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Eleição dos EUA: TRUMP vai ganhar?

O que muda no mundo se Biden vencer nos EUA? E se der Trump?

Decisões do presidente dos EUA sobre economia, política externa, imigração, meio ambiente e mesmo comportamento afetam a sua vida.

 

Análises exclusivas traçam os dois cenários.

Decisões do presidente dos EUA sobre economia, política externa, imigração, meio ambiente e mesmo comportamento afetam a sua vida. Este banco de análises alimentado diariamente traz projeções de quem mais entende sobre os assuntos que mais importam.

E SE TRUMP GANHAR?

DIMENSÃO DE VITÓRIA DE TRUMP IMPORTA   FUTURO DO POPULISMO 

Não só a vitória, mas seu formato, terá importância decisiva em definir eventual segundo mandato de Donald Trump. Ganhar de modo indiscutível no voto popular e no colégio eleitoral, ou somente neste último, precisar ou não de decisão duvidosa da Suprema Corte, a exemplo da que assegurou o triunfo de George W. Bush sobre Al Gore em 2000, fará enorme diferença em termos de legitimidade. Haverá violência, contestação nas ruas ou prevalecerá a tradição americana de aceitação pacífica do resultado?

Outra incerteza reside na amplitude de uma vitória do Partido Republicano. Conquistar a presidência e perder o controle da Câmara e do Senado, ou de uma das Casas, como em parte dos períodos de Clinton e Obama, acentuará a divisão e a paralisia já existentes. No limite, ameaça levar ao impeachment do presidente pela Câmara, repetindo Bill Clinton em 1998 e Trump em 2019.

Sem o controle do Congresso, um segundo mandato apenas prorrogará a paralisia dos dois últimos anos. Apesar disso, é inegável que, reeleito Trump, o movimento extremista de direita ganhará sobrevida. Talvez não mais que provisória, pois há indícios de que a maré mudou e a tendência está em vazante. Trump e seus imitadores fracassaram em lidar com a pandemia, perderam terreno em suas próprias populações e geraram desgaste para partidos aparentados como os de Salvini, na Itália, a extrema direita alemã ou francesa.

A reeleição deve piorar o relacionamento de confronto hostil com a China. Aumentará a pressão para que outros países escolham um dos lados. Sem a volta dos EUA ao acordo climático de Paris, perde-se talvez a última chance de evitar que o aquecimento global provoque catástrofe irreversível. O boicote à OMS, a desmoralização das regras comerciais pela banalização do protecionismo, a arrogância no uso unilateral de sanções, acabarão por tornar a ONU e a OMC irrelevantes. Corre-se o risco de retroceder ao mundo da rivalidade exacerbada das grandes potências que precedeu as duas guerras mundiais. Sabemos como ele acabou.

O cenário será pior para todos. A começar para os americanos, cujos ódios raciais e ideológicos se tornarão mais profundos. Divididos, sem aliados, não se vê como seriam capazes de vencer a competição com a China de autoconfiança reforçada pelas vitórias na crise de 2008 e agora na covid-19. Ninguém ganha com a volta a contexto de confronto, discórdia, desintegração das cadeias globais de comércio, ruína ambiental, perigo de guerra e crise econômica. Nem um subordinado automático como Bolsonaro. Ele não será tratado melhor do que foi até agora e sofrerá redobrada pressão para sacrificar a relação com a China, sem receber nada em troca.

By RUBENS RICUPERO

MAIS TRUMP, MAIS RADICALIZAÇÃO. IMPACTO MUNDIAL 

Um governo Trump, nos próximos quatro anos, será mais do mesmo. Do ponto de vista da política econômica interna, continuará o capitalismo clientelístico e o discurso de os EUA em primeiro lugar. No tocante à covid-19, será mantido o discurso negacionista e de que tudo está sob controle, apesar do crescimento no número de mortos e contaminados, com a abertura do trabalho e dos serviços e a não obrigatoriedade da vacina.

O sistema de previdência social deverá ser reformulado com a eliminação do Obamacare. Deverão se agravar as divergências com relação às questões racial, de imigração e dos direitos das minorias com a imposição de medidas ideológicas mais duras e discriminatórias, que não encontrarão clima para reclamação na Suprema Corte, dada a ampla maioria conservadora com a nomeação da nova juíza.

