Trata-se de uma unidade para atendimento exclusivo de pacientes que testarem positivo para o coronavírus e que apresentarem o sintoma mais agravante da COVID-19, que é a falta de ar.

O Centro de Internação foi implantado do prédio onde durante muitos anos funcionou o Colégio Carmo e que pertence à Santa Casa de Misericórdia de Anápolis.

O local recebeu as adequações necessárias e foi equipado com camas, aparelho de raio-x digital, tomógrafo, além de monitores cardíacos e respiradores.

São 45 leitos, seis deles funcionando como UTI para o coronavírus, conforme o protocolo do Ministério da Saúde.

A entrega do equipamento público foi realizada numa entrevista coletiva à imprensa, na própria unidade.

Na oportunidade, o chefe do Executivo anapolino fez uma série de esclarecimentos e falou das medidas emergenciais que estão em curso, dentre elas, o isolamento social, que recentemente foi objeto de crítica do presidente da República, Jair Bolsonaro, que chegou a defender que as pessoas fora do grupo de risco (idosos e portadores de doenças crônicas, dentre outros) retomassem a rotina.

Na entrevista, Roberto Naves disse entender a visão do presidente, porém, destacou a importância do isolamento como forma de evitar uma disseminação em massa do coronavírus.

O prefeito sinalizou que ao final do 14º dia do isolamento, poderá haver a flexibilização do isolamento para o retorno de algumas atividades econômicas.

Mas, ele enfatizou que a decisão terá que ser embasada de forma técnica e, para isso, é preciso analisar a situação.

Pode, até, ser que a flexibilização não aconteça, se houver um avanço nos indicadores de propagação do vírus e da doença.

“Não existe um manual que nos ensine a lidar com a pandemia”, frisou, acrescentando:

“Temos que fazer as coisas com responsabilidade”.

Na sua avaliação, é importante que haja a preocupação com a questão econômica, mas é fundamental pensar na saúde das pessoas, sobretudo, aquelas que têm idosos em casas ou pessoas com histórico de doenças crônicas.

“Não adianta procurar quem é o responsável pelo coronavírus, porque não vai achar; não adianta querer achar quem é o certo e quem é o errado, porque não vai achar. Quem vai fazer o julgamento é a história”, desabafou o prefeito.

Para eles todos estão preocupados com a saúde das pessoas, ou seja, o prefeito com as suas responsabilidades; o governador e o presidente da República, também com as suas responsabilidades.

Contudo, lembrou que as coisas acontecem nos municípios, que recebem, apenas, 10% dos impostos arrecadados pelo País, sendo que 70% fica concentrado na União e 20% é distribuído aos estados.

A estrutura que foi montada, ou seja, o Centro de Internação, conta com recursos somente do Tesouro Municipal.

De acordo com Roberto Naves, a previsão é de que a Prefeitura tenha um gasto mensal com a crise do coronavírus, na casa de R$ 4 milhões/mês.

Prorrogação do IPTU

Questionado sobre uma possível prorrogação no prazo do IPTU e de outros tributos locais, o prefeito disse que não há, ainda, nenhuma decisão tomada neste sentido, mesmo porque ainda há um prazo para isso, uma vez que o calendário do IPTU começa a partir de 13 de abril próximo e é preciso analisar que medidas o Governo Federal irá tomar em apoio aos estados e municípios, que terão grandes perdas de arrecadação.

De acordo com Roberto Naves, a Secretaria Estadual da Fazenda estima que poderá haver uma queda de até 50% na arrecadação do ICMS, o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços, que tem uma parte dividida entre os municípios.

“Aqui nós temos uma situação melhor do que muitas cidades, porque fizemos o dever de casa e, por isso, somos o primeiro município a montar uma estrutura própria para atender os pacientes do coronavírus”, enfatizou,

lembrando que este mês foi também possível a Prefeitura fazer o pagamento dos servidores dentro do mês trabalhado, porém, disse não saber se isso será possível nos próximos meses.

“Nos próximos 60 a 90 dias vai ser assim, vamos ter que viver minuto a minuto”, pontuou o prefeito.

Testes

Roberto Naves anunciou que a Prefeitura está finalizando a compra de 10 mil testes, o que vai permitir ter um “diagnóstico” mais preciso da situação do coronavírus em Anápolis.

Numa realidade que não é diferente da quase maioria dos municípios brasileiros, hoje, com quase 400 mil habitantes, só está sendo possível fazer a testagem em 20 pacientes a cada semana.

Dentro desse quadro, disse o Prefeito, “nunca vamos chegar a um número mais realista”.

Com a compra do lote de teste, entretanto, a situação será outra, inclusive, no sentido de nortear as decisões.

Funcionamento

Sobre o funcionamento do Centro de Internação, Roberto Naves explicou que não se trata de uma unidade “porta aberta”, ou seja, as pessoas não devem ir lá para serem atendidas.

Pelo fluxograma montado pela secretaria municipal da Saúde, a porta de entrada será a triagem pelo ZAP do coronavírus.

A partir de várias perguntas que são feitas ao paciente, ele pode ser orientado a ficar em casa ou, se apresentar alguns sintomas, pode ser encaminhado para uma das cinco Unidades de Referência.

O Centro de Internação será apenas para os pacientes sintomáticos e já com algum agravante da COVID-19.

Nos próximos 30 dias, conforme anunciou Roberto Naves, um novo Centro de Internação deve ser entregue.

Ele deverá funcionar nas instalações que eram do Hospital Nossa Senhora Aparecida.

As negociações para a locação já estão em andamento e em breve, deve começar o trabalho de reforma e adaptação.

A meta, é que a cidade tenha pelo menos 100 leitos de internação e 30 de UTI.

Também poderão ser utilizadas estruturas existentes no Hospital Municipal e na Unidade de Pronto Atendimento (UPA).

De Claudius Brito