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Provocando um efeito psicológico

Cyberataques e a Vulnerabilidade dos Sistemas Elétricos

O Caso da Espanha e Portugal

Nas últimas décadas, a crescente digitalização dos sistemas elétricos trouxe eficiência, automação e controle em tempo real para redes de energia em todo o mundo.

No entanto, essa mesma transformação tecnológica também abriu novos vetores de risco: os cyberataques.

Um ataque cibernético bem-sucedido pode não apenas comprometer dados e processos administrativos, mas literalmente apagar as luzes de uma nação — afetando hospitais, comunicações, transportes e a economia como um todo.

Sistemas elétricos modernos, como os utilizados na Espanha e em Portugal, são baseados em infraestruturas críticas interligadas.

Subestações, usinas, centros de despacho e redes de distribuição estão conectados a redes digitais que usam protocolos industriais como SCADA (Supervisory Control and Data Acquisition).

Embora essas redes sejam muitas vezes isoladas (air-gapped), existe uma crescente interligação com sistemas corporativos e acesso remoto, o que amplia as superfícies de ataque.

Algumas vulnerabilidades típicas incluem:

  • Acesso remoto não autorizado por meio de falhas de autenticação;
  • Exploração de vulnerabilidades de software em dispositivos de controle;
  • Ataques de ransomware que criptografam sistemas e exigem resgate;
  • Ataques de negação de serviço (DDoS) para sobrecarregar redes de comunicação;
  • Inserção de malwares diretamente nas redes operacionais.

Um ataque direcionado pode gerar apagões generalizados, danificar fisicamente equipamentos caros (como transformadores) e desestabilizar toda a infraestrutura energética de uma região — com reflexos graves em setores como saúde, segurança pública, transporte e abastecimento.

O que poderia ter acontecido na Espanha e Portugal?

Embora as investigações ainda estejam em andamento, é plausível considerar que o apagão parcial que afetou partes da Espanha e de Portugal tenha sido provocado por:

Uma falha técnica desencadeada ou explorada por um ataque cibernético;

Um teste deliberado de vulnerabilidade, típico de ações de guerra cibernética irregular;

Um ataque indireto explorando dependências tecnológicas, como sistemas de satélites ou comunicações utilizadas pelas redes elétricas.

O padrão observado — interrupção rápida, desativação de múltiplos setores ao mesmo tempo e recuperação relativamente rápida — é compatível com técnicas modernas de ataque cibernético associadas à guerra irregular.

Relação com guerra irregular e guerra assimétrica

Guerra irregular é a prática de combates não convencionais, onde o objetivo principal é desestabilizar o inimigo usando táticas indiretas — sabotagem, insurgência, ataques cibernéticos, terrorismo — em vez de confrontos militares tradicionais.

Dentro da guerra irregular, destaca-se a guerra assimétrica, quando um oponente mais fraco (em termos militares tradicionais) utiliza métodos inovadores, tecnológicos ou de guerrilha para atingir pontos frágeis do adversário mais forte.

 

O cyberespaço tornou-se o novo campo de batalha ideal para essas formas de guerra:

Custo baixo, impacto alto: um grupo pequeno ou mesmo um Estado menor pode causar enormes prejuízos atacando redes elétricas, sem precisar de tanques, aviões ou frotas.

Negação plausível: como é difícil atribuir a autoria de um ataque cibernético com provas cabais, os responsáveis podem negar envolvimento, dificultando a resposta militar tradicional.

Efeito psicológico: além do dano material, o impacto psicológico da perda súbita de energia ou da paralisação de serviços essenciais enfraquece a confiança pública e desestabiliza governos.

Exemplos recentes, como o ataque cibernético contra a rede elétrica da Ucrânia em 2015 (atribuído ao grupo “Sandworm”, ligado à Rússia), mostram como a guerra assimétrica se manifesta claramente no ambiente energético.

O que vimos hoje na Espanha e em Portugal pode ser um alerta precoce.

A segurança energética já não depende apenas de linhas de transmissão e manutenção física: depende agora, de forma crítica, de resiliência cibernética.

Em um mundo onde guerras são travadas não apenas com bombas, mas com códigos, proteger os sistemas elétricos significa também preparar-se para os desafios da guerra irregular e assimétrica.

Por Carlos Marcelo Cardoso Fernandes

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Uma falha técnica desencadeada ou explorada por um ataque cibernético;
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  • Marcelo Fernandes

    Coronel Intendente da Reserva da Aeronáutica; Administrador de Empresas; Especialista em Orçamento, Planejamento e Gestão Pública; Especialista em Logística Empresarial. Hoje é tambem uma grande autoridade no assundo de Drones e suas legislações do bom uso.

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