Estilo : Comportamento

By Leila de Sá Fortes

“Conhecendo a face do Agressor” – Parte 3

“Não vou intrometer, porque amanhã eles reatam, e eu que fico como ruim. Ela gosta!”, “Em briga de marido e mulher, não se mete a colher!”.

Quando a mulher manifesta e expõe a insatisfação com o relacionamento, e começa a não ser tão passiva.

Quando ela começa a questionar a forma que é tratada, e exigir mais atenção e respeito. Quando ela começa a ameaçar ir embora, e o homem sente que está perdendo o controle sobre ela.

Quando ele começa a ter problemas financeiros, problemas no trabalho ou nos seus grupos sociais. Tudo passa a ser motivo para agressão física. A mulher começa a ser seu maior divertimento e relaxamento de stress, pois se torna seu saco de pancadas.

Por qualquer motivo, ele a agride fisicamente, pois ela não consegue reagir, tão emocionalmente esteja abalada com as violências psicológica, moral, patrimonial e/ou sexual sofridas anteriormente.

Por fim, quando a violência física se faz presente, as pessoas imaginam que a mulher deve ter feito algo muito grave para ele dar uma surra ou cometer outra forma de agressão.

Tentam justificar a conduta masculina com a culpa da conduta feminina:

“Ele pode não saber porque está batendo, mas ela sabe porque está apanhando”, “Mulher provoca, porque gosta de apanhar”, “Ela deve ter culpa no cartório”, “Também, com essa roupa!”, “Não vou intrometer, porque amanhã eles reatam, e eu que fico como ruim. Ela gosta!”, “Em briga de marido e mulher, não se mete a colher!”.

No entanto, nem mesmo a vítima tem noção que a agressão já vinha acontecendo. Além da violência psicológica, moral, patrimonial e sexual, a física estava presente nos puxões de cabelo, nos tapas, nos empurrões, nos chutes, pontapés, sacudidas, socos, mordidas, beliscões, enforcamentos, sufocamentos, até extrapolar em atos de violência em que, não raro, além da dor física, possa ter sangramentos, sequelas (como traumatismo e outros traumas e cortes, queimaduras, perfurações por bala ou faca, e similares), além de atropelamentos, golpes com objetos, pauladas, quando não finaliza com tentativa de feminicídio ou feminicídio em si.

Vemos diariamente, nos comentários de algumas reportagens postadas na mídia local, a manifestação de pessoas que defendem o agressor, com justificativas machistas e preconceituosas.

Desconhecem a situação, e se acham no direito de julgar a vítima, simplesmente pelo gênero.

Talvez por influência da própria história, fábulas e crendices, ou literatura diversificada que coloca a mulher sempre como a que seduz, a que provoca, a que mente, a que induz o homem a errar, a mulher, independente do que faça, sempre é vista como culpada, mesmo que ela nem saiba do motivo que a fez ser alvo de agressividade ou violência.

Ainda hoje, qualquer mulher que ouse ser diferente dos padrões impostos pela sociedade, que façam declarações que soem como provocação, liberdade ou mente aberta, a crítica é feroz, independente de gênero.

Tudo isso contribui para que a violência sofrida por mulheres, diariamente, ainda seja vista como uma questão menor, sem importância ou visibilidade. Há um tabu muito grande quando se trata em lidar com essa questão no seio da própria família. Camuflam situações, escondem problemas, e, não raro, forçam as vítimas a não registrar BO para impedir exposição ou não fazer com que passem vergonha, ou cause prejuízo ao agressor.

Mas, e a vítima?

Qual proteção lhe dão de fato ao fazer isso? Mulheres continuam morrendo por se sentir sozinhas e sem apoio.

By Leila de Sá Fortes –
Assistente Social do Espaço de Acolhimento da Mulher, atuando com Mulheres Vítimas de Violência Doméstica e Familiar, localizado no Hospital Municipal de Cuiabá – HMC/Cuiabá

Mas, e a vítima?  Qual proteção lhe dão de fato ao fazer isso? Mulheres continuam morrendo por se sentir sozinhas e sem apoio.
Leila de Sá Fortes – Assistente Social do Espaço de Acolhimento da Mulher, atuando com Mulheres Vítimas de Violência Doméstica e Familiar, localizado no Hospital Municipal de Cuiabá – HMC/Cuiabá
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  • Gildo Ribeiro

    Gildo Ribeiro é editor do Grupo 7 de Comunicação, liderado pelo Portal 7 Minutos, uma plataforma de notícias online.

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