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Eleição dos EUA: BIDEN vai ganhar?

O que muda no mundo se Biden vencer nos EUA?

Democratas sonham em mudar o rumo dos EUA

Análises exclusivas traçam os dois cenários

E SE BIDEN VENCER?

Banco de análises – ELEIÇÃO AMERICANA

Ações de combate às mudanças climáticas se tornaram assunto central nesta eleição. Enquanto Trump mantém sua imagem de negacionista do problema, Biden quer alterar o rumo do país para uma economia de baixo carbono.

No último debate entre os candidatos, no dia 22, Biden prometeu uma “transição para longe da indústria de petróleo”, que ele definiu como “substancialmente poluidora” e que “tem de ser substituída por energia renovável com o tempo”.

A declaração, considerada forte para esta etapa da campanha – quando se busca um tom moderado para atrair indecisos -, reforça seu plano de governo de investir US$ 2 trilhões para transformar a economia e alcançar emissões líquidas zero de carbono até 2050. Mas ele reforça frequentemente que vai manter a exploração de gás natural pelo sistema de fracking.

O objetivo, definido no documento, é colocar os EUA num “caminho irreversível para alcançar o ambicioso progresso climático que a ciência demanda”. O primeiro, e simbólico, passo para isso, prometido pelo democrata, é recolocar o país no Acordo de Paris no primeiro dia de seu governo: “De volta ao negócio de liderar o mundo”, afirmou em julho.

O tratado fechado por quase todos os países do mundo em 2015 estabelece esforços conjuntos para reduzir emissões de gases de efeito estufa a fim de conter o aquecimento do planeta a bem menos de 2°C até o fim do século. Ele foi possível, em grande parte, por causa da articulação do ex-presidente Barack Obama, de quem Biden era vice.

Historicamente, os EUA são os maiores contribuintes para a concentração de gás carbônico que existe hoje na atmosfera, e sempre se entendeu que um acordo seria impossível sem que os americanos e os chineses – atualmente responsáveis pela maior fatia de emissões – embarcassem no compromisso, o que finalmente ocorreu em 2015.

Uma das bandeiras do presidente Trump, porém, sempre foi a de que o acordo climático e, na prática, qualquer outro tipo de regulação ambiental, poderia levar ao desemprego e à perda econômica.

Os planos de Biden para o clima vão muito além de retomar ações iniciadas por Obama, que tinha metas relativamente modestas, e são considerados por alguns especialistas, como Anthony Leiserowitz, diretor do Yale Program on Climate Change Communication, como o mais ambicioso já apresentado por um candidato.

Mas, se eleito, Biden enfrentará dificuldades para alcançar tudo isso se tiver de trabalhar com um Senado de maioria republicana. Ao alcance rápido de suas mãos, como afirmou o historiador Douglas Brinkley ao New York Times, estará retornar ao Acordo de Paris e restabelecer regulações climáticas da era Obama.

By GIOVANA GIRARDI

TRIUNFO DE BIDEN, GOLPE MORTAL NO POPULISMO
FUTURO DO POPULISMO

A derrota de Donald Trump representará um golpe mortal na onda populista de direita que ameaçou o mundo nos últimos anos. O contexto político-ideológico global sofrerá profunda transformação, com influência na política interna da maioria dos países. Assim como a conquista do poder em Washington marcou o pico da ameaça, a derrota enfraquecerá governos e movimentos alinhados a Trump, já desgastados pelo fracasso em enfrentar a pandemia. A mudança nos EUA abrirá caminho a uma agenda internacional na qual voltarão a ser prioridades o aquecimento global, a desigualdade, o reforço à ONU e à OMC, os direitos humanos, a rejeição à guerra cultural, ao fundamentalismo religioso.

Biden deve anunciar a volta ao Acordo do Clima de Paris no primeiro dia de mandato. Quer regressar à OMS e liderar esforço mundial para uma vacina. Vai convocar uma Cúpula Para a Democracia, com objetivo de luta contra a corrupção, combate ao autoritarismo e promoção dos direitos humanos. Dispõe-se a enfrentar o desafio chinês por meio da promoção da inovação e o esforço de unir “o poder econômico das democracias ao redor do mundo”.

Acredita na possibilidade de colaborar com a China em problemas comuns como o aquecimento global. Condena as sanções unilaterais de Trump e pretende trabalhar com aliados a fim de desenvolver redes seguras de 5G e tecnologias alternativas às chinesas. Está pronto a buscar novos acordos de limitação de armas nucleares com os russos (juntos, EUA e Rússia possuem 93% do estoque mundial). Deve prorrogar o acordo New Start sobre o tema, que expira em 5/2/21, dias após a transmissão de mando em Washington.

Biden também deve retornar ao acordo com o Irã desde que o governo iraniano reverta as medidas de aumento de volume e grau do urânio enriquecido. A reversão da política externa de Trump equivale a um terremoto, seria como o despertar de um pesadelo. Só que despertar é cair na realidade, não é alcançar o paraíso. Apesar de imensa, a mudança deve ser vista apenas como a criação de condições para começar a enfrentar problemas existentes com espírito novo.

