O TCE também apura o caso
Witzel é incluído em investigação no STJ sobre fraude na compra de respiradores
Operação Mercadores do Caos, que investiga se houve prejuízo aos cofres públicos com a aquisição dos equipamentos, é conduzida pela Polícia Civil e pelo Ministério Público do Rio.
BRASÍLIA — O governador do Rio, Wilson Witzel, foi incluído em um inquérito no Superior Tribunal de Justiça (STJ) que investiga um suposto esquema de corrupção na compra, pelo estado, de respiradores destinados ao tratamento de pacientes infectados com o coronavírus.
A operação Mercadores do Caos, que investiga se houve prejuízo aos cofres públicos com a aquisição dos equipamentos, é conduzida pela Polícia Civil e pelo Ministério Público do Rio.
O Tribunal de Contas do Estado também apura o caso.
Policiais e promotores não explicaram o motivo da inclusão do nome do governador no inquérito, que corre sob sigilo.
Como o governador tem foro privilegiado, parte da investigação foi deslocada para o STJ.
Em nota, o governador Wilson Witzel afirmou nesta sexta-feira que não foi notificado oficialmente sobre qualquer investigação relativa ao caso e que, se isso acontecer, estará à disposição para prestar esclarecimentos. Witzel reiterou, em nota, seu respeito às instituições e lamentou que
“pessoas queiram cometer ilícitos, principalmente neste momento de pandemia e de luta pela vida de milhares de pessoas”.
A Procuradoria-Geral da República (PGR), por sua vez, apurava indícios sobre a participação de Witzel nas irregularidades. Nos últimos dias, com a ajuda dos investigadores do Rio, a PGR reuniu elementos contra Witzel e enviou o caso para o STJ, que é o foro indicado para julgar governadores. O inquérito está sob sigilo.
Segundo as investigações em curso, houve várias irregularidades nos contratos celebrados para a compra dos equipamentos e nos pagamentos antecipados a fornecedores.
Na terça-feira, a Justiça do Rio bloqueou bens e valores de três empresas contratadas pelo governo do estado para a aquisição dos respiradores.
Os sócios das empresas também tiveram bens bloqueados.
O ex-subsecretário estadual de Saúde Gabriell Neves é uma das pessoas investigadas.
Três fornecedores de respiradores e um outro ex-subsecretário foram presos por supostas irregularidades em contratos emergenciais firmados com a justificativa de combater o coronavírus.
Na semana passada, quatro pessoas foram presas na primeira fase da operação:
- Gabriell Neves, que já tinha sido exonerado do cargo;
- Gustavo Borges, seu sucessor, que também acabou perdendo a função;
- Aurino Filho, dono de uma das empresas que ganharam contratos para fornecer respiradores; e
- Cinthya Silva Neumann, sócia de uma outra firma.
Números da pandemia:
“Rio registra 191 mortes nas últimas 24 horas e quase 20 mil casos acumulados de Covid”
O governo comprou, ao todo, mil respiradores de três empresas diferentes. A ARC Fontoura vendeu 400 aparelhos, mas só entregou 52.
Os ventiladores mecânicos entregues, no entanto, não são recomendados para o tratamento da Covid-19.
O custo total da compra foi de R$183,5 milhões.
O governo já havia pago parte deste valor.
Na terça-feira, cancelou os contratos com as três empresas.
Até esta sexta-feira, foram cancelados 44 dos 66 contratos emergenciais firmados durante a pandemia, por suspeitas de irregularidades.
Mais irregularidades
Na quinta-feira, uma outra operação resultou na prisão de dez pessoas acusadas de planejar esquemas de superfaturamento em compras e serviços contratados em caráter emergencial na área de saúde do estado.
A investigação, conduzida pela Polícia Federal, pelo Ministério Público fluminense e pelo Ministério Público Federal, aponta que até mesmo os hospitais de campanha para tratamento de pacientes com a Covid-19 entraram na mira dos fraudadores, que teriam causado um prejuízo de quase R$ 700 milhões aos cofres do estado nos últimos oito anos.
