Histórias do PAPA
Arcebispo que pediu renúncia do Papa Francisco diz que corrupção
Chega ao topo da Igreja.
Por Reuters 30/08/2018
Ex-embaixador do Vaticano em Washington acusou o pontífice de encobrir casos de abuso nos EUA. Vaticano não quis comentar as novas acusações de Carlo Maria Viganò.
O arcebispo que provocou uma crise na Igreja Católica ao pedir a renúncia do Papa Francisco negou ser motivado por vingança e declarou que tentou mostrar que a corrupção chega ao topo da hierarquia da instituição.
O Vaticano não quis comentar as novas acusações de Carlo Maria Viganò.
No domingo (26), o antigo núncio apostólico em Washington (posto equivalente ao de embaixador do Vaticano) divulgou um comunicado em que afirma que o papa sabia há anos sobre a má conduta sexual do norte-americano Theodore McCarrick, ex-cardeal e ex-arcebispo de Washington. Segundo Viganò, o pontífice não fez nada a respeito.
“Nunca nutri sentimentos de vingança ou rancor em todos estes anos. Eu me manifestei porque a corrupção alcançou os níveis mais altos da hierarquia da Igreja”,
declarou o arcebispo ao jornalista italiano Aldo Maria Valli.
Viganò, de 77 anos, vem se comunicando com a imprensa através do jornalista da televisão italiana a que ele consultou várias vezes antes de divulgar o polêmico comunicado no domingo (26), quando o papa estava em visita à Irlanda.
Após a divulgação do documento, a mídia italiana noticiou que ele se aborreceu por nunca ter sido promovido a cardeal pelo ex-pontífice Bento 16 ou porque Francisco impediu seu avanço na Igreja.
No voo de volta da Irlanda a Roma, o pontífice não comentou as declarações de Viganò.
Ele afirmou apenas que os jornalistas deviam ler o o comunicado cuidadosamente e decidir por si mesmos sobre sua credibilidade.
https://twitter.com/Tia_Do_Zap/status/1318779899965038593
Acusação
Viganò, que foi embaixador do Vaticano nos EUA entre 2011 e 2016, afirmou que ele mesmo informou a Francisco, em 2013, que Theodore McCarrick se relacionava sexualmente com jovens seminaristas. “Ele sabia, pelo menos desde 23 de junho de 2013, que McCarrick era um predador”, declarou.
Ele afirmou que o antecessor de Francisco, Bento 16, chegou a punir McCarrick em 2009 e 2010, que foi condenado internamente a uma vida de penitência. No entanto, segundo ele, Francisco reabilitou o arcebispo quando assumiu o papado.
Em julho deste ano, Francisco aceitou a renúncia de McCarrick, hoje com 88 anos, após uma investigação da Igreja concluir que uma acusação sobre o abuso de um adolescente de 16 anos pelo clérigo nos anos 1970 era “crível e fundamentada”.
Desde então, outros homens se apresentaram e afirmaram que sofreram abusos por parte de McCarrick. Um deles contou que tinha 11 anos quando passou a ser molestado.
Pedido de renúncia
No final do documento, divulgado no domingo, Viganò pede a renúncia do papa.
“Neste momento extremamente dramático para a Igreja Católica, ele tem de reconhecer os seus erros e, em respeito pelo princípio de tolerância zero que está a proclamar, o Papa Francisco deve ser o primeiro a dar o exemplo aos cardeais e bispos que ajudaram a encobrir os abusos do cardeal McCarrick, e ser o primeiro a renunciar”, disse.
Arcebispo Carlo Maria Viganó participa da missa de beatificação da beata Miriam Teresa Demjanovich, na Catedral Basílica do Sagrado Coração, em Newark, New Jersey, em outubro de 2014 — Foto: Gregory A. Shemitz/ Reuters[/caption]
Papa Francisco chega para audiência semanal na Praça São Pedro, no Vaticano, nesta quarta-feira (29) — Foto: Andrew Medichini/AP[/caption]
[caption id="attachment_88360" align="alignnone" width="1024"]
Cardeal Theodore McCarrick com Papa Francisco — Foto: Jonathan Newton/The Washington Post via AP[/caption]



