Estilo : Saúde

Prevent Senior

Contraria recomendação e receita medicamento a pacientes não internados com coronavírus

Funcionário da rede diz que profissionais foram orientados a prescrever cloroquina para qualquer paciente com mais de 70 anos que estiver com sintomas de febre

G1 teve acesso ao protocolo. Orientação foi dada até por atendimento de telemedicina.

Contrariando a recomendação do Ministério da Saúde, a Prevent Senior orientou os médicos da rede a prescrever cloroquina em tratamento para pacientes que relatam sintomas respiratórios e febre, mas sem confirmação de coronavírus.

Segundo um funcionário informou ao G1, a recomendação é feita em consultas feitas por telemedicina.

O medicamento faz parte de protocolo de pesquisa científica aprovado pelo Ministério da Saúde para o tratamento de coronavírus.

Entretanto, é indicado apenas para pacientes hospitalizados e em casos graves.

A cloroquina ou hidroxicloroquina – nome genérico do produto – é um remédio usado para o tratamento da malária desde a década de 1930.

Ela também foi usada no tratamento de doenças autoimunes, como lúpus e artrite reumatoide.

O uso incorreto pode causar insuficiência cardíaca, comportamento suicida e até cegueira.

“Só o fato de darem para todos que internam, já seria grave. E eles estão dando para todos. É gravíssimo”, disse o funcionário ao G1.
A orientação consta em um protocolo institucional enviado a todos os profissionais de saúde da rede o qual o G1 teve acesso (veja acima). A Prevent Senior nega falha e afirma que prescrição está correta (leia abaixo).

O G1 entrou em contato com o Conselho Regional de Medicina e aguarda retorno. A reportagem também questionou a secretaria estadual de Saúde, que realiza fiscalização em três hospitais da rede, sobre o assunto e espera resposta.

Questionada sobre, a Agência Nacional de Saúde disse que não tem gerência sobre os protocolos institucionais dos convênios.

No dia 20 de março, A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) enquadrou a hidroxicloroquina e cloroquina como medicamentos de controle especial.

Segundo informações da Agência à época, a procura pelo medicamento aumentou depois que algumas pesquisas indicaram que o produto pode ser utilizado no tratamento do Sars-Cov-2.

Mas não há nenhuma comprovação sobre o benefício da substância no tratamento do novo vírus.

Em entrevista ao G1, um paciente de 63 anos disse que recebeu, nesta quarta-feira (1º), o medicamento hidroxicloroquina em casa, via motoboy, após um telefonema da Prevent Senior informando que estava com suspeita de Covid-19, nesta terça-feira (31).

Ele disse que se recusou a fazer o tratamento porque havia recebido alta do médico durante consulta presencial no dia 28 de março.

Em nota, a Prevent Senior afirma que que

“o uso da hidroxicloroquina associado à azitromicina faz parte de protocolo de pesquisa científica aprovado pelo Ministério da Saúde. A medicação é ministrada a pacientes cujos sintomas e exames tomográficos apontem a suspeita de contaminação por coronavírus, uma vez que os laboratórios que realizam os exames virais têm demorado, em média, de 10 a 15 dias para entregar os resultados por excesso de demanda.”

Segundo a nota, a Prevent Senior afirma que

“houve mais de 70 altas de pacientes que se recuperaram após o uso das duas drogas. Os pacientes não são obrigados a tomar a medicação, mas os médicos da Prevent têm o dever ético de prescrever os tratamentos que avaliem mais eficazes.”

Cremesp
Também por meio de nota, o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) disse que

“o uso da cloroquina está indicado apenas em caráter de estudos clínicos, com protocolos bem definidos em que sejam descritos resultados bem estabelecidos, assim como dados de efeitos adversos”.

“O uso indiscriminado, como já foi dito anteriormente, inclusive pelo Ministério da Saúde, oferece riscos aos pacientes”, afirma o órgão.

O Cremesp disse que ainda não foi formalmente acionado por profissionais que atuam na rede Prevent Senior sobre o assunto, mas que poderá abrir sindicância para apurar a denúncia.

