E viva a Diferença
Dobradinha da inteligência artificial no Nobel de Física e de Química é sinal de uma nova era
Os prêmios para Hinton e de Hassabis marcam o início do protagonismo da IA nas descobertas científicas
O reconhecimento de Geoffrey Hinton e Demis Hassabis, dois dos maiores visionários da inteligência artificial (IA), pelos comitês do Nobel de Física e de Química de 2024 aponta para mais do que um reconhecimento pessoal: é o sinal de que o impacto da IA ultrapassou o campo da estatística e programação, e já está transformando as ciências naturais.
Este momento marca uma virada no modo como entendemos o papel da inteligência artificial na ciência.
Até recentemente, esses algoritmos eram vistos como uma ferramenta auxiliar, algo que poderia acelerar cálculos ou processar grandes volumes de dados.
Agora, a IA é uma protagonista criativa, capaz de encontrar soluções que os humanos levariam anos ou até décadas para descobrir.
Geoffrey Hinton revolucionou a área de machine learning ao popularizar o backpropagation, uma técnica que permite às redes neurais ajustar seus parâmetros após a predição, facilitando o aprendizado profundo e possibilitando avanços importantes em reconhecimento de padrões e processamento de dados complexos.
Demis Hassabis, por sua vez, impulsionou a química com a criação do AlphaFold, um modelo de machine learning que resolveu o problema de predição do dobramento de proteínas com uma precisão sem precedentes, transformando o campo da biologia molecular e abrindo portas para a descoberta de novos medicamentos.
Ao longo de décadas, a IA foi frequentemente vista com desconfiança. Pesquisadores da área tiveram que ouvir incrédulos por muito tempo que a maior revolução tecnológica da história não passaria de um hype ou, na melhor das hipóteses, de uma bolha prestes a estourar.
No entanto, conforme os algoritmos demonstraram seu poder transformador em áreas como saúde, biologia e ciências exatas, o ceticismo foi dando lugar ao reconhecimento.
O desenvolvimento de algoritmos que conseguem predizer, modelar e resolver problemas científicos complexos, coloca a IA como uma ferramenta imprescindível para as novas descobertas do futuro. Isso vai além de facilitar experimentos ou análises; a IA está moldando as perguntas que fazemos e os horizontes que conseguimos observar.
As contribuições de Hinton e Hassabis não apenas influenciaram o modo como abordamos a pesquisa científica, mas transformaram a forma como compreendemos os próprios fenômenos físicos e químicos.
Embora Hinton e Hassabis não sejam nem físicos nem químicos, eles conquistaram o prêmio mais prestigiado dessas áreas.
É comum pesquisadores de IA afirmarem que os algoritmos não substituirão empregos humanos, mas que aqueles que usarem IA tomarão o lugar dos que não a adotarem.
E agora também os prêmios
Por Alexandre Chiavegatto Filho