O empresário Mário Peixoto, que presta serviços ao estado desde 2012, quando o governador era Sérgio Cabral, está entre os presos e seria o chefe dos esquemas.
Nesta sexta, o governador Wilson Witzel voltou a desqualificar o Instituto Unir, organização social que, suspeita de irregularidades em contratos, havia sido habilitada, no ano passado, a fechar contratos com o estado.
By Carolina Brígido
Link original da matéria:
https://oglobo.globo.com/rio/coronavirus-witzel-incluido-em-investigacao-no-stj-sobre-fraude-na-compra-de-respiradores-1-24430642
Lauro Jardim
Witzel repete ladainha que Bolsonaro usa para agredi-lo
Wilson Witzel resolveu reproduzir o comportamento adotado por Jair Bolsonaro quando se vê fustigado pelos representantes da lei.
Witzel passou o dia de ontem afirmando entre os seus aliados que havia dedo de Bolsonaro na operação da Polícia Federal que mirou um esquema de corrupção na secretaria estadual de Saúde. Na operação realizada anteontem, a PF apenas executou o que foi pedido pelo MPF e MP do Rio de Janeiro e autorizado pelo Judiciário.
É a velha estratégia de se tentar empurrar os podres de um governo para o quadrante da perseguição política.
Assim como Bolsonaro acusa Witzel de usar a Polícia Civil para amofiná-lo, agora o governador retribui na mesma moeda, aquela que não convence ninguém.
By Lauro Jardim
Link original da matéria:
https://blogs.oglobo.globo.com/lauro-jardim/post/witzel-repete-ladainha-que-bolsonaro-usa-para-agredi-lo.html
diz Witzel a secretários
‘Envolveram meu nome em negociações espúrias’
Governador do Rio enviou na manhã deste sábado mensagem para equipe de governo sobre Operação “Favorito”
RIO — O governador do Rio, Wilson Witzel, enviou na manhã deste sábado uma mensagem para seus secretários de governo fazendo uma menção a um esclarecimento que irá fornecer ao Superior Tribunal de Justiça sobre os desdobramentos da Operação “Favorito”, deflagrada pela Operação Lava-Jato no Rio por meio do Ministério Público Federal do Rio (MPF), em parceria com a Polícia Federal e com o Ministério Público do Rio (MP-RJ). Witzel fez uma referência a uma suposta menção a ele durante uma escuta telefônica obtida na operação.
“Envolveram meu nome em negociações espúrias vendendo minha decisão sobre a empresa Unir, sem qualquer participação da minha parte. Agi da mesma forma como sempre fiz como juiz federal, ouvir as partes, analisei as provas dos autos e decidi conforme minha convicção.
Conversas telefônicas lançaram dúvidas sobre minha honestidade, mas graças a Deus a magistratura brasileira me conhece e sabe que eu nunca fui capaz de vender, sentença ou qualquer decisão em 17 anos como juiz federal e não seria agora que eu trairia meus princípios, mas há na advocacia e na política os espertalhões para falar besteira e querer se dar bem, infelizmente.
Vamos rapidamente esclarecer tudo ao STJ e acabar com isso”, afirmou Witzel na mensagem aos secretários.
Witzel também disse que os dias são difíceis, mas acredita que as ações da Justiça Federal darão paz no caminho até 2022.
“Foi muito importante que a justiça federal tenha revelado os fatos, com instrumentos que somente os juízes tem, escutas telefônicas, especialmente. Todos os acontecimentos que agora se revelam, nós darão paz para seguirmos nosso caminho e chegar em 2022 com a cabeça erguida”, escreveu o governador.
Ofício ao STJ
Segundo o portal G1, a Lava-Jato do Rio enviou um ofício, na última quarta-feira, à vice-Procuradoria-Geral da República sobre supostas menções ao governador Wilson Witzel na investigação que levou à Operação Favorito. Na quinta-feira, foram presos o empresário Mário Peixoto e mais 14 pessoas.
