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Janjapalooza... Por J.R. Guzzo

Janja, a primeira-ministra para assuntos caríssimos e inúteis

Uma coisa, com certeza, tem de se dizer em relação à conduta de Janja: todas as vezes que ela resolve enfiar o pé na jaca, ela realmente enfia o pé na jaca.

Tem sido assim desde que assumiu o cargo de primeira-dama federal, quase dois anos atrás. Esse cargo nunca existiu, e continua não existindo.

 

 

Mas apesar de não existir, Janja decretou por ela mesma que existe, sim – tem até “status” de “ministério”, como se diz em Brasília, audiências no Palácio do Planalto e “estafe”, como jogador de futebol que vai para a Europa.

Mais uma vez, agora no comando de mais uma torrefação geral de dinheiro do pagador de impostos, a mulher do presidente opera como se fosse a sua primeira-ministra para assuntos de baixa densidade, caríssimos e incompreensíveis em sua inutilidade explícita.

Janja montou, com o dinheiro que você tira do próprio bolso cada vez que põe combustível no tanque, acende a luz de casa ou liga o celular, um festival, descrito por eles como iniciativa “artística” e “cultural”

É o “janjapalooza”, armado para ela se exibir como a estrela principal.

Janja não  representa  ninguém além dela mesmo.

É transferência de renda do cidadão direto para o bolso dos cantores amigos, dos “produtores culturais” e quem tem carteirinha de influencer.

Só a Itaipu Binacional enfiou R$ 15 milhões no festival da primeira-dama – justo na hora em que se anuncia aumentos da conta de luz para pagar rombos causados pelas estatais de energia elétrica.

A diretoria da Itaipu disse que o janjapalooza é uma ação de estratégia, acredite se quiser.

Também estão metidas até o talo nesta lambança a Petrobras, o Banco do Brasil, o BNDES, a Caixa – o taxímetro, até agora, já passou dos 30 milhões.

Mas como Janja não abre mão de nenhuma oportunidade de piorar tudo o que faz de errado, também aqui ela se “superou”, como nos cursos rápidos de autoajuda.

Em vez de ficar quieta, distribuir os cachês de R$ 30 mil para os artistas estatizados (que ela chamou de “cachê simbólico”) e deixar que a maré leve embora os dejetos do janjapalooza, resolveu “conceituar” o que está fazendo.

Disse, em público,

que  as pessoas têm de entender, as funções ministeriais que deu a si própria.

E por quê?

Porque ela é a representante das mulheres no governo da República, em sua autoavaliação.

É juntar o erro com a vontade de errar.

Em primeiro lugar, obviamente, ninguém “tem de entender” nadaé Janja quem não está se entendendo.

É pior, ainda, quando ela se considera a representante oficial das “mulheres brasileiras”.

Representante?

Como assim?

Janja não  representa  ninguém além dela mesmo.

Para representar alguém, de Arroio dos Ratos até o alto governo do Brasil, é preciso ser eleito, em eleições livres e limpas.

A primeira-dama até agora não foi eleita para nada.

Se um dia for, aí ela pode dizer que representa isso ou aquilo.

Enquanto não é, deveria dar graças a Deus por ter um cheque em branco do marido para os janjapalooza estratégicos que promove – e abster-se de maiores ressignificações.

Por: J.R. Guzzo
J.R.Guzzo é jornalista. Começou sua carreira como repórter em 1961, na Última Hora de São Paulo, passou cinco anos depois para o Jornal da Tarde e foi um dos integrantes da equipe fundadora da revista Veja, em 1968

 

J.R. Guzzo   Jornalista escreve semanalmente sobre o cenário político e econômico do País (Felipe Cotim/VEJA.com)

 

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  • Gildo Ribeiro

    Gildo Ribeiro é editor do Grupo 7 de Comunicação, liderado pelo Portal 7 Minutos, uma plataforma de notícias online.

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