“Até o momento, o Cremesp não foi formalmente acionado sobre este caso e poderá abrir sindicância para apurar se houve indícios de má conduta ética e profissional, respeitando os fluxos formais e garantindo o direito de manifestação a todos os envolvidos. O Conselho reitera ainda que – dentro de suas atribuições institucionais e de acordo com as normas legais – cumpre seu dever de apurar infrações éticas cometidas por médicos, no exercício da profissão, quando oficialmente acionado ou quando os fatos chegam ao seu conhecimento (ex officio)”, diz o conselho.

Outras denúncias
O Ministério Público de São Paulo instaurou um inquérito cível para apurar as medidas tomadas pela Secretaria Estadual de Saúde em relação à rede hospitalar Prevent Senior.

Na segunda-feira (30), o MP já havia instaurado outra investigação, mas criminal, para apurar a possibilidade de omissão na notificação de mortes no Santa Maggiore por coronavírus.

O promotor para o qual foi distribuído o caso, porém, se posicionou pelo arquivamento da apuração, alegando que soube pela imprensa e que há incompetência da justiça criminal para apurar o caso.

No novo inquérito instaurado, o MP quer saber se as medidas tomadas pela Vigilância Sanitária e as autoridades estaduais de saúde foram as adequadas para evitar riscos à propagação da doença. Segundo o MP, a secretaria Municipal de Saúde da capital paulista, ao vistoriar o hospital, localizou indícios de problemas, como subnotificação.

Por Lívia Machado, G1 SP —

Enquanto isso nos EUA

Agência de saúde dos EUA autoriza o uso de hidroxicloroquina e cloroquina contra o coronavírus

Food and Drug Administration aprovou de forma emergencial os medicamentos para pacientes em estado grave

A Food and Drug Administration, agência federal do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos, aprovou de forma emergencial um plano do governo Donald Trump para distribuir milhões de doses de medicamentos contra malária a hospitais em todo o país, dizendo que vale a pena arriscar tratamentos não comprovados para retardar a progressão do novo coronavírus em pacientes em estado grave.

Houve apenas alguns poucos estudos que mostram um possível benefício dos medicamentos hidroxicloroquina e cloroquina para aliviar os sintomas respiratórios agudos da covid-19 e limpar o vírus de pacientes infectados.

Especialistas em saúde alertam que os efeitos colaterais conhecidos dos medicamentos podem se tornar mais comuns com um uso muito mais amplo. Em particular, dizem eles, pacientes com problemas cardíacos existentes ou que tomam certos medicamentos, como antidepressivos que afetam o ritmo cardíaco, correm o risco de um episódio fatal. Os especialistas recomendam a triagem antes que os medicamentos sejam prescritos para evitar mortes relacionadas ao medicamento.

Link original da matéria:
https://saude.estadao.com.br/noticias/geral,agencia-de-saude-dos-eua-autoriza-o-uso-de-hidroxicloroquina-e-cloroquina-contra-o-coronavirus,70003254115

Enquanto isso na França – Conteudo RFI

Coronavírus: Petição pelo uso da cloroquina ganha adesão recorde na França

Uma petição online lançada pelo ex-ministro da Saúde da França, Philippe Douste-Blazy, que exige o fim das restrições à prescrição da hidroxicloroquina contra o Covid-19, ultrapassou as 100.000 assinaturas na tarde deste sábado (4), dia em que foi criada.

Esse tratamento contra o coronavírus continua a causar polêmica no país, mas parece ganhar cada vez mais a adesão dos franceses.

Chamada de “#NePerdonsPlusDeTemps” (“#Nãopercamosmaistempo”, em francês) a petição lançada na plataforma Change.org pede ao

“Primeiro-ministro e seu Ministro da Saúde que disponibilizem imediatamente em todas as farmácias hospitalares a hidroxicloroquina ou, em sua falta, a cloroquina”.

De acordo com o texto, trata-se de permitir que cada médico de hospital possa

“prescrever a medicação a todos os pacientes que sofrem de formas sintomáticas da da Covid-19, particularmente aqueles que sofrem de distúrbios pulmonares, se a condição deles exigir”, enfatizando a necessidade de se “evitar a automedicação a todo custo”.

