo processo: identificar o outro como inimigo, desumanizá-lo, justificar sua eliminação.
Charlie Kirk tombou como vítima desse processo.
Sua morte é mais do que tragédia pessoal: é advertência histórica.
Pois todos os regimes mais tirânicos, brutais e genocidas se alimentaram dessa prática. Roma, Moscou, Berlim, Pequim, Havana, Gaza — todos ergueram sua legitimidade sobre o mesmo solo: o ódio ao outro.
E sempre terminaram da mesma forma: em miséria, sangue e silêncio.
O ódio, transformado em ideologia, jamais constrói.
Ele é fogo que consome tudo, inclusive aqueles que acreditaram poder controlá-lo.
Enquanto for usado como combustível político, não haverá espaço para convivência ou liberdade. Haverá apenas guerra — guerra contra o vizinho, contra a família, contra a própria humanidade.
É esse o legado da ideologia do ódio: não a promessa de um mundo novo, mas a perpetuação da destruição como método de poder.
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Por: Rodrigo Schirmer Magalhães
Cientista político e Analista de Politica
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