Carnaval brasileiro em luto
Corpo de Quinho do Salgueiro é velado na quadra da escola de samba
Intérprete de vários sambas-enredo, incluindo 'Peguei um ita no Norte', em 1993, ele lutava contra um câncer e morreu aos 66 anos de insuficiência respiratória. Sepultamento está marcado para esta sexta.
O corpo de Melquisedeque Marins Marques, mais conhecido como “Quinho do Salgueiro”, começou a ser velado na quadra da escola de samba, na Tijuca, na Zona Norte do Rio pouco antes das 15h desta quinta-feira (4).
O intérprete morreu na quarta-feira (3) aos 66 anos, de insuficiência respiratória.
O caixão do cantor estava coberto com as bandeiras do Salgueiro e da Liesa, a Liga das Escolas de Samba do Rio. Entre as coroas de flores que já estavam no local, uma foi mandada por Neguinho da Beija-Flor, outro dos grandes cantores do carnaval carioca.
Ele foi um paizão na minha vida.
Pagou meu colégio, alimentação, minhas vestes.
Foi mais que um pai na minha vida.
Foi o melhor amigo que eu tive na minha vida,
disse Wilkee Oliveira Marques, filho de Quinho, no velório.
“Ele me tinha como mãezona e eu chamava ele de meu filhão. A gente tinha uma amizade muito grande, toda vez que eu chegava aqui e ele me via, já me chamava ‘mãezona vem cá. Tira uma foto comigo’. E era assim que a gente vivia.
Só Deus calou ele e é muito difícil agora não ter o Quinho no Salgueiro. Difícil porque ele é a voz do Salgueiro. Muitos anos e isso me faz ficar da maneira que eu estou, inconsolável. É uma perda irreparável, mas a gente tem que superar isso e aceitar. Infelizmente”, disse Ieda Maranhão, da velha guarda do Salgueiro.
A agremiação informou que cantores farão uma homenagem entoando sambas que ficaram marcados na voz de Quinho. Além de música, haverá dança. A cerimônia é conhecida popularmente como gurufim.
Na sexta (5), às 9h, haverá um outro velório na capela C do Cemitério da Cacuia, na Ilha do Governador. O sepultamento está marcado para as 13h.
Quinho foi uma das maiores vozes do carnaval do Rio de Janeiro e deu vida a grandes sambas-enredo do Salgueiro. Ele estava internado no Hospital Evandro Freire, na Ilha do Governador.
Quinho estava afastado do carnaval. Desde 2022 ele lutava contra um câncer de próstata. Ainda assim, o nome dele foi lembrado durante o último desfile pelo carro de som, que foi batizado como “Quinho do Salgueiro”.
Você receber uma homenagem em vida,
isso me emocionou muito.
Nós somos uma pequena partícula dessa imensidão
chamada carnaval e escola de samba,
e o Salgueiro é a minha vida,
disse em entrevista ao RJ2, em 2023.
Por Raoni Alves, g1 Rio