“Pedimos ao Estado que faça reservas de hidroxicloroquina para que, se a eficácia for confirmada nos próximos dias, não tenhamos falta de remédio”, acrescenta a petição.

A iniciativa é do ex-ministro da Saúde, Philippe Douste-Blazy, e do professor Christian Perronne, chefe do departamento de doenças infecciosas do hospital Raymond-Poincaré de Garches e especialista em doença de Lyme.

“Eles também publicaram no jornal francês Le Parisien um apelo pela uso da cloroquina contra o Covid-19 co-assinado por personalidades do mundo médico francês, incluindo Patrick Pelloux e Michèle Barzach, ex-Ministro da Saúde.”

Resultados positivos

Várias pesquisas, chinesas e francesas, relatam resultados positivos com a droga em pacientes com Covid-19.

Na França, o professor Didier Raoult, e sua equipe do Instituto Médico Universitário de Infecções do Mediterrâneo (IHU) concluíram, em duas publicações (com vinte pacientes com 80 anos),

“a eficácia da hidroxicloroquina associada à azitromicina” no tratamento de Covid-19″.

No entanto, muitos cientistas e a Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam para os limites desses estudos, porque não foram conduzidos de acordo com protocolos científicos padrão: muitos pacientes e médicos desconhecem quem recebe o tratamento, e os resultados foram publicados apernas em uma revista científica independente revisada por colegas.

Questionado neste sábado (4) pela mídia francesa on-line Brut, o atual ministro da Saúde da França, Olivier Véran, disse que pediu às equipes médicas francesas

“que estabelecessem protocolos operacionais para determinar se esses medicamentos eram eficazes se tomados desde o início da doença”. Ele se referia à cloroquina, mas também a “outras drogas promissoras, como certos antibióticos e moléculas antivirais”.

“Teremos as respostas em alguns dias”, disse ele, assegurando que “ninguém quer perder tempo”.

“Geralmente, quando você deseja fazer um protocolo clínico de um medicamento, leva de quatro a seis meses para uma autorização ser concedida”, explicou. “Há pelo menos três ou quatro grandes estudos clínicos em andamento.

Estou em contato próximo com o professor Raoult.

Discutimos, trocamos, ele entende as restrições que tenho como ministro e eu também entendo o desejo, a força que ele coloca como pesquisador a serviço de seus pacientes”, afirmou o ministro.

O ministro lembrou ainda que já autorizou

“a prescrição deste medicamento ou de outros tipos de medicamento nos hospitais como uma exceção”.

Link original da matéria :
http://www.rfi.fr/br/fran%C3%A7a/20200404-coronav%C3%ADrus-peti%C3%A7%C3%A3o-pelo-uso-da-cloroquina-ganha-ades%C3%A3o-recorde-na-fran%C3%A7a

Em tempo
Na frança nao se tem veículos de comunicação, com intenção politica.

Uma pergunta que não quer se calar…..

Será se o mundo todo está errado e a imprensa brasileira e alguns governadores que estão certos?….ou esta possibilidade de tratamento, não é de interesse desta classe politica e de alguns veículos de comunicação ?

Efeitos colaterais do uso da cloroquina e da hidroxicloroquina. — Foto: Reprodução/TV Globo
Protocolo institucional Covid-19 — Foto: Reprodução
O Hospital Sancta Maggiore do Paraíso, Zona Sul de São Paulo, pertencente à rede Prevent Senior. — Foto: Reprodução/TV Globo
Caixa do remédio sulfato de hidroxicloroquina, conhecido como Reuquinol. Foto: Márcio Pinheiro/SESA
Na França. “Pedimos ao Estado que faça reservas de hidroxicloroquina para que, se a eficácia for confirmada nos próximos dias, não tenhamos falta de remédio”, acrescenta a petição o o professor Didier Raoult. Divulgação
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  • Gildo Ribeiro

    Gildo Ribeiro é editor do Grupo 7 de Comunicação, liderado pelo Portal 7 Minutos, uma plataforma de notícias online.

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