“X” transformou-se num real espaço
Milhões que não têm nada com a história são prejudicados pela briga dos mandões
Goste-se ou não, X, antigo Twitter, transformou-se num espaço de discussões públicas. Uma praça onde se discute de tudo e em altos decibéis
O “X”, antigo Twitter, pode ser de fato uma experiência nauseante.
Na timeline costuma aparecer uma série de opiniões absurdas, repulsivas, rasteiras sobre qualquer assunto com milhares de comentários, curtidas e compartilhamentos.
Uma cena apocalíptica que se degradou ainda mais com a compra da plataforma pelo bilionário e bufão Elon Musk.
Mas também pode ser o ambiente onde se encontram profissionais sérios e gente com insights e pesquisas instigantes.
É local de divulgadores, de artistas, de cientistas que encontraram seu espaço de atuação.
Decisão judicial se cumpre, mas na briga pessoal contra Musk, na prática, o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes prejudica milhões que não têm nada ver com sua vendeta contra o empresário insolente.
O “X” também se tornou a plataforma mundial em que os mais relevantes políticos, líderes, empresários utilizam para se pronunciar – de todas as tendências e ideologias.
A decisão de Moraes nos priva de muita coisa relevante que ocorre no mundo.
Goste-se ou não, o “X” transformou-se num espaço de discussões públicas.
Uma praça onde se discute de tudo e em altos decibéis.
Nesse sentido, espanta que alguns simplesmente comemorem o suposto fim desse território de disputa – e gente que vive dele.
É como se suicidassem como pensadores por questões ideológicas.
Somos um País peculiar.
Ocorreu com Joaquim Barbosa, depois com Sergio Moro e agora com Alexandre Moraes: uma parcela significativa da população passou a torcer por seus juízes de preferência como se fosse por um clube de futebol – quando se imagina a justiça como algo técnico que cumpre as leis, esse fenômeno é no mínimo bastante esdrúxulo.
Um juiz que já foi filiado ao DEM, MDB, PSDB, foi ministro do “golpista” Michel Temer e hoje virou besta-fera do bolsonarismo e herói da esquerda – uma história e tanto.
Por Fabiano Lana