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Diário de um cronista Um criminoso

Matou o presidente e foi ao cinema

As cenas bizarras que vieram a público nos últimos dias celebram o maior dos sacramentos da esquerda: a morte do inimigo político

No artigo Bandidos e letrados, escrito há quase 30 anos, Olavo de Carvalho analisou as raízes profundas da criminalidade no Brasil.

 

De maneira inédita,

ele apontava a responsabilidade da classe intelectual na criação do fenômeno que hoje denominamos “bandidolatria” (para usarmos uma expressão consagrada pelos juristas Diego Pessi e Leonardo Giardin em um livro fundamental).

Dizia Olavo, em 1994:

“Há sessenta anos os nossos escritores e artistas produzem uma cultura de idealização da malandragem, do vício e do crime. Como isto poderia deixar de contribuir, ao menos a longo prazo, para criar uma atmosfera favorável à propagação do banditismo?”

 

Filmes, romances,

novelas, seriados, músicas e peças de teatro produzidos ao longo das últimas décadas, com raríssimas exceções, exaltaram a figura do bandido e demonizaram a figura do policial.

Ao mesmo tempo, um dos temas onipresentes na produção artística nacional foi a luta de classes.

 

Por várias gerações,

a mentalidade revolucionária predominou entre escritores, cineastas, roteiristas, dramaturgos e compositores, com o respaldo da grande mídia e das universidades.

“Ora, um dos sacramentos maiores da mentalidade revolucionária é a morte do inimigo político.”

 

É assim desde

que as turbas em revolta tomaram a Bastilha, em 1789 e, não tendo encontrado ali nenhum prisioneiro para libertar, degolaram o comandante da prisão e saíram com a sua cabeça espetada numa lança pelas ruas de Paris.

Aquilo era um prenúncio do Terror jacobino de 1793-94, quando milhares de “inimigos da Revolução” foram guilhotinados. Nos processos revolucionários do século XX, o padrão se repetiu, com a matança generalizada na Rússia de Lênin-Trotsky-Stálin, na Alemanha de Hitler, na China de Mao, no Camboja de Pol Pot, na Cuba de Che-Fidel e em tantos outros lugares.

Não há revolução digna do nome sem derramamento de sangue.

 

Marx via

com muita desconfiança o papel do chamado lumpemproletariado – a classe dos marginais, bandid0s, traficantes, viciados, estudantes radicais – no processo revolucionário.

Seu grande rival, o russo Mikhail Bakunin, ao contrário, via os bandidos como aliados importantes na tomada do poder. À época da Revolução Russa, porém, os marxistas já sabiam que as classes criminosas eram pródigas em fornecer quadros militantes.

Não foi por acaso que Lênin escolheu Stálin, um assaltante de bancos, como um de seus principais assessores.

 

Mais tarde,

quando o georgiano se tornou ditador, os criminosos eram chamados de “socialmente próximos” no inferno do Gulag, e possuíam um papel essencial na administração dos campos de concentração comunistas.

Nos anos 60, um dos expoentes da Escola de Frankfurt, o sociólogo Herbert Marcuse, teorizou a importância do lúmpen na revolução. Marcuse foi o vovô dos Adélios que infestam o mundo ocidental.

 

Neste final de semana,

vieram a público as imagens do filme A Fúria, do cineasta moçambicano Ruy Guerra, produzido pelo Canal Brasil, um dos braços da Rede Globo.

 

São imagens grotescas

sob qualquer ponto de vista.

“Em termos políticos, mostram a verdadeira face da esquerda brasileira, em sua obsessão pelo assassinato dos adversários.”

 

Em termos artísticos,

são de uma tosquice atordoante, quase ao nível das produções da pornochanchada dos anos 70, nos estúdios da Boca do Lixo.

 

O mais triste

é que parte dessa produção bizarra pode ter sido financiada com dinheiro dos pagadores de impostos – ou seja, eu e você.

 

Aos 90 anos,

Ruy Guerra não poderia encerrar sua longa carreira sem um filme ruim.

Em 1962, ele cometeu Os Cafajestes – cujo grande mérito foi mostrar o primeiro nu frontal do cinema brasileiro.

Em 1985, ele desovou A Ópera do Malandro – com um inacreditável Edson Celulari no papel principal e uma Marieta Severo mais desafinada que um calouro do Bolinha.

Em 1988, veio à luz Quarup, baseado no romance de Antonio Callado, um filme que fazia a defesa da luta armada e antecipou a histeria militante dos que usam os povos indígenas como bucha de canhão da agenda globalista.

 

A Fúria,

segundo o próprio Ruy Guerra, é o fechamento da trilogia iniciada com Os Fuzis (1964) e continuada por

A Queda (1978) – dois filmes cujas histórias esquematizam o ódio de classe e colocam o cinema a serviço de uma agenda política.

Pelo que vimos, o velho amigo dos regimes comunistas pretende agora terminar a sua coleção de clichês revolucionários com o maior deles: a morte do inimigo.

Parodiando o título de um velho filme dos anos 60, refilmado depois por um dos cineastas da geração Embrafilme, a última película de Ruy Guerra poderia levar outro nome:

Matou o presidente e foi ao cinema.

Os Adélios vão adorar.

“Nada existe na realidade política de um país que não esteja primeiro na sua literatura.”
(Hugo von Hofmannsthal)

By: Paulo Briguet
Paulo Briguet é escritor e editor-chefe do BSM.

Link original da matéria:
https://brasilsemmedo.com/matou-o-presidente-e-foi-ao-cinema/ 

A  última película de Ruy Guerra poderia levar outro nome: Matou o presidente e foi ao cinema.
Nesta produção de Ruy Guerra: São imagens grotescas sob qualquer ponto de vista.
“Em termos políticos, mostram a verdadeira face da esquerda brasileira, em sua obsessão pelo assassinato dos adversários.”
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  • Gildo Ribeiro

    Gildo Ribeiro é editor do Grupo 7 de Comunicação, liderado pelo Portal 7 Minutos, uma plataforma de notícias online.

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