A data de 23 de outubro
É comemorada no Brasil como o Dia do Aviador e o Dia da Força Aérea Brasileira.
Diante de uma enorme multidão e com a presença dos auditores do Aeroclube da França, Santos-Dumont, na sua aeronave “Ave de Rapina” ou “14-Bis”, fez a primeira decolagem e aterrisagem de uma aeronave mais pesada do que o ar
Santos-Dumont, fez a primeira decolagem e aterrisagem de uma
aeronave mais pesada do que o ar, demonstrando a capacidade do homem em
produzir máquinas que pudessem superar os limites da terceira dimensão.
Muitos dizem que o 14-Bis era um aparelho rudimentar, e, na verdade, era
sim, mas representava um protótipo de testes para o que seria o controle definitivo
da aeronavegabilidade por um aparelho voador.
O 14-bis foi inicialmente constituído por um aeroplano unido ao balão 14, em
testes feitos por Santos Dumont em meados de 1906 – daí o nome “14-bis”, isto é,
o “14 de novo”.
A função do balão era reduzir o peso efetivo do aeroplano e facilitar
a decolagem.
O primeiro teste do 14-bis foi feito em 19 de julho de 1906, conectado ao
balão n.º 14.
Em 23 de agosto, o 14-bis foi finalmente testado sem estar acoplado
ao balão. Após uma primeira corrida sem decolar, na segunda tentativa o aeroplano
elevou-se do chão e voou.
Entretanto a sua estabilidade não agradou a Santos
Dumont, que mesmo assim, declarou-se satisfeito.
No dia 3 de setembro de 1906 foi instalado o motor náutico Antoinette de 50
cavalos-vapor no lugar do de 24 até então utilizado.
Transformou o 14-bis assim no “Oiseau de Proie” – Ave de Rapina – com o qual obteve um salto de 11 metros em 13 de setembro de 1906; infelizmente o pouso brusco danificou a estrutura e o motor do avião e quebrou as duas rodas, interrompendo os testes.
Santos-Dumont fez novas modificações no avião: envernizou a seda das
asas para aumentar a sustentação, retirou a roda traseira, por atrapalhar a
decolagem, e cortou a estrutura portadora da hélice.
Em 23 de outubro de 1906, no campo de Bagatelle, Paris, o Oiseau de Proie II, após várias tentativas, percorreu sessenta metros em sete segundos, a uma altura de aproximadamente dois metros, perante mais de mil espectadores.
Esteve presente a Comissão Oficial do Aeroclube da França, entidade
reconhecida internacionalmente e autorizada a homologar qualquer evento
significante, tanto no campo dos aeróstatos como no dos “mais pesados que o ar”.
O Aeroclube de França havia decidido estabelecer critérios rígidos que
permitissem diferenciar um vôo ocasional de um vôo real.
Estes parâmetros levaram à criação de prêmios. Basicamente era exigido que o vôo ocorresse em tempo calmo e que o aparelho dispusesse de condições para levantar vôo.
Não era considerado um voo completo o que dependesse de elementos externos, como
fortes ventos, ou auxílio de um lançador.
Além disso, o voo deveria ser anunciado com antecedência para que fosse convocada uma comissão julgadora.
Nesse sentido, dois prêmios foram instituídos.
O voo de 23 de outubro garantiu a conquista do prêmio Archdeacon.
O prêmio Archdeacon beneficiaria aqueles que, decolando por seus próprios meios,
cobrisse mais de 50 m em linha reta.
O grande prêmio do aeroclube estava voltado para um voo de mais de 100 m.
E, um terceiro prêmio, mais audacioso, instituído por Archdeacon e Deutsch, seria dado àquele que conseguisse realizar um voo em circuito fechado de um quilômetro.
Em 12 de novembro do mesmo ano, com o avião Oiseau de Proie III (Ave de
Rapina III), provido de ailerons rudimentares para ajudar na direção, percorreu 220
metros em 21,5 segundos, estabelecendo o recorde de distância da época.
O feito foi registrado pelo Aeroclube da França em um monumento, preservado no campo de Bagatelle.
A ata elaborada na ocasião descreve o que as testemunhas presenciaram:
A quarta tentativa foi feita no sentido inverso das três anteriores.
O aviador saiu contra o vento.
A partida deu-se às 4:45h, com o dia já terminado.O aparelho, favorecido pelo vento de proa e também por uma leve inclinação, está quase que imediatamente em vôo.
Desfila apaixonadamente, surpreende os espectadores mais distantes que não se acomodaram a tempo.
Para evitar a multidão, Santos Dumont aumenta a incidência e ultrapassa seis metros de altura.
Mas no mesmo instante a velocidade diminui. Será que o valente experimentador teve um instante de hesitação?
O aparelho parecia menos equilibrado e esboça uma volta para a direita.
Santos, sempre admirável por seu sangue-frio e por sua agilidade, corta o motor e volta ao solo.
Mas a asa direita toca o chão antes das rodas e sofre pequenas avarias.
Felizmente Santos está ileso e é acolhido impetuosamente pela assistência entusiasmada que o ovaciona freneticamente, enquanto Jacques Fauré
carrega em triunfo sobre seus robustos ombros
o herói desta admirável proeza
Por: Carlos Marcelo Cardoso Fernandes
Coronel Intendente da Reserva da Aeronáutica; Administrador de Empresas; Especialista em Orçamento, Planejamento e Gestão Pública; Especialista em Logística Empresarial. Colunista do 7Minutos
Referencia Bibliotecária
1 BARROS, Henrique Lins de. O legado de Santos Dumont. Registros históricos, na França,
comprovam o pioneirismo do inventor brasileiro. Revista Scientific American Brasil. Nº 12.






