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A Mentira da Resistência:

Como a Esquerda Transformou a Luta em Arma de Dominação

A palavra luta soa nobre. Resistência evoca coragem, sacrifício e justiça. Quem ousaria questionar algo tão moralmente elevado?

Mas é justamente nesse terreno emocional que se instala a mais sofisticada forma de manipulação política da era moderna: a transformação da “resistência” em instrumento de poder.
O discurso da esquerda — e de todas as ideologias totalitárias que dela beberam, como o socialismo, o comunismo, o fascismo e o nazismo — construiu sua força sobre essa retórica: a de um povo eternamente oprimido, que precisa lutar contra um inimigo invisível.
No entanto, a história humana mostra que a “luta” é inerente à condição humana, não a um programa político.
Desde Caim e Abel, os conflitos fazem parte da nossa natureza — a luta pela sobrevivência, pela posse, pela crença, pela ideia.
A paz sempre foi uma exceção.
E o que determinou a sobrevivência não foi o grito da revolta, mas a capacidade de cooperar, criar e organizar.
O homem evoluiu porque aprendeu a trocar, construir e pactuar.
A biologia chama isso de cooperação adaptativa — o processo pelo qual indivíduos trabalham juntos para um benefício comum.
A civilização nasce desse impulso.
Mas é também da natureza humana a vontade de poder, como explicou Nietzsche.
E quando essa vontade é instrumentalizada por ideologias que transformam o conflito em moral absoluta, o resultado é sempre o mesmo: barbárie em nome da justiça.
O mito político da “luta”
Marx transformou a dialética em trincheira. Hegel via a história como o avanço do espírito humano rumo à liberdade; Marx a reinterpretou como guerra entre opressores e oprimidos.
Desde então, “luta” passou a significar não mais o enfrentamento natural da existência, mas um dogma: uma eterna guerra moral contra um inimigo abstrato — o “capital”, o “imperialismo”, o “burguês”, o “reacionário”.
A partir dessa inversão conceitual, a esquerda moldou um sistema de crenças no qual todo ato de resistência é bom, e todo aquele que se opõe à “causa” é cúmplice da opressão.
É o uso da moral como arma psicológica, e da emoção como mecanismo de controle coletivo.
A ciência política chama isso de moralização da política — quando a luta pelo poder se disfarça de cruzada ética.
Assim, slogans como “luta pela democracia”, “resistência popular” ou “defesa da justiça social” tornam-se símbolos vazios, repetidos até perderem o sentido real.
São palavras que funcionam como chaves emocionais:
acionam indignação, culpa e solidariedade, manipulando milhões de pessoas que acreditam estar lutando pela liberdade — quando, na verdade, estão ajudando a erguer o muro que os aprisiona.
Movimentos sociais e a moral de conveniência
Essa manipulação não se limita aos partidos; ela se reproduz nos movimentos sociais.
O MST, por exemplo, reivindica a “luta pela terra”, mas seus métodos frequentemente reproduzem o mesmo autoritarismo que diz combater.
A “resistência” se torna justificativa para invasões, destruição e coerção interna.
Quem discorda da liderança é punido, humilhado ou expulso.
A terra prometida se converte em microditadura camponesa, em que a obediência é o novo feudo.
O mesmo se vê em coletivos “antifascistas”, movimentos identitários e sindicatos aparelhados: todos usam a resistência como escudo moral, enquanto impõem uma narrativa única.
Quem discorda é imediatamente rotulado de “inimigo do povo”, “fascista”, “negacionista”.
É a tática da guerra moral permanente — uma técnica de controle social descrita por Orwell em 1984: manter o povo em estado de mobilização constante contra um inimigo simbólico, para nunca perceber quem realmente detém o poder.
O império da “resistência” e a hipocrisia dos regimes
A contradição é gritante.
Os regimes que nasceram da “resistência popular” foram justamente os que mais reprimiram a verdadeira resistência.
•Na União Soviética, quem resistia ao Partido era mandado para gulags.
•Em Cuba, a “revolução libertadora” se tornou uma prisão insular onde o povo é vigiado e censurado há mais de 60 anos.
•Na Venezuela, o chavismo que dizia resistir ao imperialismo americano acabou oprimindo o próprio povo, destruindo a economia e caçando opositores.
•Na China comunista, o Partido usa o discurso da “soberania popular” para justificar um sistema de vigilância total, campos de reeducação e censura digital.
•No Irã, a “resistência islâmica” ao Ocidente sustenta uma teocracia que executa mulheres por tirarem o véu.
•E no Brasil, a esquerda que ontem pregava “resistência à ditadura” hoje aplaude a perseguição judicial e o silêncio imposto a quem resiste ao autoritarismo togado.
A resistência, nesses casos, só é válida quando serve ao poder.
Quando ameaça o poder — torna-se crime.
O caso Hamas: a resistência como farsa moral