Senador de 1973 a 2009, duas vezes presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, vice-presidente dos EUA oito anos, Biden possui rara experiência internacional. Conhece bem a América Latina e o Brasil, que visitou muitas vezes. Sua eleição ofereceria ao governo brasileiro a oportunidade de repensar as atitudes desastrosas que vem tomando na Amazônia, meio ambiente, povos indígenas, política de gênero, guerra cultural. Sem essa necessária correção de rumos, a colisão do governo Bolsonaro com a agenda não só dos EUA, mas do mundo civilizado, se tornará inevitável.

By RUBENS RICUPERO

TRIUNFO DE BIDEN, A VOLTA DO CENTRO AO PODER
IMPACTO MUNDIALL

Se Joe Biden conseguir derrotar Donald Trump, será por se apresentar como um político moderado centrista, capaz de falar a todos os americanos, e tentar recuperar a credibilidade e redefinir o papel dos EUA no mundo de maneira menos isolacionista e mais integrado.

Como o 46.º presidente dos EUA, Biden terá como prioridade a aprovação de um pacote de reconstrução econômica no valor entre US$ 2 trilhões a US$ 3 trilhões, com aumento de tributos e maiores recursos para os Estados, para a criação de empregos, para pequenas e médias empresas, para pesquisa e desenvolvimento, para infraestrutura, para saúde (vacinas) e melhoria no padrão de vida da classe média.

As novas políticas econômicas e comerciais terão profundo impacto sobre a ordem internacional, com repercussão sobre todos os países, entre eles o Brasil.

A ênfase no bilateralismo e nos EUA em primeiro lugar vai ser substituída pelo reforço do multilateralismo e do relacionamento internacional com base em regras. O Departamento de Estado voltará a ser prestigiado e haverá mudanças em relação aos parceiros europeus e a Otan. A competição estratégica com a China deverá continuar com políticas para conter o avanço comercial e tecnológico da nova superpotência, mas as tensões deverão diminuir – com a questão de Taiwan sempre presente – pela busca de áreas de cooperação possível.

A América do Sul continuará a ter baixa prioridade no contexto da política externa americana, podendo ser esperada uma redução das tensões com Cuba e Venezuela. A vitória de Biden vai ter efeitos significativos na relação dos EUA com o Brasil. Terminará o relacionamento pessoal entre os presidentes, mas, no nível da relação institucional entre os governos, deverão ser mantidos canais abertos para ampliar a cooperação comercial, embora o sonho de um acordo de livre-comércio continue a ser acalentado somente pelo lado brasileiro.

O comércio bilateral não será prejudicado, mas surgirão dificuldades no relacionamento entre os dois governos: as críticas europeias às políticas em relação à Amazônia serão reforçadas pela vocalização de restrições americanas, deixando pouca alternativa a Brasília senão corrigir a retórica e algumas políticas para evitar consequências comerciais e financeiras. Nas agendas multilaterais de comércio e na área social (aborto, religião, minorias), sem os EUA, aumentará o isolamento do Brasil e países mais conservadores da África e Oriente Médio. A vitória de um moderado terá efeito no processo eleitoral brasileiro em 2022, quando possivelmente, a exemplo dos EUA, a polarização se dará com um candidato moderado e não da esquerda

BY RUBENS BARBOSA

TRIUNFO DE BIDEN, MENOR TENSÃO COM A CHINA
RELAÇÃO COM A CHINA

O diagnóstico de que a China é o maior desafio à frente dos EUA será compartilhado por um governo Joe Biden, mas o democrata buscará cooperar com Pequim em meio à rivalidade para o enfrentamento de problemas de natureza global, entre os quais a questão ambiental ocupará lugar de destaque. O que não mudará é o foco na competição tecnológica com a China, que faz parte da transformação estrutural registrada nos últimos quatro anos.

No lugar das ações unilaterais do presidente Donald Trump, Biden coordenará com aliados americanos uma eventual estratégia em relação à China, a qual poderá incluir questões como privacidade de dados e 5G. Temas relacionados a direitos humanos e democracia ganharão espaço na agenda bilateral, o que pode ser reforçado em posições conjuntas com a Europa.

À diferença dos anos Trump, uma gestão democrata deve ser mais previsível no relacionamento com a China, sem que isso signifique o retorno à política de engajamento que vigorou até o fim do governo Obama. Deve haver uma redução das áreas de confronto e a adoção de outros instrumentos na administração da rivalidade crescente entre os dois países. Na disputa tecnológica, o democrata deverá priorizar medidas e políticas industriais que aumentem a capacidade de inovação da indústria americana.

Biden é crítico das tarifas impostas pelo atual presidente sobre bilhões em importações de produtos chineses, sob o argumento de que elas acabam sendo pagas pelas empresas e consumidores americanos. Ainda assim, o ex-vice-presidente não deixou claro se vai rever as barreiras em vigor.

