As estratégias...by Metrópoles
De Luciano Hang ao “filho 06”: saiba quem Bolsonaro quer ver no Senado
Percebendo um vácuo de apoio na Casa, o presidente busca eleger mais senadores aliados para ajudá-lo em um eventual segundo mandato
Frente às derrotas e aos obstáculos que o presidente Jair Bolsonaro (PL) tem acumulado no Senado Federal desde o início do mandato, o chefe do Executivo federal tem investido em nomes que possam se eleger em 2022 e reverter o quadro na Casa em um eventual segundo mandato. A ideia é turbinar a bancada de senadores governistas e garantir uma base mais robusta.
Em 2018, Bolsonaro elegeu muitos deputados federais aliados,
mas poucos senadores, e alguns deles acabaram deixando o barco do presidente. Foi o caso do
senador Major Olimpio (PSL-SP), que morreu em março deste ano em decorrência da
Covid-19, quando vinha fazendo oposição ao governo federal.
Entre os nomes ventilados por Bolsonaro para o próximo pleito, estão estreantes
na política, como o empresário catarinense Luciano Hang (sem partido), e nomes
já tarimbados, como deputados federais e também senadores aliados que buscam a
recondução.
No Senado, os mandatos têm duração de oito anos. Em 2022, apenas um terço das 81
cadeiras será renovada (uma por estado e no DF), o que deixa a disputa mais
acirrada.
Levantamento do Metrópoles aponta que, dos 27 senadores que encerram seus
mandatos no ano que vem, 15 vão disputar a reeleição, quatro estão com a
situação indefinida, um é pré-candidato ao governo estadual e uma é pré-
candidata ao Palácio do Planalto. Dois não pretendem disputar o pleito e um
sairá a deputado federal. Apenas três não responderam aos questionamentos da
reportagem.
Dos 15 que querem renovar o mandato, cinco são abertamente aliados do governo —
Fernando Bezerra (MDB-PE), Romário (PL-RJ), Wellington Fagundes (PL-MT), Mailza
Gomes (PP-AC) e Fernando Collor (Pros-AL).
Outros dois senadores, Telmário Motta (Pros-RR) e Kátia Abreu (PP-TO), são
independentes, mas costumam votar favoravelmente às pautas governistas.
Outro nome que já esteve alinhado ao Palácio do Planalto é o do ex-presidente do
Senado Davi Alcolumbre (DEM-AP). Hoje, o parlamentar amapaense está rompido com
o governo federal e foi o responsável por retardar por mais de quatro meses a
sabatina do ex-ministro de Bolsonaro André Mendonça na Comissão de Constituição
e Justiça (CCJ).
Derrotas
Em quase três anos de mandato, Bolsonaro reuniu derrotas e obstáculos
significativos no Senado. Em 2021, enfrentou a Comissão Parlamentar de Inquérito
(CPI) da Covid-19, que investigou omissões do governo federal no combate à
pandemia e revelou suspeitas de corrupção em contratos públicos. As
investigações resultaram no indiciamento do presidente do país por 11 crimes.
Atualmente, o relatório do colegiado está sob análise da Procuradoria-Geral da
República (PGR) e do STF.
Ainda neste ano, o chefe do Executivo nacional viu senadores sepultarem textos
como a Medida Provisória da “minirreforma trabalhista”, além da iniciativa do
Executivo para tentar viabilizar compras de imunizantes contra a Covid-19 pelo
setor privado. A última sofreu forte rejeição no Senado e nem mesmo chegou a ser
pautada pelo presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
As derrotas de Bolsonaro na Casa não param por aí.
Textos de interesse do
Executivo que tratam de temas como licenciamento ambiental, flexibilização da
lei de improbidade administrativa e a proposta que visava impedir a interrupção
das aulas em razão das medidas restritivas impostas pela pandemia tiveram o
mesmo fim: o engavetamento.
Outra pauta cara ao governo que não teve a celeridade desejada pelo Executivo
foi a reforma do Imposto de Renda. Aprovada em setembro deste ano na Câmara, a
proposta ainda nem foi pautada na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado. A
previsão de Pacheco é de que isso só ocorra no próximo ano.
Outra pedra no sapato de Bolsonaro foi a tentativa de privatizar os Correios,
que já teve a votação adiada por duas vezes na CAE em razão de resistência dos
membros do colegiado quanto ao relatório do senador governista Márcio Bittar
(PSL-AC).