As empresas do empresário possuem contrato com o estado do Rio desde a gestão de Sérgio Cabral (MDB) e permaneciam durante o governo de Witzel. De acordo com o MPF, esses contratos foram renovados por meio do pagamento de propina.
Investigadores acreditam que Peixoto é o verdadeiro dono da Organização Social (OS) Instituto Unir Saúde, responsável pela administração de Unidades de Pronto Atendimento (UPA).
A Unir tinha sido proibida de fazer contratos com o poder público em outubro, após a constatação de irregularidades na prestação de serviços. No entanto, um ofício assinado por Witzel revogou a proibição. Para o MPF, não há justificativa técnica para o despacho.
Luiz Roberto Martins Soares, segundo o MPF, é o outro dono da OS. Em interceptação telefônica autorizada pelo Judiciário, Luiz comemora a decisão que permitiu a contratação da empresa pelo governo.
Na medida cautelar que o MPF propôs para a operação de quinta-feira, é apresentado um diálogo no qual investiga-se uma suposta referência a Witzel durante uma conversa entre o ex-deputado Luiz Roberto Martins Soares, que segundo o MPF, seria o outro dono da OS.
“O ‘zero um’ do palácio assinou aquela revogação da desclassificação da Unir”
disse Martins para o ex-prefeito de Nova Iguaçu Nelson Bornier durante a interceptação. Ele é pai de Felipe Bornier, secretário de esportes do governo de Witzel. Um dia antes da ligação o despacho do governador tinha sido publicado no diário oficial.
Mensagem Witzel a secretários
“Bom dia Secretários e Secretárias.
Teremos dias difíceis pela frente, mas agradeço sempre a Deus pela proteção. Foi muito importante que a justiça federal tenha revelado os fatos, com instrumentos que somente os juízes tem, escutas telefônicas, especialmente.
Todos os acontecimentos que agora se revelam, nós darão paz para seguirmos nosso caminho e chegar em 2022 com a cabeça erguida. Envolveram meu nome em negociações espúrias vendendo minha decisão sobre a empresa Unir, sem qualquer participação da minha parte.
Agi da mesma forma como sempre fiz como juiz federal, ouvir as partes, analisei as provas dos autos e decidi conforme minha convicção.
Conversas telefônicas lançaram dúvidas sobre minha honestidade, mas graças a Deus a magistratura brasileira me conhece e sabe que eu nunca fui capaz de vender, sentença ou qualquer decisão em 17 anos como juiz federal e não seria agora que eu trairia meus princípios, mas há na advocacia e na política os espertalhões para falar besteira e querer se dar bem, infelizmente.
Vamos rapidamente esclarecer tudo ao STJ e acabar com isso.
Vamos continuar nosso trabalho que está sendo maravilhoso e incomodando os adversários. Não deixarei de criticar duramente e agir contra as ações do presidente, seus deputados e seguidores que agem pra causar o caos e o desespero da nação, espalhando mentiras a todo tempo.
Não vão me intimidar, muitos tentaram e continuarão tentando, mas nas sábias escrituras eu sempre busco as respostas:
- “7 Mil cairão ao teu lado, e dez mil, à tua direita, mas tu não serás atingido.
- 8 Somente com os teus olhos olharás e verás a recompensa dos ímpios.
- 9 Porque tu, ó Senhor, és o meu refúgio! O Altíssimo é a tua habitação. Salmos.
Tomei decisões difíceis na minha vida e talvez a maior delas foi deixar a magistratura para lutar por ideais, ajudar a construir uma sociedade melhor e não vou parar enquanto Deus permitir que eu esteja neste plano.
Obrigado pela confiança.”
By Juliana Dal Piva
Link original da matéria:
https://oglobo.globo.com/brasil/envolveram-meu-nome-em-negociacoes-espurias-diz-witzel-secretarios-1-24431106
O governador durante uma visita ao hospital de campanha do Maracanã: unidades de saúde do estado ainda aguardam respiradores Foto: Rogerio Santana - Governo do Rio / Divulgação[/caption]
Governador Wilson Witzel 08/05/2020 Foto: Gabriel Monteiro / Agência O Globo[/caption]



