ESPECIAL : Lava Jato

Lava jato da era Bolsonariana

Aras diz é hora de ‘corrigir rumos’ para que ‘lavajatismo não perdure’

Procurador-geral deu declaração em debate virtual promovido por advogados. Segundo Aras, 'correção de rumos não significa redução do empenho no combate à corrupção'.

O procurador-geral da República, Augusto Aras, afirmou nesta terça-feira (28) que é hora de “corrigir rumos” para que o “lavajatismo” passe e seja substituído no Ministério Público por outro modelo de enfrentamento à criminalidade.

Aras deu a declaração ao participar de um debate virtual, promovido por um grupo de advogados. Segundo ele, a

“correção de rumos não significa redução do empenho no combate à corrupção”.

Ainda no debate, Augusto Aras afirmou que a gestão dele visa acabar com o “punitivismo” do Ministério Público e que não pode existir “caixa-preta” no MP.

“Agora é a hora de corrigir os rumos para que o lavajatismo não perdure. Mas a correção de rumos não significa redução do empenho no combate à corrupção. Contrariamente a isso, o que nós temos aqui na casa é o pensamento de buscar fortalecer a investigação científica e, acima de tudo, visando respeitar direitos e garantias fundamentais”, afirmou Augusto Aras.

A força-tarefa da Lava Jato do Ministério Público Federal de São Paulo (MPF-SP) informou que “reitera a absoluta correção de sua atuação e que conduz seus trabalhos com base não apenas nas leis, mas também em portaria editada pelo próprio Procurador-Geral da República” – portaria PGR/MPF nº 23, de 20 de janeiro de 2020.

Integrante da força-tarefa de Curitiba, o procurador Roberson Pozzobon criticou em uma rede social a declaração de Aras:

“A transparência faltou mesmo no processo de escolha do PGR pelo presidente Bolsonaro. O transparente processo de escolha a partir de lista tríplice, votada, precedida de apresentação de propostas e debates dos candidatos, que ficou de lado, fez e faz falta”.

Consultadas, as direções das forças-tarefa da Operação Lava Jato no Paraná e no Rio de Janeiro não se manifestaram.

O procurador-geral entrou em atrito com as forças-tarefa depois de a chefe da Lava Jato na PGR, Lindôra Araújo, se dirigir a Curitiba com o objetivo de obter acesso a dados de investigações.

A divergência envolveu o repasse de dados sigilosos da força-tarefa local à PGR, que recorreu ao Supremo Tribunal Federal para ter acesso às informações e obteve decisão a favor do compartilhamento de dados. A decisão foi dada pelo presidente do STF, ministro Dias Toffoli (relembre no vídeo abaixo).

Investigações ‘nos limites’ da Constituição
Ainda no encontro virtual desta terça, Aras afirmou que o enfrentamento à criminalidade, especialmente à corrupção, deve continuar a ser feito “do mesmo modo como vinha se fazendo, mas num universo nos limites da Constituição e das leis”. Para ele, o “lavajatismo há de passar”.

Augusto Aras disse ainda que atos das forças-tarefas serão apurados. Ele afirmou que a Corregedoria vai investigar o fato de 50 mil processos estarem “invisíveis”. O procurador-geral, no entanto, não deu detalhes sobre esses procedimentos.

“Não podemos aceitar processos escondidos da Corregedoria. Temos 50 mil documentos invisíveis. E a corregedoria vai apurar os responsáveis por isso. Na multidão, perderam-se processos, metodologia que atenta contra publicidade”, disse.

Investigações sem critérios
O procurador-geral disse também que a força-tarefa do Paraná tem 300 terabytes em informações, além de 38 mil pessoas investigadas e sem critérios.

“Estamos falando da transparência. Todo o MPF, no seu sistema único, tem 40 terabytes. Curitiba tem 350 terabytes e 38 mil pessoas com seus dados depositados. Ninguém sabe como foram escolhidos, quais os critérios, e não se pode imaginar que uma unidade institucional se faça com segredos”, declarou.

Aras disse ainda que a força-tarefa da Lava Jato em Curitiba tem “caixa de segredos”.

Segundo ele, a meta de sua gestão é

“abrir essa instituição para que jamais se possa dizer que essa instituição tenha caixas-pretas. Lista tríplice fraudável nunca mais”.

Por Márcio Falcão e Fernanda Vivas, TV Globo

[caption id="attachment_85403" align="alignnone" width="1024"] Lavato da era Bolsonariana. Aras diz que é hora de 'corrigir rumos' para que 'lavajatismo não perdure' Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil[/caption]
https://youtu.be/vXhx40c4OFk https://youtu.be/13ukjMKzjDE https://youtu.be/k7IvR0qfUvw https://youtu.be/Ebm_6rr3djA https://youtu.be/oXoXpJF2VpA  
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  • Gildo Ribeiro

    Gildo Ribeiro é editor do Grupo 7 de Comunicação, liderado pelo Portal 7 Minutos, uma plataforma de notícias online.

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