Conteúdo Alessandra Câmara
FDA revê ALERTA e MUDA RUMO do DEBATE sobre MENOPAUSA
Retirada da “tarja preta” da terapia hormonal abre nova era de informação, segurança e autonomia para milhões de mulheres
O Food and Drug Administration (FDA) – agência reguladora de saúde dos Estados Unidos – anunciou, em novembro, a retirada do alerta de “tarja preta” da terapia hormonal para menopausa, medida que permaneceu vigente por duas décadas e influenciou protocolos médicos em diversos países.
A decisão se baseia em evidências atualizadas que mostram que o rótulo de risco máximo já não correspondia aos dados científicos, sobretudo para mulheres que iniciam o tratamento antes dos 60 anos ou dentro dos primeiros 10 anos após a menopausa.
Nos anos 2000, interpretações equivocadas das análises preliminares do estudo Women’s Health Initiative (WHI) provocaram medo generalizado e afastaram milhões de mulheres de terapias eficazes para sintomas como ondas de calor, insônia, ressecamento vaginal e alterações cognitivas.
O impacto foi expressivo: as prescrições caíram 80% e a formação médica sobre menopausa praticamente desapareceu das residências, criando gerações de profissionais pouco treinados no tema.
Avanços científicos recentes, porém, redesenharam esse cenário. Estudos atuais associam a terapia hormonal a benefícios significativos, incluindo redução de fraturas ósseas — especialmente relevante frente ao dado de que uma em cada três mulheres acima de 50 anos sofre fraturas por osteoporose.
Pesquisas também indicam menor risco de demência, depressão, ansiedade e melhora do desempenho cognitivo para parte das pacientes.
A revisão do FDA reacendeu o debate global.
Para o médico nutrólogo Arthur Rocha, fundador da Supreme Clínica, a retirada da tarja preta corrige um equívoco histórico.
O FDA está dizendo oficialmente que aquela mensagem de máximo alerta de perig’ exagerava os riscos quando aplicada de forma genérica para todas as mulheres, especialmente para as mais jovens, recém-menopausadas e bem selecionadas, afirma.
A terapia hormonal vaginal, usada exclusivamente para sintomas geniturinários, também passou a ser reavaliada, já que não compartilha dos riscos historicamente atribuídos à terapia sistêmica.
Rocha ressalta que o FDA manteve alertas importantes, porém em formato convencional, reconhecendo que os riscos apontados em 2002 não se aplicam de maneira uniforme.
Não é vale tudo, mas é um recuo de um rótulo que, por 20 anos, fez muita gente acreditar que terapia hormonal era quase sinônimo de câncer, infarto e demência, completa.
A decisão se apoia em três pilares:
- reanálises do WHI, que mostram segurança e até benefícios cardiovasculares quando o tratamento é iniciado mais cedo;
- novas formulações, com doses menores e vias transdérmicas, que reduzem riscos antes associados;
- posicionamento de sociedades médicas internacionais, como The Menopause Society e EMAS, que já defendiam a revisão do alerta.
Impactos no Brasil: mais informação, menos estigma
No Brasil, Arthur Rocha prevê mudanças graduais, porém relevantes.
Segundo ele,
decisões do FDA tendem a influenciar diretrizes globais.
A tarja preta tinha um peso psicológico enorme. Sem ela, muitas mulheres e médicos que estavam travados pelo medo tendem a considerar a terapia hormonal com mais racionalidade.
Com a atualização, o tema deve ganhar espaço qualificado nos consultórios, estimulando conversas baseadas em evidências e reduzindo o estigma associado à menopausa.
O médico reforça que os principais perfis de benefício incluem mulheres até 60 anos ou dentro de 10 anos do início da menopausa, com sintomas moderados a intensos — como fogachos, insônia, ressecamento vaginal e queda de libido — e sem histórico de condições que contraindiquem o tratamento.
Os efeitos positivos vão desde melhora do sono, humor e vida sexual até proteção óssea e impacto na composição corporal.
Apesar do avanço, Rocha lembra que se trata de um tratamento médico.
A retirada da tarja preta tira o rótulo de vilã da terapia hormonal.
Mas continua sendo um tratamento que precisa ser prescrito, monitorado e ajustado conforme exames, histórico e momento de vida.
Para especialistas, a revisão representa um marco na saúde feminina, capaz de reduzir medo, ampliar acesso e fortalecer a autonomia para que cada mulher, informada e acompanhada por seu médico, escolha a melhor forma de atravessar a menopausa.
Por Alessandra Câmara
Palavra Comunicação
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