Parte 1
A Vocação Logística de Anápolis uma discussão para as eleições de 2020
Nas décadas de 1960 a 1980 prosperam as empresas atacadistas e as transportadoras, com centenas de caminhões chegando e saindo diuturnamente visando atender às comunidades que se formaram ao longo da Belém-Brasília
A vocação logística de Anápolis remonta ao Século XVII. Naquela época, os prospectores do ouro pernoitavam na região para chegarem à Bacia dos Pireneus, depois de viajarem cerca de 150 km pelo espigão divisor de águas das bacias Platina e Amazônica, sem passar por um riacho sequer, desde o Roncador, onde nasceu a cidade de Pires do Rio.
No extremo oeste da trilha, a nascente do Ribeirão das Antas, mais que um marco geográfico no coração do Brasil, era uma fronteira de desenvolvimento econômico e social, desde a explosão demográfica provocada pela corrida do ouro até a interiorização da economia nacional 400 anos depois.
O mesmo caminho foi percorrido pelos bandeirantes que fundaram Pirenópolis, em 1721, e Corumbá de Goiás, em 1730, determinantes do desenvolvimento da região durante o Ciclo do Ouro, até o final do século XVIII.
Com a decadência da mineração, a Bacia do Ribeirão das Antas transformou-se em estratégica fronteira rural, a partir do século XIX.
Na segunda metade dos anos 1800, os tropeiros chegavam até esse local através da trilha no divisor de águas, estabelecendo uma rotina de troca de mercadorias com os produtores locais no rancho de Ana das Dores. Neste panorama surgiu a Vila de Sant’Ana das Antas, emancipada em 1907 com o nome de Anápolis, cujo progresso tomou fôlego em 1932, sobre os trilhos da estrada de ferro.
Era por seu território que passavam as tropas carregadas de café, feijão, arroz, couro, carne salgada, tecidos, medicamentos e outros produtos. Estas tropas retornavam trazendo sal, ferramentas, querosene, tecidos e outros importantes artigos para a comercialização junto aos fazendeiros e agregados que já eram em grande número. O destino era, preferencialmente, cidades como Jaraguá, Silvânia, Corumbá de Goiás, Pirenópolis e outras mais distantes, como Pilar de Goiás, Cidade de Goiás, Rio Verde e vários outros, onde a principal atividade era o garimpo de ouro e demais pedras preciosas.
Depois das tropas vieram os carros de boi que, durante algumas décadas foram utilizados, agora, com cargas maiores, tendo em vista o aumento do público consumidor.
O ponto de convergência era sempre Anápolis, lugarejo que cresceu rapidamente e passou a ser o local de moradia para médios e grandes comerciantes das mais variadas procedências.
O Governo da República do Brasil entendeu que seria importante inserir Anápolis na chamada “Marcha Para o Oeste”, iniciativa do Governo Vargas, no final dos anos 1930 e início dos anos 1940. Dentro da ideia desta marcha, acoplou-se a Estrada de Ferro Goiaz, que, definitivamente, colocou o Estado entre as unidades mais respeitadas na Federação, devido ao alto índice de produtividade primária, cereais, carne e café, principalmente.
O trem de ferro trazia, e levava, grandes tonelagens de produtos, o que provocou o crescimento econômico de toda a região.
Com a construção de Goiânia, obra de Pedro Ludovico Teixeira, no início dos anos 40, Anápolis, mais uma vez, se destacou na logística, fornecendo o material de cerâmica (tijolos, telhas, manilhas, etc.), alimentos e mão de obra devido a cidade distar a pouco mais de 50 quilômetros do grande canteiro de obras.
Mais tarde, a partir de 1958, a construção de Brasília teve em Anápolis seu principal ponto para o depósito e a distribuição do material que vinha via estrada de ferro e era levado por caminhões, assim como a abertura da Rodovia Belém Brasília, interligando o “Mato Grosso Goiano” com o Norte/Nordeste do País, principalmente os estados do Maranhão e Pará, os maiores consumidores e os maiores clientes dos atacadistas que tinham suas empresas sediadas na cidade.
Nas décadas de 1960 a 1980 prosperam as empresas atacadistas e as transportadoras, com centenas de caminhões chegando e saindo diuturnamente visando atender às comunidades que se formaram ao longo da Belém-Brasília,logo sendo necessária ainstalação do Distrito Agro Industrial de Anápolis, o mais completo do Centro-Oeste.
Anápolis se consolidou como centro de logística para o Brasil, com o somatório desse e de outros fatores agregados, tendo em vista a facilidade de acesso para todos os cantos do País.
By Carlos Marcelo Cardoso Fernandes
Coronel Intendente da Reserva da Aeronáutica; Administrador de Empresas; Especialista em Orçamento, Planejamento e Gestão Pública; Especialista em Logística Empresarial, Colaborador do 7Minutos
O ponto de convergência era sempre Anápolis.O trem de ferro trazia, e levava, grandes tonelagens de produtos, o que provocou o crescimento econômico de toda a região[/caption]
Carlos Marcelo Cardoso Fernandes Coronel Intendente da Reserva da Aeronáutica; Administrador de Empresas; Especialista em Orçamento, Planejamento e Gestão Pública; Especialista em Logística Empresarial, Colaborador do 7Minutos[/caption]



