ÚLTIMO ADEUS:
Salvador se despede de Mãe Carmen sob emoção, cânticos e o silêncio sentido de quem não pôde estar presente
Salvador parou. Vestiu-se de branco. Silenciou para ouvir os cânticos em iorubá que conduziram Mãe Carmen, ialorixá do Terreiro do Gantois, da terra ao Orum.
Um adeus carregado de emoção, ancestralidade e respeito a uma das maiores lideranças religiosas e culturais da Bahia.
No Cemitério Jardim da Saudade, sob o sol do início da tarde, um Pai-Nosso abriu a despedida.
Em seguida, os versos de “Como É Grande o Meu Amor por Você”, de Roberto Carlos, ecoaram como declaração final de afeto.
No candomblé, música é linguagem espiritual e naquele momento, cada nota parecia preparar o caminho da ialorixá para o céu dos orixás.
- Centenas de pessoas acompanharam o ritual.
- Todas de branco.
- Todas conscientes de que não se enterrava apenas um corpo, mas se celebrava um legado.
- Presenças que falam da grandeza de um legado
🥀 Referência histórica do Candomblé no Brasil, Mãe Carmen morre aos 98 anos
Mãe Carmen de Òṣàgyían morreu na madrugada desta sexta-feira, 26, aos 98 anos, em Salvador (BA). À frente do Ilé Ìyá Omi Àṣẹ Ìyámase, conhecido como Terreiro do Gantois, desde 2002, a ialorixá estava… pic.twitter.com/289Lswme0P
— Cenarium (@cenariumam) December 26, 2025
Entre as muitas personalidades que fizeram questão de estar presentes estavam Daniela Mercury, Margareth Menezes, o prefeito Bruno Reis, o ex-prefeito ACM Neto, além de líderes religiosos, artistas, representantes do movimento negro e autoridades públicas.
Cada depoimento reforçava a mesma ideia:
Mãe Carmen era unanimidade.
Uma matriarca que acolhia, aconselhava, ensinava e resistia. Uma guardiã da fé, da cultura afro-brasileira e da luta contra a intolerância religiosa.
A ausência sentida de João Jorge — e uma dor compartilhada
Entre os nomes mais lembrados durante a despedida estava o de João Jorge Rodrigues.
Fundador e ex-presidente do Olodum, João Jorge hoje ocupa a presidência da Fundação Cultural Palmares.
Por compromissos institucionais previamente assumidos em Brasília, ele não pôde estar fisicamente presente em Salvador.
Ainda assim, sentiu — e fez questão de manifestar — a dor da ausência.
João Jorge lamentou profundamente não ter conseguido se despedir pessoalmente de Mãe Carmen e destacou a dimensão da perda para a Bahia e para o Brasil.
Segundo ele, a ialorixá deixa um vazio que não será preenchido, mas também uma responsabilidade coletiva: honrar, preservar e dar continuidade ao legado que ela construiu.
Para João Jorge, Mãe Carmen não foi apenas uma liderança religiosa foi uma referência moral, cultural e espiritual que marcou gerações e seguirá viva no coração do povo baiano.
Para João Jorge, Mãe Carmen não foi apenas uma liderança religiosa — foi uma referência moral, cultural e espiritual que marcou gerações e seguirá viva no coração do povo baiano. pic.twitter.com/i5aWOK2RI2
— 7Minutos Notícias (@7minutos_news) December 28, 2025
Da terra ao Orum, com história e dignidade
O sepultamento aconteceu em um jazigo próximo ao de Mãe Menininha e Mãe Stella de Oxóssi, símbolos eternos do candomblé.
Ali, sob cânticos ancestrais, pediu-se aos encantados que conduzissem Mãe Carmen com luz, proteção e honra.
Ela parte como viveu: cercada de amor, respeito e reconhecimento.
Salvador perde uma matriarca.
A Bahia perde uma referência. O Brasil perde uma voz de equilíbrio, fé e resistência.
Mas o Orum ganha uma ancestral que continuará guiando caminhos, inspirando lutas e protegendo seu povo.
Por Gildo Ribeiro
Redação 7Minutos — Brasília
Morreu Mãe Carmem, do Terreiro do Gantois, em #Salvador. Uma perda imensa para a cultura, a espiritualidade e a história da Bahia. Sua trajetória deixa um legado de fé, resistência, acolhimento e sabedoria ancestral que seguirá vivo na memória e no coração do povo baiano. #Axé. pic.twitter.com/3oPKpCSnDF
— Luis Rocha 🇧🇷 Democracia Sempre! (@Luis_mergulhado) December 26, 2025
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