Como darknets, elas surgiram
Quem criou a deep web?
Antes mesmo de a internet existir, já havia redes secretas para a circulação de informações sigilosas.

Chamadas de darknets, elas surgiram ainda no tempo da Arpanet e seus endereços não apareciam nos índices oficiais de laboratórios, bases militares e universidades. Embora recebessem dados da Arpanet, elas não estavam abertas nem enviavam informações para fora.
Na década de 1980,
o compartilhamento de conteúdos privados ou até ilegais
passou a usar servidores de países com leis mais flexíveis — localidades do
Caribe costumavam hospedar esse material, que podia envolver apostas,
pornografia e outros. Atualmente, essa estratégia é usada por sites de
pirataria.
Quando a internet começou
a se popularizar, nos anos 1990, o surgimento de uma
rede centralizada levou à criação de novas estratégias para proteger
determinadas informações. Para evitar toda essa exposição surgiu a deep web — em
tradução livre: internet profunda. Ela é diferente das páginas ocultadas
intencionalmente por, por exemplo, governos totalitários, que desindexam links
com informações públicas.
A deep web
é considerada uma internet invisível, já que seu conteúdo não é de
fácil acesso e seus criadores optam por manter o anonimato. Basicamente, é uma
zona da internet que não pode ser detectada facilmente por motores de busca
tradicionais — o que garante essa privacidade. Ela é formada por sites, fóruns e
comunidades, e engloba a dark web, que costuma ter conteúdos ilegais.
A parte visível já indexada da internet é conhecida como web de superfície e o
que está fora do alcance dos varredores de links é a deep web. A criação desse
ambiente veio da necessidade de ter um sistema de comunicações secreto na
internet.
Quem o desenvolveu foi o Laboratório de Pesquisas da Marinha dos EUA:
que criou
o The Onion Routing — “onion” significa “cebola” e o nome é uma alusão às
camadas que devem ser atravessadas para chegar ao conteúdo em um site da deep
web. A ideia inicial foi dos cientistas Paul Syverson, Michael G. Reed e David
Goldschlag para mascarar a identidade online de agentes em missões de campo ou
infiltrados.
Em 2002,
foi lançada uma alternativa do projeto para fins não-governamentais.
Ela recebeu o nome de Tor (a sigla de The Onion Routing) e sua primeira versão
estável foi liberada para uso no ano seguinte. Hoje, a organização The Tor
Project licencia gratuitamente o código da plataforma e mantém tudo funcionando.
Tor é o navegador da deep web
O Tor, então, se tornou o navegador usado nos confins da internet — muitas
vezes, para praticar crimes. Os domínios das páginas navegadas no Tor não são
construídos em formato HTML, justamente para dificultar o acesso, e terminam em
ponto onion (.onion).
Na deep web, cada roteador
pelo qual a conexão passa criptografa uma camada.
Isso quer dizer que, para chegar à mensagem original, é preciso solucionar todas
as outras codificações — as camadas. A The Hidden Wiki (a wiki escondida) é o
índice mais famoso com links para navegação na deep web.
O Federal Bureau of Investigation (FBI) tenta vigiar a deep web em parceria com
outras instituições com o objetivo de capturar criminosos ou solucionar crimes
expostos nos fóruns dessa versão invisível da internet.
Por não ser indexado, o espaço é mais seguro e permite liberdade de expressão. A
própria Wikileaks já recebeu muito material via deep web, já que quem envia
esses documentos tem medo de ser rastreado. Na China, muitos escapam do firewall
do país a partir do Tor.
De acordo com a legislação brasileira, o acesso à deep web não é ilegal. Ilegal
pode ser, em alguns casos, o tipo de atividade ou interação desenvolvido por lá.
O palpite dos estudiosos é de que a deep web seja 500 vezes maior do que a web
de superfície.
Por Roseli Andrion | Editado por Claudio Yuge
Link original da matéria:
https://canaltech.com.br/seguranca/quem-criou-a-deep-web-204611/?utm_source=canaltech&utm_campaign=push-onesignal&utm_medium=web-notification



Tor é o navegador usado na deep web (Imagem: Reprodução/Tor Project)[/caption]