A polarização política deverá aumentar e os choques violentos poderão se repetir. Com relação à política interna, a democracia americana enfrentará maiores desafios e o domínio de Trump sobre o Partido Republicano por mais quatro anos colocará um problema existencial e a busca de novos líderes para recompor as políticas tradicionais.

A política externa de Trump causou profundas consequências sobre o papel dos EUA no mundo, sobre a globalização e sobre o multilateralismo. A desordem internacional será ampliada. Os EUA manterão sua oposição às organizações internacionais, que continuarão esvaziadas, como a ONU e a OMC.

As relações com a América do Sul continuarão com baixa prioridade. A Venezuela sofrerá mais pressão. Com a vitória de Trump, Bolsonaro manterá a narrativa de amizade com o presidente dos EUA. Em termos de relações institucionais de governo, será reforçado o alinhamento com Washington e continuarão a ser ressaltados os resultados positivos dessa aproximação. Os EUA, apesar disso, continuarão a defender seus interesses e não hesitarão em impor medidas restritivas na área comercial, como ocorre com o aço e o alumínio.

Novos entendimentos bilaterais na área econômica e comercial (além da facilitação de comércio, coordenação nas regulamentações e no combate à corrupção) deverão ocorrer, como a negociação de acordo de bitributação, mas um acordo de livre-comércio continuará a ser um sonho acalentado somente pelo lado brasileiro.

A política externa brasileira se sentirá respaldada para aprofundar o alinhamento de políticas comerciais e sociais (aborto, família, minorias, religião) com Washington em organismos multilaterais (OMC e ONU), ampliando o isolamento e em companhia de países mais conservadores da África e do Oriente Médio.

By RUBENS BARBOSA

VITÓRIA DE TRUMP, DIVÓRCIO A FÓRCEPS  RELAÇÃO COM A CHINA

O confronto continuará a ser a marca do relacionamento entre os EUA e China em um segundo mandato de Donald Trump. Nos últimos anos, a hostilidade contaminou todas as áreas dos laços bilaterais, em um reflexo do aumento da competição econômica e militar entre os dois países. O antagonismo tecnológico ganhará força, com os dois países disputando o domínio de inovações que definirão a economia digital do futuro.

China vai ‘possuir’ os EUA se Joe Biden vencer

Nesse cenário, os EUA manterão a pressão para que países ao redor do mundo, entre os quais o Brasil, vetem o uso de equipamentos da Huawei em suas redes 5G. E outras empresas chinesas de tecnologia enfrentarão restrições para atuar no mercado americano ou ter acesso a inovações do país.

Depois de quatro décadas de engajamento, a relação entre os EUA e China experimentou uma mudança estrutural na gestão Trump, que desencadeou uma série de ofensivas contra Pequim em áreas que vão da imposição de tarifas à concessão de vistos a estudantes e jornalistas. A relação se deteriorou ainda mais com a pandemia e seu impacto devastador nos EUA.

Se permanecer na Casa Branca, o presidente deverá intensificar os esforços de promoção de um divórcio a fórceps entre as duas maiores economias do mundo, ainda que a possibilidade de sucesso da ofensiva seja duvidosa. O republicano quer não apenas a saída de empresas americanas da China, mas a erosão dos laços pessoais que unem as sociedades dos dois países. Trump e integrantes de seu governo levantaram suspeitas de espionagem em relação a estudantes e pesquisadores chineses nos EUA e defenderam restrições na concessão de vistos a ambos os grupos.

Os chineses representam de longe o maior universo de estrangeiros matriculados em universidades americanas: eram 370 mil em 2019, o equivalente a 34% do total. A China é o país com o qual pesquisadores americanos mais colaboram na publicação de papers acadêmicos, e vice-versa. A ofensiva de Trump terá o efeito de desestimular a matrícula de chineses em universidades americanas e reduzir a cooperação acadêmica.

Outras ações do presidente no confronto com a China terão efeitos colaterais negativos para os EUA, um reflexo do alto grau de integração entre os dois países. Pesquisa do Conselho Empresarial EUA-China divulgada no mês passado mostrou que 87% das firmas dos EUA com operações na China não têm intenção de deixar o país. Mas a política do confronto parece encontrar eco na opinião pública: no início do governo Trump, 47% dos americanos tinham uma visão negativa da China, agora, o porcentual é 73% – entre republicanos, 83%.

