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Lição de altivez

A injustificável agressão de Doria à mulher que governa Bauru

“Se o comércio e os serviços ficassem fechados por muito tempo, não haveria o que reabrir”

Durante a campanha que a transformaria em prefeita de Bauru, Suellen Rossin criticou a abrangência e a rigidez das quarentenas impostas à cidade pelo governo estadual desde o começo da pandemia de coronavírus.

Sempre recomendando a adoção de medidas que podem evitar o agravamento da crise sanitária, a candidata avisou que, se eleita, tentaria livrar da completa paralisia o comércio e o setor de serviços, fundamentais para a sobrevivência econômica de um município desprovido de indústrias. Coerentemente, procurou cumprir a promessa na última semana do primeiro mês de mandato.

Assim que recebeu o decreto do governador João Doria que, no fim de janeiro, decretou a interrupção do funcionamento de todas as atividades consideradas não essenciais, Suellen retocou o documento para adaptá-lo ao perfil de Bauru.

“Se o comércio e os serviços ficassem fechados por muito tempo, não haveria o que reabrir”, explica.

Em seguida, saiu em busca de socorro para uma rede hospitalar dramaticamente precária.

Viajou para São Paulo, onde se encontrou com o governador e alguns secretários, e voou para Brasília. Ali conversou com integrantes do primeiro escalão, em audiências facilitadas pelo bauruense Marcos Pontes, ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, e foi recebida pelo presidente da República.

Doria não gostou das alterações no seu decreto. Gostou menos ainda da foto que mostra Suellen ao lado de Jair Bolsonaro.

E recorreu à Justiça para que Bauru cumprisse todas as normas baixadas pelo governo estadual.

No mesmo dia, o Tribunal de Justiça paulista exigiu o completo enquadramento da cidade na fase vermelha do Plano São Paulo. Como não há punições para fotos incômodas, Doria resolveu castigar Suellen verbalmente.

No fim da entrevista coletiva desta segunda-feira, acusou a prefeita de

“negacionista e afirmou que, ao conversar com o presidente, “prestara vassalagem a Bolsonaro”.

Suellen respondeu com o vídeo abaixo. Disse que foi ao encontro das autoridades paulistas, dos ministros e de Bolsonaro porque, se fosse necessário para ajudar Bauru, iria até a Lua.

https://twitter.com/edilomcardoso/status/1356790380528828418

“Se eu fosse negacionista, não tentaria melhorar a rede hospitalar da região”, lembrou. “E nunca fui vassala de ninguém. Sou uma mulher independente”.

https://www.instagram.com/tv/CKw7TvFBAuu/?utm_source=ig_embed

Encerrou a lição de altivez e elegância exigindo ser tratada com o mesmo respeito que tem por um governador do Estado.

Mulher e negra, mas evangélica e conservadora, Suellen não mereceu uma única palavra de solidariedade remetida por movimentos que juram combater a misoginia e o racismo.

Homenagens desse tipo são reservadas a militantes antibolsonaristas.

Até agora, o governador não se desculpou pela agressão injustificável.

By AUGUSTO NUNES

[caption id="attachment_93491" align="alignnone" width="1024"] Prefeita de Bauru, Suéllen Rosim esteve em Bauru e se encontrou com Bolsonaro
REPRODUÇÃO/INSTAGRAM[/caption]
[caption id="attachment_93492" align="alignnone" width="1024"] Suéllen Rosim (Patriota), prefeita de Bauru. Foto: Divulgação/Patriota[/caption]
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  • Gildo Ribeiro

    Gildo Ribeiro é editor do Grupo 7 de Comunicação, liderado pelo Portal 7 Minutos, uma plataforma de notícias online.

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