O combate à mudança climática está no centro do programa de governo de Biden e ele sabe que o problema não pode ser enfrentado sem a cooperação entre EUA e China, que juntos respondem por 43% das emissões de gases que provocam o efeito estufa. O democrata também estará aberto a colaborar com Pequim em outras áreas que demandam ações globais, como saúde pública e não proliferação nuclear. Ele deve ainda abandonar as generalizações sobre estudantes e pesquisadores chineses adotadas por Trump.

Durante o governo Obama, o então vice-presidente foi um entusiasta da Parceria Transpacífico, o TPP, o mega acordo comercial que cobriria 40% do PIB mundial, mas excluiria a China. Assim que assumiu, Trump retirou os EUA do pacto, no que foi considerado por muitos analistas como um erro estratégico. Biden anunciou a intenção de renegociar o TPP, ainda que o eventual retorno dos EUA não esteja na sua lista de prioridades para o curto prazo. No primeiro momento, sua prioridade será a economia americana e investimentos em infraestrutura.

BY CLÁUDIA TREVISAN

BIDEN TERÁ MENOS TOLERÂNCIA COM MOSCOU
RELAÇÃO COM A RÚSSIA

A experiência de décadas no Comitê de Relações Exteriores do Senado garantiu a Joe Biden um papel importante na formulação e implementação da política externa durante a gestão Obama-Biden, dessa forma, é muito provável que a chamada diplomacia presidencial tenha peso desde o início do seu mandato.

Ponto crucial para Biden será reestruturar o Departamento de Estado, que sofreu uma debandada de experientes diplomatas durante o mandato de Trump. E, como muitos ex-membros do governo Obama devem voltar à nova administração democrata, espera-se que muitas das antigas linhas gerais de relações externas devam ser seguidas, como, por exemplo, ter um foco em restaurar as relações com aliados e nos organismos multilaterais.

Além do crescente poder chinês, a Rússia é considerada pelos democratas uma grande ameaça aos interesses americanos. Diante dessa realidade, a estratégia de Biden será reforçar o papel dos aliados na busca pela contenção dessas ameaças tanto em relação à China, quanto à Rússia.

Durante os mandatos de Vladimir Putin na Rússia, ele teve dois grandes objetivos: restaurar o poderio militar do país e enfraquecer as democracias ocidentais, principalmente na Europa. A estratégia de Putin acirrou ainda mais a rivalidade com os Estados Unidos, sendo que o ponto mais baixo do relacionamento Washington-Moscou veio com a anexação da Crimeia, em 2014, ato que levou o governo americano a impor uma série de sanções econômicas a pessoas e empresas ucranianas e russas.

Outra região na qual o governo Obama-Biden procurou conter o fortalecimento da influência russa foi no Oriente Médio, por meio do Acordo Nuclear com o Irã, e a assistência militar aos curdos. Além disso, o apoio russo ao governo de Nicolás Maduro também desafiou a liderança dos Estados Unidos na América do Sul. E hoje a Rússia tem muito menor capacidade de interferência nas eleições que em 2016.

Entre os assessores de Biden percebe-se uma forte retórica anti-Rússia e de que somente uma aliança internacional será capaz de conter as agressões de Putin. O cenário provável é da aplicação de sanções e construção de uma unidade. Na agenda de segurança, Biden apoia a prorrogação do Tratado Start, o Tratado de Redução de Armas Estratégicas, que foi negociado durante o governo Obama.

De maneira geral, Biden tenderá a ser menos propenso em aceitar os avanços e agressões russas. A política externa de Biden para a Rússia será mais um capítulo de acirramento e competição na já conflituosa relação Washington-Moscou. E, por isso, Putin se mostra cauteloso sobre as possibilidades de diálogo com um governo Biden.

By DENILDE HOLZHACKER E GUNTHER RUDZIT

By Coordenação: Rodrigo Cavalheiro / Produção: Rodrigo Turrer e Paulo Beraldo / Visual: Augusto Conconi

Link original da matéria
https://www.estadao.com.br/infograficos/politica,o-que-muda-no-mundo-se-biden-vencer-nos-eua-e-se-der-trump-analises-exclusivas-tracam-os-dois-cenarios,1131936

[caption id="attachment_88834" align="alignnone" width="1024"] Eleições nos EUA: E se Biden vencer? Estadão[/caption]
[caption id="attachment_88835" align="alignnone" width="1024"] Eleições nos EUA: E se Biden vencer? Pai e Filho nas principais mídias americanas[/caption] [caption id="attachment_88836" align="alignnone" width="1024"] Eleições nos EUA: E se Biden vencer? Reprodução[/caption]
https://youtu.be/bVUcYmnCAOE https://youtu.be/lQlOGYebeL4 https://youtu.be/8iocGPOFzSo    
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  • Gildo Ribeiro

    Gildo Ribeiro é editor do Grupo 7 de Comunicação, liderado pelo Portal 7 Minutos, uma plataforma de notícias online.

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