By CLÁUDIA TREVISAN

UNIÃO RUSSA COM A CHINA DESAFIARIA TRUMP
RELAÇÃO COM A RÚSSIA

Desde a invasão russa na Crimeia, em 2014, consolidou-se um consenso bipartidário que a Rússia representa uma ameaça à segurança nacional americana. As sanções econômicas da era Obama permaneceram em vigor durante o governo Trump. Ele também enviou armas para a Ucrânia e a Estratégia de Segurança Nacional de 2017 identificou a Rússia como um rival estratégico.

Os críticos, por outro lado, apontam situações em que Trump amenizou a real capacidade da Rússia de enfrentar o poder americano. Na Conferência de Helsinque, em 2018, Trump disse que acreditava nas alegações de Putin que a Rússia não teve interferência na eleição de 2016, mesmo com as evidências presentes na investigação do FBI e no relatório Muller de 2019.

Apesar de sua simpatia a Putin, o governo Trump implementou duras sanções contra empresas e cidadãos russos. Durante a campanha para a reeleição, Trump afirmou que sua política é muito mais dura contra a Rússia do que qualquer presidente anterior. No entanto, a falta de resposta do governo americano à revelação de que a Rússia pagou para membros do Taleban matarem soldados americanos no Afeganistão evidencia as contradições.

No seu segundo mandato, as questões militares continuarão a ter papel central nas relações entre Washington e Moscou, e dentre estas, a nuclear permanecerá a principal preocupação americana.

O foco deve continuar na renovação do Tratado Start, o Tratado de Redução de Armas Estratégicas, que entrou em vigor em 5 de dezembro 1994, limitou o número de ogivas, mísseis balísticos e bombardeiros nucleares, e expira em 5 de dezembro de 2021. Ele pode ser prorrogado por mais cinco anos. No entanto, as negociações no governo Trump não avançaram, uma vez que este insiste na elaboração de um novo tratado que inclua a China. Mas os chineses alegam que seu arsenal é muito menor que dos Estados Unidos e Rússia, por isso, se recusam a participar.

O fortalecimento da aliança entre China e Rússia é outro desafio para um segundo governo Trump. Os laços entre os dois países se expandiram não apenas na agenda de comércio, mas também na cooperação militar.

Com o aumento da confrontação entre China e Estados Unidos, segundo o secretário de Estado, Mike Pompeo, a política externa americana deve priorizar áreas de cooperação com a Rússia, como controle de armas. A visão de Pompeo não é compartilhada por todos no governo e não indica que será adotada. Do ponto de vista de Moscou, o relacionamento Rússia e Estados Unidos terá poucas mudanças. Por isso, o líder russo indica maior preferência por um segundo mandato de Trump.

BY DENILDE HOLZHACKER E GUNTHER RUDZIT

Coordenação: Rodrigo Cavalheiro / Produção: Rodrigo Turrer e Paulo Beraldo / Visual: Augusto Conconi

Link original da matéria
https://www.estadao.com.br/infograficos/politica,o-que-muda-no-mundo-se-biden-vencer-nos-eua-e-se-der-trump-analises-exclusivas-tracam-os-dois-cenarios,1131936 

[caption id="attachment_88828" align="alignnone" width="1024"] O que muda no mundo se Biden vencer nos EUA? E se der Trump? Reprodução[/caption]
[caption id="attachment_88829" align="alignnone" width="1024"] Não só a vitória, mas seu formato, terá importância decisiva em definir eventual segundo mandato de Donald Trump.[/caption] [caption id="attachment_88830" align="alignnone" width="1024"] Não só a vitória, mas seu formato, terá importância decisiva em definir eventual segundo mandato de Donald Trump.[/caption]
https://youtu.be/Q3zWK0vF3hw https://youtu.be/IYXQRAgf-W4 https://youtu.be/VpbEpTJlC8Q https://youtu.be/CVP1qsVsqV0 https://youtu.be/n0OuHLyHhQ4 https://youtu.be/4pTNlzl5hzo          
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  • Gildo Ribeiro

    Gildo Ribeiro é editor do Grupo 7 de Comunicação, liderado pelo Portal 7 Minutos, uma plataforma de notícias online.

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