Antes de se tornar uma cidade industrializada e importante economicamente para Goiás, Anápolis já recebia atenção mundial por um motivo bem específico: a vinda de estrelas do cinema americano para o município.

Da primeira metade do século XX às produções filmadas para plataformas de streaming, os anapolinos sempre tiveram o nome da cidade espalhado pelas Américas.

Uma das histórias mais marcantes está ligada a atriz americana Joan Lowell, que atuou em filmes com grandes estrelas da era do cinema mudo, como Charlie Chaplin, que após participar de diversas produções, acabou se mudando para o Cerrado Brasileiro.

De acordo com o historiador Jairo Alves Leite, no ano de 1935, Lowell, que morava em
Nova York, decidiu organizar uma excursão de navio pelos países da América do Sul, passando pelas cidades de Santos, Rio de Janeiro e Buenos Aires, no caminho ela conheceu o capitão da embarcação que viria a ser seu marido.

Para o matrimônio se concretizar, o marinheiro propôs que eles se mudassem para o Brasil que, nesta época, intensificava a “Marcha para o Oeste”, uma política de Getúlio Vargas para desenvolver a região, nome semelhante ao que ocorreu no séc. XIX nos Estados Unidos, onde se deu a expansão territorial do país.

Eles se casaram e moraram um tempo em Santos, mas tempos depois foram convidados a participar de uma construção no Vale do São Patrício, em Goiás.

Eles vieram, em busca de dinheiro e de terras, mas acabaram ficando em maus lençóis,

disse Jairo Leite, em entrevista especial ao DM Anápolis.

Na região de Jaraguá, Joan Lowell ficou muito doente e foi aconselhada a procurar um médico estrangeiro em Anápolis, James Fanstone.

De acordo com o historiador, aqui ela conheceu a esposa dele, que a convidou para morar na cidade.

Anápolis não tinha nem asfalto naquela época, bem diferente dos Estados Unidos.

Ela ficou morando em uma casa emprestada do James Fanstone, na região do Parque Onofre Quinan, o Parque da Juventude, destacou.

Após algum tempo Lowell acabou se organizando financeiramente e adquiriu

uma fazenda nas proximidades da Base Aérea, onde começou a negociar terras com norte-americanos, que vinham em grande número para o Brasil por conta da Segunda Guerra Mundial.

Joan Lowell, atriz de “The Gold Rush” (A Corrida do Ouro/ Em Busca do Ouro), ficou conhecida como “Dona Joana” na cidade que a acolheu para cuidar da saúde.

Hollywood No Cerrado

Primeira vencedora do Oscar de Melhor Atriz, em 1929, Janet Gaynor se mudou para Anápolis em 1955. Com quase 50 anos e mais de 40 filmes no currículo, a protagonista da versão número um de “Nasce uma Estrela” comprou uma casa na região da Interlândia.

Quando terminou a casa dela, ela convidou uma atriz americana que trabalhava em cinema também, mas principalmente com a Broadway, a Mary Martin, para visitá-la.

Ela estava fazendo o papel principal do Peter Pan, estava no auge.

Veio passar férias em Santos e acabou vindo visitar Anápolis, explicou Jairo.

Além de Mary, o filho dela Larry Hagman, famoso ator americano, protagonista da série “Jeannie é um Gênio” e de “Dallas”, conviveu bastante tempo com os anapolinos, com diversos registros fotográficos para provar.

Ele vinha muito aqui em Anápolis, frisou.

Diversas histórias marcantes de Anápolis, como essas, são contadas no histórico documentário “Hollywood No Cerrado”, produzido por cineastas e professores da Universidade de Brasília (UnB).

Por: Lucas Tavares