Pai padrasto
Ao atacar a família da primeira-dama, petistas esquecem de esconder o pai de Lula
Alcoólatra, agressor .

É assim que Aristides Inácio da Silva, pai do ex-presidente Lula, era conhecido.
Na tentativa desesperada de encontrar pelo em ovo na mesa de jantar da família Bolsonaro, a revista Veja, que agora anda de braços dados com o PT – quem diria? –, publicou a matéria “O drama de Michelle: avó traficante e mãe acusada de falsificação”, com o objetivo claro de desgastar a imagem do presidente Jair Bolsonaro (PSL) e de sua esposa.
Cada família tem a sua ovelha negra.
O falecido Aristides é um exemplo.
Em 2002, a revista Época fez uma matéria sobre o personagem apagado na biografia oficial do então candidato Lula.
Leia:
Pai padrasto
http://revistaepoca.globo.com/Epoca/0,6993,EPT359275-1659-1,00.html
Da Redação
Link original da matéria:
https://fredlima.blog.br/2019/08/19/ao-atacar-a-familia-da-primeira-dama-petistas-esquecem-de-esconder-o-pai-de-lula/
Atualização:
Pai padrasto
Personagem apagado na biografia oficial de Lula, Aristides da Silva resiste como lembrança incômoda
Os brasileiros não viram a parte mais dolorida do programa em que Luiz Inácio Lula da Silva contou a história de sua vida. Durante a gravação, o candidato do PT chorou ao lembrar que o pai, Aristides Inácio da Silva, deu sorvete a dois de seus meios-irmãos e negou a ele.
‘Você não sabe chupar sorvete’, disse-lhe o pai. Lula decidiu cortar a passagem do programa para não ‘expor uma dor pessoal’, como revelou o jornal O Globo no sábado 27.
Lula não gosta de falar do pai, o personagem mais controverso de uma saga pessoal marcada por sofrimentos comuns à maioria dos brasileiros pobres.
Quando é obrigado a recordá-lo, o faz com os olhos marejados. Nega qualquer influência dele em sua vida. ‘Hoje, aos 56 anos, eu perdôo meu pai’, disse Lula a ÉPOCA.
‘Valeu o espermatozóide que me gerou.’
O pai de Lula, morto em 1978 de alcoolismo, sobrevive nas lembranças do filho como pura dor.
Ele foi sepultado como indigente no cemitério de Vicente de Carvalho, no litoral paulista. Nenhum dos filhos quis retirá-lo da vala comum dos desvalidos para lhe dar um túmulo e um epitáfio.
‘Morreu. Tava feito’, diz o filho mais ilustre.
O que Lula se esforça para enterrar é a herança de Aristides: abandono e brutalidade.
O legado do pai padrasto é a chave para compreender a gênese do homem carismático, de gestos generosos e comportamento acolhedor que quer ser presidente do Brasil.
Ausente na história, a memória do pai é tão onipresente quanto o dedo decepado de Lula.
Reduzida a duas linhas na biografia de campanha, Aristides é uma imensa sombra emocional.
A história tem início em setembro de 1945, quando Aristides deixa Caetés para empreender o êxodo para São Paulo.
Faltava um mês para Lula nascer.
O pai não esperou.
É também ali, na voragem do sertão pernambucano, que começa a saga da família Silva.
‘Uma síntese tão perfeita do país que, se fosse ficção, seria considerada de má qualidade, porque tudo se encaixa’, define a jornalista e historiadora Denise Paraná.
Autora de uma tese de doutorado defendida na USP e publicada no livro O Filho do Brasil, Denise usa recursos da psicanálise para estudar a construção de Lula como líder de massas a partir da relação com os pais.
Foi a única, entre muitos biógrafos do candidato, a apontar a importância de Aristides.
‘Lula precisou destruir a autoridade paterna ä para reconstruir a própria autoridade, um novo projeto para ele e para os seus.
Persegue esse objetivo incansavelmente’, afirma.
‘Ao superar o pai, mudou radicalmente um destino que poderia ter repetido o de Aristides, como tantos brasileiros que compartilham dessa origem, mas que chegou a Lula.’
A VELHA FAMÍLIA SILVA
Até a morte, dona Lindu (à esq.), a mãe de Lula (no círculo), manteve os filhos unidos e a casa aberta aos parentes.
É na oposição entre a tirania do pai e a rebeldia da mãe que a biógrafa encontra o cimento que amalgamou os alicerces do Lula atual.
Aristides foi um déspota familiar típico, que aplicava surras constantes e inexplicáveis nos filhos, negando a eles qualquer possibilidade de progresso ao lhes proibir estudar.
Se tivesse desaparecido da vida de Lula mais cedo, talvez as marcas deixadas fossem menos difíceis de apagar.
Para o presidenciável, não se trata de lidar com o abandono do pai, como tantos órfãos que aos poucos aprendem a suportar a dor de uma ausência, mas de carregar a lembrança de humilhações sucessivas por parte de um personagem cujo papel, para a maioria das pessoas, é de fundador da personalidade e semeador de esperanças.
A mãe, Eurídice Ferreira de Mello, a dona Lindu, abandonou Aristides depois de um longo rosário de sofrimentos, levando pela mão os oito filhos.
Até morrer, em 1980, de câncer, cumpriu o juramento feito ao marido de nunca mais lhe botar os olhos.
Apenas Genival da Silva, o Vavá, visitava o pai em Santos.
Mesmo adulto, não tinha coragem de fumar na frente de um Aristides já derrotado pela bebida.
Dos traços físicos paternos, os irmãos só admitem que Lula herdou o nariz.
Como qualidade a ser exaltada, apenas o fato de que Aristides era trabalhador.
Sem ser politizado, tinha seus ídolos: Getúlio Vargas e Luiz Carlos Prestes.
Lula credita todas as virtudes herdadas à mãe, que ao deixar o marido depositou no caçula suas melhores expectativas.
Ao contrário do pai, a quem reservou um lugar de indigente também em sua história, ele instalou a mãe no posto mais importante de sua vida.
‘Minha mãe largou tudo e foi embora. Para mim essa coragem foi impressionante’, enfatiza. ‘
Ela mostrou que é possível vencer.
Basta brigar.
Ao deixar o sertão e a esposa com a barriga espichada do sétimo filho, Aristides carregou com ele uma menina de 16 anos.
Dona Lindu desconhecia a traição.
Com pouco mais de 70 anos, Valdomira Ferreira de Góis é o que restou dessa fuga.
Prima da mãe de Lula, ela ficou conhecida como dona Mocinha, a garota que partiu com o marido alheio para a cidade grande. É dela o relato: ‘
Um dia eu voltava da escola e uma mulher me perguntou se eu não queria ir embora com ele.
Eu pensei que era para trabalhar, não sabia que era para virar mulher.
Ele me pegou de noite e viemos embora’, conta.
Ele foi preso no Recife e depois no Rio porque eu era de menor.
Falava que eu era irmã, mas o documento não marcava.
Depois fomos para São Paulo.
Eu já não tinha mais valor no Norte, então fiquei mais ele.’
Se interessar no conhecimento desta historia no link abaixo são 4 paginas
Link original da matéria:
https://fredlima.blog.br/2019/08/19/ao-atacar-a-familia-da-primeira-dama-petistas-esquecem-de-esconder-o-pai-de-lula/

