PAZ E PROSPERIDADE By VITOR VICENTE
Ha uma dúzia de anos que não visitava o belo do Brasil.
O país mudou. Com a mesma naturalidade que eu me renovei.
As minhas modificações refletem-se no itinerário, anteriormente criado em redor da vida cultural (vida cultural e cultura são coisas distintas) de São Paulo.
Floripa para começar.
Ou melhor, para recomeçar, pois o Brasil é daqueles pedaços de terra que, uma vez pisados, só aceitam sequelas e inviabilizam novos inícios.
A capital de Santa Caterina confirma-se uma cidade à medida de quem tem o apetite pela urbe por morar na ainda rural Irlanda.
Florianópolis tem a paz e progresso que falta ao resto do Brasil.
Atenção: progresso no sentido do liberalismo clássico inglês, nada que ver com as vestes com que a palavra se veste (ou despe?) nos tempos modernos.
Ficamos alojados no centro.
Para aceder ao norte e ao sul da ilha com idêntica facilidade.
O Uber transforma a mobilidade nesta e noutras do mundo onde as distâncias são imensas, como, por exemplo, na Índia.
Aqui o tour do neotaxi leva-nos a Santo António de Lisboa, Sambaqui, Ribeirão da Ilha e Lagoa da Conceição.
Tudo lugares lindos.
Em que a civilização não apodreceu nem apresenta cárie.
Um dos motoristas do Uber frisou isso o percurso todo.
Este estado quer preservar-se como um sítio agradável não só para viver, como visitar.
Talvez, em temporada alta, a cidade se torne numa outra com a vinda de turistas barulhentos.
Mas – não interessa – essa não é a Floripa que eu levo comigo.
A minha memória é de uma cidade sossegada.
Onde o aconchego é tão saboroso como um fresco e vespertino pão de queijo.
Por: Vitor Vicente
Escritor português e vive na Irlanda. Publicou no Brasil os títulos “Israel, Jezebel”, “Bravo, Brasil”, “Sobre Vivências em Barcelona” e “À Beira do Danúbio”.
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