O Hamas se apresenta como símbolo da resistência palestina.
Mas, na prática, usa o próprio povo como escudo, esconde armas em escolas e hospitais e executa quem ousa discordar.
Governam Gaza com medo e opressão, transformando a miséria em ferramenta política.
E, ainda assim, o mundo os enxerga com indulgência, como se toda atrocidade fosse perdoável porque nasce de uma suposta “luta contra o opressor”.
Esse é o coração da armadilha moral: quando um lado é visto como vítima eterna, tudo lhe é permitido.
Matar, mentir, sequestrar — tudo se torna justificável em nome da “resistência”.
Já o outro lado, por ser rotulado como “opressor”, não pode nada.
Cada resposta, cada ação de defesa, é julgada sob um código ético e moral absoluto, como se Israel, por ser mais forte, tivesse a obrigação de apanhar em silêncio.
Essa inversão moral é o truque da guerra moderna — e o campo de batalha não é apenas físico, mas psicológico e simbólico.
Guerra assimétrica: a batalha moral e narrativa do século XXI
A guerra assimétrica não é apenas o confronto entre um exército forte e outro mais fraco.
É, antes de tudo, uma guerra de percepções — uma guerra moral.
Nela, o lado mais fraco não precisa vencer militarmente; precisa apenas vencer a opinião pública.
Cada foguete lançado, cada civil morto, cada imagem de destruição é usada como combustível para moldar a narrativa de que existe um “vilão” e uma “vítima”.
O verdadeiro campo de batalha, nesse tipo de guerra, é o imaginário coletivo.
O que importa não é quem tem razão, mas quem consegue contar a história de forma mais convincente.
E, nesse sentido, o Hamas domina com perfeição a arte da manipulação emocional: provoca Israel, se esconde entre civis e, quando a resposta vem, exibe o sofrimento que ele próprio causou — transformando tragédia em espetáculo político.
É o conceito puro da guerra assimétrica: um lado luta com foguetes, o outro com culpa.
Enquanto o mais forte é cobrado a agir com ética, o mais fraco usa a ausência de regras como vantagem estratégica.
E o mundo, tomado por julgamentos morais superficiais, aplaude o teatro da resistência sem perceber que está apoiando um dos regimes mais cruéis e autoritários do planeta.
Essa é a nova forma de poder no século XXI: quem controla a narrativa moral controla o sentido da verdade — e, portanto, o destino das consciências.
A guerra assimétrica é, no fundo, a vitória da mentira bem contada sobre o fato mal interpretado.
A filosofia por trás da dominação
Do ponto de vista filosófico, essa manipulação opera sobre uma verdade antiga: o ser humano é movido pelo medo e pela esperança.
Platão já alertava, na República, que o maior tirano nasce daquele que promete libertar o povo.
Maquiavel observou que o poder se mantém mais pela aparência da virtude do que pela virtude em si.
E Hobbes, ao descrever o “estado de natureza”, mostrou que o homem só renuncia à guerra quando teme mais a morte que o conflito.
A esquerda moderna compreendeu esse mecanismo como nenhuma outra força política: substituiu o medo da morte pelo medo da injustiça, e assim criou uma forma de poder psicológico, sustentado por culpa, ressentimento e raiva moral.
A neurociência confirma: emoções morais — como indignação e empatia — ativam regiões cerebrais que suprimem o pensamento crítico.
O indivíduo mobilizado pela raiva e pela culpa é mais manipulável que o indivíduo racional.
É assim que a retórica da “resistência” se transforma em engenharia emocional de massas.
 A luta como prisão
A luta e a resistência são legítimas quando nascem da busca pela liberdade; tornam-se perversas quando se transformam em meios de manipulação e dominação.
A esquerda — e todas as ideologias que usam o conflito como moral — descobriram que a guerra permanente é o mais eficaz instrumento de poder: mantém o povo dividido, emocionalmente inflamado e intelectualmente desarmado.
Em nome da “resistência”, erguem censura; em nome da “libertação”, instauram tirania; em nome da “justiça social”, praticam injustiças sistemáticas.
O conceito que deveria expressar coragem foi sequestrado para significar obediência.
A verdadeira resistência, hoje, é não acreditar nesse teatro moral.
É resistir à manipulação que transforma a luta em dogma e o oprimido em servo da própria causa.
É entender que o poder, em todas as épocas, se impõe pela força das armas e pela força das narrativas — e que a liberdade só existe quando pensar é mais revolucionário do que lutar.
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Por: Rodrigo Schirmer Magalhães
Cientista político e Analista de Politica
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  • Gildo Ribeiro

    Gildo Ribeiro é editor do Grupo 7 de Comunicação, liderado pelo Portal 7 Minutos, uma plataforma de notícias online.

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