Ele é o vice que não é figurante!
O perigo de J.D. Vance para o Brasil e para o mundo
A ascensão de James David “J.D.” Vance ao cargo de vice-presidente dos Estados Unidos em janeiro de 2025 acendeu alertas em várias capitais do mundo.

Aos 41 anos, Vance não é apenas um vice decorativo.
Ele representa uma nova geração de lideranças ultraconservadoras, forjadas tanto na experiência pessoal de ascensão social quanto no respaldo de bilionários que, há anos, financiam uma agenda ideológica rígida e sem espaço para concessões.
Com Donald Trump envelhecido e enfrentando questionamentos sobre sua saúde, cresce o temor de que, mais cedo do que se imagina, J.D. Vance assuma a Presidência dos Estados Unidos.
E isso poderia inaugurar uma era ainda mais dura, pragmática e agressiva da política externa norte-americana.
Quem é J.D. Vance?
Vance nasceu em uma família da classe trabalhadora em Ohio, formou-se em Yale e ganhou notoriedade ao escrever Hillbilly Elegy, um livro de memórias que retrata a decadência da América profunda.
O que parecia apenas um relato pessoal transformou-se em manual político para a nova elite branca e conservadora, que deseja retomar o controle total do país.
Diferente de Trump, Vance não é movido por excentricidades ou pelo espetáculo midiático.
Ele opera nos bastidores com frieza estratégica e disciplina ideológica.
Militar, católico fervoroso e agora peça central na engrenagem do trumpismo, Vance representa a consolidação de um projeto político que não admite contradições internas e muito menos desafios externos.
Uma agenda sem máscaras
Enquanto Trump, por vezes, recorre a gestos de negociação ou à retórica teatral,
Vance não esconde suas intenções:
- Desprezo pelos tratados multilaterais.
- Questionamentos à legitimidade da ONU.
- Visão militarizada das relações internacionais.
- Postura abertamente hostil em relação a China, Rússia, Coreia do Norte e países do Sul Global, incluindo o Brasil.
Seu discurso já sinalizou que vê o Brasil como um ator estratégico que estaria se aliando a inimigos dos EUA.
Isso coloca o país na linha de frente de possíveis pressões políticas, econômicas e até militares.
O impacto para a América Latina e o Brasil
A doutrina de Vance deixa pouco espaço para ilusões.
A Venezuela é citada como alvo iminente de intervenção, seja por meio de sanções ampliadas, operações militares indiretas ou até ações diretas sob qualquer pretexto.
No caso do Brasil, o cenário é ainda mais preocupante:
Um governo brasileiro mais alinhado à esquerda poderia sofrer hostilidades abertas.
O STF e outras instituições democráticas poderiam ser tratados como obstáculos a serem enfraquecidos,
sob a justificativa de combate à corrupção ou ao globalismo.
A soberania nacional ficaria sob constante ameaça diante da estratégia americana de reposicionar sua influência no continente.
Com Trump, o Brasil enfrentou pressões, mas ainda havia uma camada de retórica, de negociação e até de concessões diplomáticas.
Vance, por outro lado, representa a imposição sem disfarces.
Um mundo mais instável
O estilo de Vance rompe com décadas de diplomacia norte-americana baseada na combinação entre poder e alianças estratégicas.
Para ele, ordem internacional só se mantém pela força.
Essa visão pode acelerar tensões globais:
Escalada militar contra a China no Indo-Pacífico.
Intervenções mais diretas na América Latina.
Conflitos diplomáticos e econômicos com blocos como BRICS.
Erosão de fóruns multilaterais como ONU, OMC e OMS.
O resultado provável seria um mundo mais instável, polarizado e vulnerável a choques econômicos e militares.
J.D. Vance não deve ser subestimado.
Sua juventude, disciplina e visão ultraconservadora o tornam um candidato natural a suceder Donald Trump.
Caso isso aconteça, o Brasil e grande parte do Sul Global podem enfrentar uma política externa norte-americana ainda mais dura, impositiva e desprovida de diplomacia.
O perigo de Vance é justamente esse: enquanto Trump cria distrações com suas excentricidades, Vance trabalha nos bastidores com método e convicção.
E o mundo pode, em breve, conhecer uma presidência norte-americana sem máscaras, sem concessões e sem espaço para a pluralidade internacional.
Por Gildo Ribeiro
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