Opinião Traduzindo a política
Métodos ultrapassados de Lula impulsionam impopularidade gerada pelos dramas diários do brasileiro
Estratégia de vazar informações para testar a repercussão ou adiar decisões indefinidamente não funciona mais em um mundo em que tudo acontece muito mais rápido

A histórica impopularidade do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sobretudo em um momento de bastante polarização, não foi construída com um só motivo.
DESESPERO! "Na busca da popularidade perdida, Lula dedica-se a explorar o baú das ideias velhas", afirma William Waack. pic.twitter.com/tc2O4Dop5M
— Vinicius Carrion (@viniciuscfp82) February 26, 2025
Tem a ver com resultados ruins no campo econômico, na gestão da segurança e saúde, mas também com métodos cultivados pelo presidente em seus mandatos anteriores e que, na conjuntura atual, não funcionam mais e ajudam a agravar a desconfiança no Executivo.
É claro que a inflação que assola a vida do trabalhador brasileiro tem papel relevante, como mostrou a pesquisa Genial/Quaest divulgada na quarta-feira.
O índice dos que identificaram subida dos preços em oito Estados pesquisados variou de 92% a 96%.
Dado que outra pesquisa, a da CNT, reforçou quando apontou que 68,9% dos brasileiros sentem preços subindo acentuadamente e acima dos índices oficiais.
Lula nunca deixou de ser o sindicalista revolucionário em busca do socialismo à la brasileira, ele somente trocou o macacão azul de fábrica pelo colarinho branco e se “aburguesou”.
Lula que por mais de 16 anos está no poder se vende como “estadista” e pai dos pobres, mas adora… pic.twitter.com/kHLb5SCEKC
— Karina Michelin (@karinamichelin) January 15, 2025
As más gestões na segurança e na saúde, compartilhadas com outros entes, também.
A mesma pesquisa indica que 31,8% dos eleitores citam a economia como principal problema, 19,9% indicam a segurança e, 12,8%, a saúde.
Na pesquisa Genial/Quaest, a questão da violência lidera as preocupações de eleitores do Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia e Pernambuco.
A saúde lidera em Minas, Paraná, Rio Grande do Sul e Goiás.
Diante deste quadro, é raso culpar a comunicação do governo pelo problema.
Mas é razoável entender que os métodos de decisão do próprio presidente, que incluem também a comunicação, contribuem para piorar o quadro ao abrir oportunidades para a oposição.
Lula sempre foi conhecido em seu entorno por produzir balões de ensaio e adiar decisões para que sejam tomadas a seu próprio tempo. É assim com o anúncio de medidas de impacto ou com a troca de ministros.
Isso o diferencia de Dilma Rousseff, por exemplo, que sempre teve horror a vazamentos de suas ideias.
Com Lula isso sempre foi estimulado. Solta-se um nome ou uma ideia aqui, outra dali e a repercussão é usada para confirmá-la ou descartá-la.
Entrega-se uma responsabilidade a um burocrata de segundo ou terceiro escalão para depois condená-la nos escalões superiores quando se percebe que vai pegar mal.
Assim, o que não agradou nunca foi intenção de ministro ou presidente, foi ideia de um voluntarioso qualquer, e o que pareceu funcionar é implementado.
Mas os tempos mudaram. Agora, o vazamento de uma ideia ou proposta faz, por si só, um estrago danado.
A velocidade com que a informação circula e a capacidade de ganhar proporções gigantes no intervalo de algumas horas interdita esse tipo de atuação.
Quando o governo vai desmentir a existência de determinada proposta, ela já se tornou verdade.
E o anúncio de que aquilo não será implementado não é identificado como um desmentido, mas um recuo.
O que mina a credibilidade da gestão. O governo, com seu método analógico, é engolido por um trabalho implacável da oposição – dentro ou fora das regras – e só consegue reagir para minimizar seus impactos.
A paciência de Lula para lidar com decisões importantes também é vista como fraqueza e desnorteamento do governo.
“Quando Lula perceber que a REJEIÇÃO POPULAR veio para ficar e é totalmente irremediável, sua psicopatia regredirá para doença mental pura e simples, e ele se tornará fraco, inofensivo e incapaz de defender-se. Isolem-no, e ele ruirá como um castelo de areia."
Olavo de Carvalho pic.twitter.com/Mc485vGHhL
— Rafael Gloves (@rafaelgloves) February 14, 2025
Em um momento em que tudo acontece mais rápido e os índices de ansiedade estão nas alturas, ninguém quer esperar meses até que a isenção de imposto de renda seja apresentada, que a PEC da Segurança seja aprovada ou que um ministro que não entrega resultados seja demitido.
Sobretudo pelo fato de que o Brasil pintado na campanha eleitoral era muito mais bonito do que a realidade oferece.
E as próprias intervenções públicas de Lula são enxergadas como mais do mesmo.
A mesma pesquisa CNT indicou que 60,1% consideram seus discursos desatualizados e repetitivos.
Leia-se: ‘já deu o que tinha que dar’.
Também a busca por fazer a contraposição com a oposição, o chamado “nós contra eles”, técnica histórica do PT e de Lula, parece ter esgotado um pouco seu efeito diante do flagrante incômodo da população com a polarização exacerbada. Não é por outro motivo que 35,1% pedem um nome que não seja ligado nem a Lula nem a Bolsonaro em 2026, segundo a pesquisa.
E é exatamente por isso que 13,7% apontam que o presidente exagera na briga com a oposição, enquanto 14,2% o colocam como alguém preocupado apenas com a reeleição. Esses dois índices só são superados pela atribuição “desonesto”, citada por 21,7% na pesquisa, possível herança das investigações da Lava Jato.
Não se pode subestimar a capacidade de recuperação de Lula, vista e revista tantas vezes em sua vida pública. O fato de a oposição estar interditada por um ex-presidente que é tão impopular quanto e que força seus adversários a gastarem capital político defendendo-o de encrencas pessoais ajuda. A força da máquina e o tamanho do orçamento à disposição para bondades inconsequentes daqui até a eleição também.
Aumenta entre os brasileiros a percepção incomoda de que lula atingiu a fase terminal de sua carreira e de sua vida:
A fase -perigosa- em que ele está se lixando para o que pensa o povo de quem sempre dependeu para obter poder.
Isso significa que lula acredita que sua ditadura de… pic.twitter.com/NDaPOwgOBj— Marco Angeli (@marcoangeli) January 15, 2025
Mas um Congresso hostil – e vai se tornar ainda mais com a popularidade do presidente derretendo – e o isolamento do presidente em uma bolha que não permite que chegue até ele essa compreensão de que o mundo mudou tendem a tornar o caminho muito mais árido.
Parece cada vez mais próxima a constatação de que se cristalizou a imagem de que há no País um governo sem ideias para resolver os dramas diários do brasileiro e sem capacidade de dialogar.
E isso é fatal para qualquer força política.
Opinião por Ricardo Corrêa
Coordenador de política em São Paulo no Estadão e comentarista na rádio Eldorado. Escreve às quintas
Lula está apenas sendo alugado, usado pelo sistema, Lula não manda em nada, nem existe, Lula é um fantoche que tem seus jumentos adestrados.
Lula tem uma casamento de fachada, quando vocês entenderem os sistema terão uma outra visão. pic.twitter.com/xCpiGnpNhY
— Drink de Grafeno ® 🇧🇷 🌻 (@BlogPequi) February 22, 2025
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