CIÊNCIA
Primeira morte no Brasil pela variante Ômicron é registrada em Goiás
Vítima era homem de 68 anos portador de doença pulmonar crônica, hipertenso, que já tinha se vacinado com três doses
A prefeitura da cidade de Aparecida de Goiânia, próxima à capital de Goiás, informou nesta quinta-feira, 6, o que afirmou ser a primeira morte de uma pessoa pela variante Ômicron.
A vítima foi um homem de 68 anos com comorbidades, doença pulmonar crônica e hipertensão arterial.
Ele tinha sido vacinado com três doses de imunizante contra covid-19.
A confirmação
foi realizada pelo programa de sequenciamento genômico do município.
Até o momento, a prefeitura de Aparecida de Goiânia identificou 55 casos da Ômicron na
cidade. Segundo a administração municipal, o nível de prevalência da variante já é
responsável por 93,5% dos casos
Os primeiros casos da variante foram registrados em 12 de dezembro. A prefeitura informou que
a Ômicron chegou a uma situação de transmissão comunitária há dez dias, no município.
“Perdemos um paciente vacinado, mas que tinha problemas crônicos de saúde, que são
importantes fatores de risco da covid-19. Infelizmente, ele não resistiu. Uma vida perdida em
meio a milhares salvas pela imunização”,
afirmou o secretário de Saúde do município, Alessandro Magalhães.
Até ontem, o Ministério da Saúde registrava 265 casos da variante Ômicron e 580 possíveis
diagnósticos positivos em investigação e nenhum óbito.
Eficácia das vacinas contra a covid-19
Nenhuma vacina tem eficácia de 100%, ou seja, capaz de impedir totalmente o contato com o
coronavírus. Apesar disso, elas impedem que a maior parte das pessoas tenha a forma mais
grave da covid-19 e, assim, nem precisem de atendimento médico. Um artigo da revista
científica Lancet mostra como funciona o cálculo para estabelecer a eficácia das principais
vacinas em uso no mundo.
De maneira geral, o imunizante da Pfizer tem eficácia global de 95%. A vacina desenvolvida
pela AstraZeneca, em parceria com a Fiocruz, tem capacidade de proteção de 79%. A Coronavac,
do laboratório chinês Sinovac e do Instituto Butantan, tem eficácia global de 50,38%. O
imunizante de dose única da Janssen tem eficácia de 66%.
Com a variante Ômicron ganhando força no mundo todo, novos estudos são conduzidos, com
resultados publicados periodicamente. O que se sabe até o momento é:
AstraZeneca
Testes clínicos realizados pela Universidade Oxford, no Reino Unido, divulgados em dezembro,
mostraram que a terceira dose da vacina AstraZeneca contra a Covid-19 aumentou
significativamente a resposta imunológica à variante Ômicron em comparação com resultados de
apenas duas doses.
Foi concluído que duas doses das vacinas contra Covid-19 de Oxford-AstraZeneca e da Pfizer-
BioNTech induzem poucos anticorpos neutralizantes contra a Ômicron. A dose extra aumenta
significativamente as concentrações de anticorpos.
Pfizer
As farmacêuticas Pfizer e BioNTech declararam no dia 7 de dezembro que duas doses da vacina
podem não ser suficientes para proteger contra a infecção com a variante Ômicron, mas que
três doses são capazes de neutralizar a nova cepa.
De acordo com os dados preliminares das empresas, uma terceira dose fornece um nível
semelhante de anticorpos neutralizantes para a Ômicron ao observado após duas doses contra a
cepa original ou as variantes anteriores.
Antes do surgimento da nova cepa, pesquisas apontaram que o imunizante foi capaz de reduzir o
risco de internações em mais de 90%. A eficácia contra infecções em pessoas totalmente
vacinadas ficou em torno de 33%.
Já um estudo da Discovery Health, em parceria com o Conselho de Pesquisa Médica da África do
Sul (SAMRC, na sigla em inglês), divulgado no dia 14 de dezembro, apontou que duas doses da
vacina Pfizer contra a Covid-19 tiveram 70% de eficácia contra hospitalizações em meio ao
aumento de casos da variante Ômicron da África do Sul. A pesquisa não analisou os efeitos da
dose de reforço.
Coronavac
Um estudo realizado em Hong Kong, também divulgado em dezembro, indicou que três doses da
vacina CoronaVac contra a Covid-19 não produzem níveis suficientes de anticorpos para
combater a variante Ômicron.
No entanto, a análise revelou que a dose de reforço da Pfizer-BioNTech forneceu “níveis
protetores” de anticorpos contra a Ômicron para quem tinha completado o esquema com a
CoronaVac. Segundo os pesquisadores, três doses da Pfizer também são suficientes para atingir
a proteção.
A pesquisa mais recente foi conduzida por pesquisadores da Universidade de Hong Kong e da
Universidade Chinesa de Hong Kong, e financiado pelo Fundo de Pesquisa Médica e de Saúde e
pelo Governo de Hong Kong.
Contudo, outro estudo conduzido na China, liderado pelo cientista Xiangxi Wang, pesquisador
do Laboratório de Infecção e Imunidade do Instituto de Biofísica da Academia Chinesa de
Ciências, analisou mais de 500 unidades de anticorpos neutralizantes obtidos após a aplicação
da terceira dose da Coronavac e concluiu que o reforço produz anticorpos capazes de
reconhecer a variante Ômicron.
— Cerca de um terço dos anticorpos apresentaram grande afinidade de ligação com a proteína
Spike das cepas de preocupação, incluindo a Ômicron, que tem mais de 30 mutações — afirmou
Wang em um comunicado do Instituto Butantan.
Janssen
Os estudos da farmacêutica Janssen sobre a eficácia das vacinas contra a Ômicron ainda estão
em andamento. A empresa informou que está fazendo análises em parceria com grupos de pesquisa
da África do Sul, com amostras de soro de participantes obtidas em ensaios, sobre a dose de
reforço.
Além disso, a Janssen informou que pretende buscar uma vacina específica para a Ômicron, que
será desenvolvida, caso seja necessário.
Moderna
A Moderna, farmacêutica americana que desenvolveu uma das vacinas contra a Covid-19
atualmente em uso nos Estados Unidos, mas não no Brasil, afirmou na segunda-feira que o
imunizante
aumentou a proteção contra a variante Ômicron do coronavírus, segundo testes clínicos
realizados pela companhia. A dose de reforço da vacina pode aumentar anticorpos contra
Ômicron em 83 vezes.
A farmacêutica deve desenvolver uma vacina específica para a variante Ômicron, e espera
avançar em testes clínicos no início de 2022.
Por Agência Brasil
País ainda não tinha registrado óbito pela variante (Erlon Silva - TRI Digital/Getty Images)[/caption]



