INTERFERÊNCIA
Lewandowski pede investigação contra Bolsonaro por intimidação
Pedido foi feito por suposta intimidação de servidores da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)
O ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), enviou à Procuradoria-Geral da União (PGR) um pedido para que o presidente Jair Bolsonaro (PL) seja investigado por suposta intimidação de servidores da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Os técnicos do órgão relataram ameaças poucos dias após Bolsonaro afirmar que
divulgaria os nomes dos responsáveis pela aprovação da vacinação infantil contra a
covid-19.
A solicitação atende a um pedido do deputado federal Reginaldo Lopes
(PT-MG) que aponta o delito de incitação ao crime, previsto no Código Penal, por
parte de Bolsonaro.
“Quando o noticiado (Bolsonaro) afirma que irá divulgar os nomes dos servidores
públicos, ele sabe, pois vem do ambiente político, que não se tratará de debate
político e, sim, pessoal daqueles servidores. Deixa de ser a Anvisa a passar pelo
escrutínio social e passam a ser seus servidores”, disse o pedido do parlamentar.
Na avaliação do advogado Philipe Benoni, especialista em direito penal, para que
Bolsonaro seja investigado pelo crime, seria preciso ter evidenciado ainda mais a
intenção de atingir os técnicos.
“O que interessa para a tipificação do delito de
incitação ao crime, previsto no art. 286 do Código Penal, é o dolo. Ou seja, para
se caracterizar o crime, é necessário que a incitação seja dirigida à prática
determinada conduta de certa de infração penal, não se configurando o delito
quando ocorrer uma incitação vaga, imprecisa ou genérica”, ressalta.
Assim que Bolsonaro defendeu a divulgação dos nomes dos diretores da Anvisa, a
própria agência divulgou uma nota na qual se disse alvo de
“ativismo político violento”.
Ainda há outro pedido de investigação, feito pelo senador Randolfe
Rodrigues (Rede-AP), que está sob a relatoria do ministro do STF Alexandre de
Moraes.
Pela Constituição, cabe ao Ministério Público analisar pedidos de apuração de
delitos e, se encontrar indícios de irregularidades, propor a abertura de
inquérito.
E-mails ameaçadores
A Anvisa
passou a ser alvo de ameaças e intimidações após anunciar a aprovação da
vacina Pfizer para crianças de 5 a 11 anos. Diretores e técnicos relataram e-mails
ameaçadores, após o presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmar que divulgaria o nome
dos responsáveis pela aprovação da imunização infantil.
Por conta do episódio,
a Polícia Federal anunciou a abertura de inquérito para
investigar as ameaças. O procurador-geral da República, Augusto Aras, também
enviou um ofício ao presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, afirmando que
determinou a “adoção de providências” para “assegurar a proteção” dos servidores.
Não é a primeira vez
que integrantes da Anvisa sofrem intimidação. Em novembro,
logo no início da discussão sobre a vacinação de crianças, o diretor-presidente da
agência, Antônio Barra Torres, relatou que os servidores e terceirizados receberam
e-mails com ameaças de morte, caso a instituição aprovasse o uso do imunizante
para a faixa etária. Ele pediu proteção das autoridades.
By: Luana Patriolino
Link original da matéria:
https://www.correiobraziliense.com.br/politica/2021/12/4973780-lewandowski-pede-investigacao-contra-bolsonaro-por-intimidacao.html?
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Lewandowski: envio à PGR é praxe, a fim de verificar se há indícios para abertura de inquérito - (crédito: Cr?dito:Nelson Jr/Sco/STF)[/caption]
