OS ANOS DE CHUMBO
Entidade de familiares e vítimas da ditadura criticam fala de Lula sobre 1964
Presidente disse que o golpe militar já faz parte da história e que não irá ficar "remoendo" esse episódio
Entidade que reúne familiares e vítimas da ditadura reagiu às declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que está mais preocupado com o 8 de janeiro de 2023 do que com 1964, se referindo à instalação de uma ditadura no país, com o golpe militar.
Isso já faz parte da história,
já causou o sofrimento que causou, o povo conquistou o direito de democratizar este país, os generais que estão hoje no poder eram crianças naquele tempo.
Eu, sinceramente,
não vou ficar me remoendo e vou tentar tocar esse país pra , disse Lula, em entrevista ao jornalista Kennedy Alencar, da RedeTV.
O petista também afirmou que, pela primeira vez, generais estão sendo responsabilizados, se referindo aos oficiais ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro que estão sendo investigados pela Polícia Federal numa tentativa de golpe.
Para a Coalizão Brasil por Memória, Verdade, Justiça, Reparação e Democracia, a fala do presidente foi equivocada e que falar sobre o golpe não é remoer o passado.
Repudiar veementemente o golpe de 1964 é uma forma de reafirmar o compromisso de punir os golpes também do presente e eventuais tentativas futuras.
Lula tem razão quando diz que pela primeira vez militares de alta patente estão sendo chamados para depor e para responder por seus atos.
E temos convicção de que o governo não aceitará qualquer chantagem por uma anistia a Bolsonaro e seus cúmplices, diz o grupo.
Falar sobre 1964 é falar sobre os projetos autoritários e elitistas da sociedade que continuam ameaçando a possibilidade de o Brasil se afirmar como um país soberano, capaz de produzir desenvolvimento econômico e socioambiental com inclusão e democracia.
É, portanto, falar sobre o futuro.
O segundo ponto da fala do presidente que gostaríamos de discutir é sua fala de que ele está mais interessado em discutir o 8 de janeiro do que 1964.
Pois nós queremos defender que é impossível falar de um sem abordar o outro, diz o texto da Coalizão.