A mais recente dor de cabeça do presidente com os senadores foi a dificuldade
que Bolsonaro enfrentou para aprovar o nome de seu indicado ao Supremo Tribunal
Federal (STF). O ex-AGU e ex-ministro da Justiça André Mendonça amargou quatro
meses e meio de espera e só teve seu nome aprovado pela Casa na última quarta-
feira (1º/12), e por uma margem apertada de votos.
Por fim, outro assunto que mediu a força de Bolsonaro no Senado foi a Proposta
de Emenda à Constituição (PEC) que trata da renegociação do pagamento de
precatórios. A aprovação só foi possível graças ao malabarismo feito pelo
relator da matéria, o líder do governo na Casa, senador Fernando Bezerra (MDB-
PE), para agradar gregos e troianos.
O texto encaminhado pelo Executivo, alterado e aprovado na Câmara foi retalhado
pelos senadores, que impuseram ao governo significativas derrotas na proposta,
como a instituição do Auxílio Brasil como um benefício a ser pago de forma
permanente, além da obrigatoriedade de destinar todo o espaço aberto no
orçamento para fins sociais.
Ministros no Senado
Bolsonaro tem incentivado alguns de seus 22 ministros a disputar cadeiras no
Senado. A ideia é que eles tenham liberdade para ocupar suas cadeiras na
Esplanada e reassumam seus mandatos no Legislativo apenas em votações
importantes. É o caso da titular da pasta da Agricultura, Tereza Cristina (DEM),
que pode concorrer à cadeira de Mato Grosso do Sul após dois mandatos na Câmara,
e de Gilson Machado (PSC), do Turismo, que pode concorrer a uma vaga por
Pernambuco ou outro estado do Nordeste.
No Rio Grande do Norte, dois ministros disputam a indicação ao Senado: Rogério
Marinho (recém filiado ao PL junto com o presidente), do Desenvolvimento
Regional, e Fábio Faria (PSD), das Comunicações. Bolsonaro tem defendido um
acordo entre ambos.
No Distrito Federal, a ministra da Secretaria de Governo, Flávia Arruda (PL),
que é deputada federal licenciada, pode disputar o Senado ou compor uma chapa ao
governo do DF. A bolsonarista Bia Kicis (PSL), que cumpre o primeiro mandato na
Câmara, também tem sido incentivada a concorrer a senadora.
Em Santa Catarina, há pelo menos três nomes que agradam Bolsonaro: o empresário
Luciano Hang, o deputado Daniel Freitas (PSL) e o secretário da Pesca, Jorge
Seif – que virou um dos preferidos do presidente, e hoje costuma ser apontado
como o “filho 06” do chefe do Executivo federal.
Bolsonaro já disse que, se optar por se candidatar, Hang não precisará fazer
campanha.
“Se ele [Hang] for [candidato], não precisa sair de casa. Agora, é uma pessoa,
um empresário que colaborou muito. Não é comigo não, é com o Brasil”, disse
Bolsonaro a apoiadores em novembro.
Em São Paulo, Bolsonaro insiste em lançar o ministro da Infraestrutura, Tarcísio
de Freitas, para o governo. A ideia é ter um palanque no estado de João Doria
(PSDB), que é pré-candidato à Presidência da República e apoia o também tucano
Rodrigo Garcia. Tarcísio, porém, ainda não confirmou a intenção de disputar o
governo e pode optar pelo Senado.
Outro possível nome a ser apoiado pelo chefe do Executivo federal em São Paulo é
o do empresário Paulo Skaf (MDB), presidente da Federação das Indústrias do
Estado de São Paulo (Fiesp).
Outros nomes apoiados pelo presidente são os do deputado federal José Medeiros
(Podemos), em Mato Grosso, que voltaria ao Senado, e do blogueiro Oswaldo
Eustáquio, no Paraná.
By: Flávia Said Victor Fuzeira
Link original da matéria:
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Collor poderá juntar se ao presidente no PL para buscar novo mandato no Senado[/caption]
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Um dos principais articuladores de Bolsonaro ao PL, o senador Wellington Fagundes (MT) tambem busca reeleger se senador Waldemir Barreto Agencia Senado[/caption]
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Também filiado ao PL, Romário (RJ) seguirá o mesmo caminho - Reprodução[/caption]
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Mailza Gomes (PP-AC) também buscará reeleger-se - Edilson Rodrigues Agência Senado[/caption]
